Há 60 anos, a tarde das garrafadas consagrou o São Paulo

O time campeão paulista de 1957

Há exatamente 60 anos, a disputa do campeonato paulista terminava de maneira lamentável no Pacaembu, com garrafas voando, quebra-quebra, muita briga dentro e fora de campo, mas com um campeão incontestável: O São Paulo de Zizinho, Canhoteiro, Gino Orlando, Maurinho e outros heróis.

Nosso adversário na final, o Corinthians, havia feito uma primeira fase brilhante, invicto e badalado por todos como o futuro campeão. Naqueles tempos, o Paulistão era o torneio mais importante em disputa, e o título era a credencial para eleger o melhor time (para muitos), do país.

Foi uma edição muito especial, pois era o ano da estreia de Pelé no Santos, o torneio em que o São Paulo contava com o mago húngaro Bela Guttmann, técnico da melhor seleção da Copa do Mundo de 1954, e, no campo, contava ainda com a maestria do gênio Zizinho, já veterano, mas fundamental na campanha Tricolor, com goleadas memoráveis sobre o Palmeiras (4×2) e sobre o Santos (6×2).

Pelé e Zizinho
Zizinho, o maestro Tricolor e ídolo de Pelé

Como o Corinthians perdeu a invencibilidade para o Santos, na reta final, o campeonato ficou embolado, com SPFC e SCCP na liderança com 28 pontos e na sequência, o Santos, com 27. Se o clássico majestoso entre os líderes terminasse empatado, e o Santos vencesse o Palmeiras, todos ficariam com 29 pontos, obrigando uma decisão em jogos extra.

No dia 28/12/1957, o Santos bateu o Palmeiras por 4×1, e o jogo entre São Paulo e Corinthians ganhou força como a final mais esperada dos últimos anos.

No primeiro turno, os rivais haviam se enfrentado e empatado por 1×1, mas houve um fato que gerou toda uma tensão para o jogo final: o lateral Alfredo Ramos, que havia saído do São Paulo para defender o Corinthians, fraturou a perna em uma dividida com Maurinho, atacante Tricolor. O são-paulino Gino Orlando e Luizinho do SCCP, discutiram fortemente na ocasião. Em um ato de covardia, quando Gino e outros jogadores são-paulinos foram visitar o ex-companheiro Alfredo no hospital, Luizinho acertou Gino com uma tijolada na testa.

Gino Orlando e a tijoladaa
Gino Orlando, com curativo na testa, após a tijolada covarde

Quase 40 mil torcedores lotaram o Pacaembu para acompanhar aquele jogo. Os corintianos queriam confirmar o título após a campanha brilhante da primeira fase, enquanto os Tricolores juravam vingança na bola.

O São Paulo abriu o placar com Amaury, aos 17 minutos do segundo tempo, e quando o SCCP partiu pra cima, tentando o empate, Canhoteiro marcou o segundo gol Tricolor. Logo na sequência, os rivais diminuíram com um gol de bicicleta de Rafael Chiarella e iniciou a pressão alvinegra. Quando tudo parecia caminhar para um empate, Maurinho recebeu em posição duvidosa para alguns, partiu livre para cima do goleiro Gilmar (campeão do mundo com a seleção, posteriormente) e antes de marcar o terceiro gol do São Paulo, perguntou em qual canto o goleiro gostaria que ele chutasse. Não contente, o são-paulino, ainda provocou novamente o goleiro, que saiu correndo atrás de Maurinho, criando uma briga generalizada.

Foto: Museu da Pessoa
De pé estão Maurinho (camisa 7), Zizinho (camisa 10), Canhoteiro (camisa 11) Flávio (massagista, de boné). Deitados são Sarará, Gino e o Dr. Dalzell, médico da equipe. – Foto: Museu da Pessoa – 1957

A torcida corintiana, revoltada com o suposto impedimento no terceiro gol, passou a atirar garrafas no campo, impedindo a continuação da partida e a volta olímpica Tricolor.

O título era a consagração de um dos melhores times da história do São Paulo FC, histórico para quem assistiu e marcante, pois foi o último título do Tricolor até 1970, antes da jornada de construção do Morumbi, que consumiu todos os recursos e investimentos do clube, por anos.

Gino Orlando, lendário atacante Tricolor, trabalhou por anos como administrador do Estádio do Morumbi.

Gino Orlando, o
O gerente do Morumbi – Gino Orlando com 64 anos no Estádio Morumbi, no dia 13 de dezembro de 1993.
Foto: Márcia Zoet

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