Fernando Casal Del Rey, ex-presidente do São Paulo, foi o convidado do ArquibanCast da última segunda-feira (21), e, dentre outros assuntos, revelou bastidores da chegada do mestre Telê Santana ao São Paulo, e ainda relembrou uma polêmica do treinador com Müller. Confira!
Fernando revela que, no início, a vinda de Telê ao São Paulo foi um pouco complicada. Quando o técnico saiu da Seleção em 86, ficando muito magoado com as críticas que recebeu, decidiu que não seria mais treinador, inclusive começando a trabalhar como comentarista.
Com a saída de Pablo Forlán do comando do Tricolor, Fernando, então diretor de futebol do clube, logo pensou em Telê. Porém, foi dito a ele que o técnico não queria conversar sobre o assunto. Porém, Fernando insistiu e conseguiu uma conversa. Telê, no entanto, disse que não iria aceitar. O então diretor, por sua vez, disse que a situação do São Paulo estava complicada, e que conseguir um técnico de nível era difícil. Fez então a proposta: que Telê assumisse por apenas 3 meses, até o final daquele ano (1990), podendo então se desligar do clube. Ele acabou concordando.
Fernando revela um detalhe interessante sobre o mestre: ele nunca perguntou quanto iria ganhar; “pague o que o senhor achar que deve“, apenas pedindo que o valor não fosse tão longe do pago aos jogadores. Outro detalhe também curioso: Telê nunca teve um contrato, trabalhando apenas como CLT, assim como todos os treinadores com os quais o ex-presidente trabalhou. O resultado da vinda de Telê naquele ano: o vice-campeonato Brasileiro. Ao acabar a partida final, Fernando deu um grande abraço no treinador, dizendo que “nunca vou esquecer a sua solidariedade“. Então, não se falou mais do assunto, com o técnico voltando para Minas.
Passado um tempo, dois ex-presidentes do São Paulo perguntaram a Fernando sobre o que ele achava de um retorno de Telê; “não tem nada melhor que ele.” Os dois então foram conversar com o treinador e sua mulher, a qual disse que a época mais feliz de Telê havia sido no Tricolor. Porém, o treinador continuava dizendo que não queria aceitar. Mas, por fim, “ele acabou cedendo“, dizendo, no entanto, que seriam apenas 3 meses de trabalho, nada mais. Resultado: São Paulo campeão Brasileiro daquele ano. “O São Paulo não era nada, e, de repente, foi vice Paulista e campeão Brasileiro.” Inclusive, o time já contava com Müller, Leonardo, Ricardo Rocha, “fomos remontando um time consistente“, o que deu a Telê confiança.
O time então foi para uma excursão à Espanha, onde enfrentou Espanyol, Real Madrid e Barcelona. “Telê se sentiu bem, pegou gosto.” Porém, uma polêmica: para o jogo contra o Espanyol, Telê poupou Müller, que se recuperava de uma pequena lesão no joelho. Müller não gostou nem um pouco da decisão e disse que queria jogar. Telê diz a Fernando que não poderia obedecer a ele, “ele não pode mandar, todos têm que ter o mesmo tratamento.” Telê, contrariado com a insatisfação de Müller, disse que entregaria o cargo naquele mesmo momento. Fernando então se posicionou: chamou o rapaz responsável pela excursão e pediu uma passagem de volta para o Brasil para Müller, e disse a Telê: “por mim, você não sai. Para tirar você, só me tirando também! Enquanto eu estiver aqui, você não sai! Por mérito seu.“
Müller acaba por obedecer a hierarquia do clube. “Não podíamos permitir que isso fosse quebrado, sendo o Müller quem fosse“, mesmo sendo talvez o jogador mais importante do elenco. “Ficou naquele momento marcado que quem mandava no futebol era o Telê, com respaldo da diretoria.“
Fernando, para finalizar, faz um paralelo desta história com os dias de hoje: “hoje, as pessoas procuram se acomodar, porque convém, ao invés de bater de frente. Às vezes, tem que bater de frente e assumir uma posição. Acho que nós precisamos ter uma hierarquia firme, correta, e ela talvez faça o circo funcionar.“
Assista ao corte completo:
Receba notícias do SPFC no WhatsApp e Telegram.
Siga-nos no Instagram, no YouTube e no Twitter.