Leco: ‘O São Paulo não vai cair e vou entregar o clube sem dívidas’

Replicação da entrevista de Leco ao site Chuteira FC
Link original: http://chuteirafc.cartacapital.com.br/leco-sao-paulo-nao-vai-cair-clube-sem-dividas/

Leco, presidente do SPFC

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, está vivendo um ano difícil como presidente do São Paulo. O fracasso do time – que caiu em todas as competições que disputou e se debate na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro – e as intrigas políticas, que esquentam o ambiente de um clube que até não muito tempo atrás era considerado uma ilha de paz e prosperidade, o transformaram em alvo fácil das críticas de torcedores, conselheiros e jornalistas. Mas, em conversa de quase uma hora com o Chuteira FC na tarde de quinta-feira, Leco mostrou convicção de que dias melhores virão, dentro e fora de campo. Afirmou ter certeza de que o São Paulo não vai cair para a Série B, apostou numa vitória sobre o Corinthians no clássico deste domingo no Morumbi e defendeu-se das críticas feitas à sua gestão. “O meu São Paulo está sendo corretamente administrado”, disse. Se tudo correr bem, Leco garante que ao final de seu mandato, daqui a dois anos e meio, a dívida estará zerada.

A conversa também abordou a frustrante passagem de Rogério Ceni como treinador da equipe. E as respostas de Leco deixam claro que ele não apreciou nada, nada o trabalho do ex-goleiro. Acompanhe a entrevista:

O que aconteceu para levar o São Paulo supervencedor e superorganizado à situação atual, longe de brigar por títulos, frequentando a zona de rebaixamento e em convulsão política?

Alguns fenômenos contribuíram para isso. O fenômeno do terceiro mandato (ndr: de Juvenal Juvêncio), que eu previ e outros previram que não ia dar certo. Depois disso, uma gestão (ndr: de Carlos Miguel Aidar) que se não foi desastrada, foi equivocada. Nos últimos anos esses acontecimentos influenciaram negativamente e causaram ao São Paulo problemas estruturais que eu herdei, mas venho enfrentando e superando. Com toda a consciência, e sem falsa modéstia, estou seguro de estar conseguindo modificar esse estado de coisas. São problemas que dificultam uma gestão e contrariam aquilo que se construiu ao longo de muitos anos: o São Paulo organizado, o São Paulo vencedor. O São Paulo foi referência que os outros seguiram, e digo isso com respeito porque ouço de outros dirigentes. Os outros fizeram o que viam de bom no São Paulo, e nós tivemos dificuldades que ciclicamente acontecem, uma certa fadiga que em determinado momento causa a interrupção de um ciclo vencedor.

O maior prejuízo foi a desorganização administrativa ou a divisão política em muitos grupos?

São dois fenômenos concorrentes, e provavelmente causadores um do outro. Houve uma pulverização de figuras políticas no clube sem aqueles destaques de lideranças. A liderança que havia nos anos 80 era o (Antônio Leme Nunes) Galvão, depois o Carlos Miguel, que trouxe o Juvenal, e o Juvenal durante um tempo se destacou. Não se criaram outras lideranças como havia com Laudo Natal, Henry Aidar, Claudio Aidar, o Vita, Dallora… A verdade é que passamos por situações que não combinavam com o que o São Paulo era. Mas vou dizer uma coisa: não pensem que o São Paulo era essa maravilha toda, que não tinha seus problemas. Aparentava não ter, mas também tinha.

O ciclo vitorioso acabou com o tri do Brasileiro, em 2008?

O tri foi no segundo mandato do Juvenal. A coisa começou a se desorganizar a partir da alteração estatutária que mudou a duração do mandato de dois para três anos e, no bojo disso, de uma forma tendenciosa que não era ideia do Juvenal, mas da qual ele acabou gostando, criaram o terceiro mandato. Quando isso se apresentou para o Juvenal, ele abraçou a causa.

Como é governar nesse clima convulso, Leco?

Governar nesse clima é difícil. Tenho absoluta certeza e convicção de que o meu São Paulo, e incluo aí também a primeira gestão de um ano e meio, que foi um mandato tampão, está muito corretamente administrado. Em termos de finanças, de organização, de transparência, de tudo isso. O clima de animosidade existe em função de interesses contrariados, desejo de participar do poder, intenções secundárias e nebulosas de se servir disso. Mexer com uma estrutura desse tamanho não mexe apenas com os valores da paixão e da vaidade, mas também com outros interesses para quem tem uma visão ou um propósito que não seja o melhor. E isso não existe só aqui, existe aqui, ali, acolá… Mas no fim é o futebol que diz tudo. Quando o futebol está em alta, o torcedor, que é a grande massa, não está nem aí se estou com R$ 200 milhões de dívida e não paguei o salário. Se o time for campeão então, está tudo ótimo. Se eu, que recebi o clube com R$ 170 milhões de dívida, fora as dívidas tributárias, e hoje já posso dizer que a reduzi para R$ 48 milhões em menos de dois anos de administração, for rebaixado estou morto politicamente. Meu objetivo é entregar o São Paulo sem dívida, e é uma meta absolutamente factível. Mas se entregar sem dívida e tiver sido rebaixado, estou morto. O que conta é o futebol. Tenho, mais do que o desejo, a confiança de que não vamos ser rebaixados. Sinto isso muito claramente, mas só depois de estarmos matematicamente salvos é que vou ficar absolutamente tranquilo e poder pensar com calma no ano que vem.

Uma crítica que se faz a você é que não colocou na diretoria executivos remunerados como prega o novo estatuto, e sim pessoas de dentro do clube. O que você tem a dizer sobre isso?

Sei dessas críticas e ouço cobranças sobre esse tema. O que o novo estatuto fundamentalmente determinou foi a implantação de uma administração profissional. Acontece que num clube de 87 anos, com uma história vitoriosa como é a do São Paulo, há uma cultura muito arraigada de figuras que fizeram o clube ser o que é, pessoas que se doaram de todas as formas, e de repente uma mudança no estatuto, que foi provocada por mim quando presidente do Conselho Deliberativo, mas sem interferir em nada, diz que agora pode ter diretores executivos profissionais, que ganham. Eu inclusive ganho hoje, antes não ganhava. Refleti muito sobre isso, e alguns requisitos precisam ser olhados. O primeiro deles: não se joga fora toda uma história e uma cultura para partir abruptamente para outra, isso deve ser feito de maneira paulatina, num processo de transição. E na minha cabeça esse processo não pode eliminar pessoas que estão lá dentro há anos fazendo a estrutura funcionar. Não se joga fora a força e a inteligência dessas pessoas para de repente contratar um headhunter e ir buscar gente no mercado. Eu poderia ter de três a nove diretores, estou com sete. Entendi que poderia fazer isso mesclando com gente de dentro, porque temos um enorme capital humano no clube. Os diretores executivos que estão comigo são impecáveis. Eles trabalham muito para o clube, e tiveram de se despir de todo e qualquer interesse ou atividade que tivessem. Eles só trabalham para o São Paulo. E por que só fora posso encontrar gente boa? Penso o contrário, sei que tem gente boa aqui e muito identificada com o clube. Então peguei cinco conselheiros, que tiveram de se licenciar do cargo, e duas pessoas de fora: uma o Vinícius Pinotti, um homem de marketing e com uma profunda capacidade de gestão desenvolvida a partir de suas experiências profissionais. E a outra é o Marcio Aith, um homem de comunicação que está trabalhando muito bem na área de comunicação e marketing. Tem também outro aspecto: meu orçamento é muito pequeno, não conseguiria pagar quatro pessoas que viessem do mercado. E as pessoas do mercado têm a visão de que daqui a três anos pode mudar a gestão e a equipe inteira ser mandada embora. Por tudo isso entendi que o processo de profissionalização com os diretores executivos não pode ser feito com uma ruptura, buscando sete, oito ou nove caras no mercado. E para identificar essas pessoas com o São Paulo? Se trago nove caras que nunca estiveram um dia sequer dentro do São Paulo ou do futebol de modo geral? Acho até que nem vai ser preciso ficar indo buscar no mercado mais e mais, você acha dentro.

Há muitas críticas ao Pinotti por não ser do futebol. Não traria menos dor de cabeça para você trazer alguém com experiência no futebol?

Até pode ser, mas jamais traria um Alexandre Mattos porque não combina com o meu estilo. Não traria um Rodrigo Caetano, um Paulo Angioni. Entre as atribuições do diretor de futebol está gestão, pensar todo o futebol, algo muito complexo. Não encontrei argumentos que me convencessem de que esta seria a fórmula. Estou plenamente satisfeito com ele. Vou usar um exemplo que usei outro dia quando uma pessoa me questionou sobre isso. Em 1984, quando o Carlos Miguel Aidar assumiu o São Paulo, ele trouxe um ilustre desconhecido: Juvenal Juvêncio. E dos seis títulos brasileiros o Juvenal ganhou quatro, como presidente ou diretor de futebol, fora Libertadores, Mundial… Voltando à escolha do Pinotti, eu pergunto: quem seria uma pessoa com ‘notório conhecimento do futebol’? Não sei. Dentro do São Paulo, tenho umas quatro ou cinco pessoas com conhecimento do futebol, mas estou muito contente com o Pinotti. Os maus resultados do futebol neste ano não têm nada a ver com ele, ainda mais que ele só entrou em maio.

Você é muito criticado pelo desmanche do time. No início do ano, a meta era arrecadar R$ 60 milhões com venda de jogadores e as vendas já renderam R$ 180 milhões. Não dava para ter segurado alguns que saíram? Você é acusado de ter desmanchado um time e montado outro no meio da temporada.

Vamos por partes. Com relação aos R$ 180 milhões, a verdade é que são R$ 150 milhões, e o resto depende de metas a serem atingidas pelos jogadores. E desses R$ 150 milhões nós recebemos R$ 80 milhões neste ano e os outros R$ 70 milhões vamos receber em 2018 e um pouco ainda em 2019. Agora, por que remontar o time no meio do expediente? Porque infelizmente o projeto que fizemos no começo do ano não teve sucesso, não deu certo. Não deu certo pelas performances, pelos resultados e não deu certo pela formação da equipe. A equipe evidenciou deficiências que precisavam ser corrigidas, e aí entra a figura do dirigente, com a responsabilidade toda que ele tem, mas que no fundo é também um torcedor. Quando as coisas não estão indo bem não dá para fechar os olhos e seguir a vida. Era agir ou me omitir, e por isso precisávamos fazer alguns movimentos que resultassem no que achamos que está resultando: estamos formando a equipe ainda em tempo de não passar pelo problema maior que seria o rebaixamento, e mais do que isso já a estruturando para o ano que vem.

Leco, quando você fala que o projeto não deu certo inevitavelmente se liga…

(interrompendo) À figura do técnico.

Sim, ao Rogério Ceni. Você se arrependeu de tê-lo colocado no comando do time?

Não posso dizer que me arrependi, porque fiz de uma forma consciente e refletida, embora naquele primeiro momento questionasse se ele já estava em condições de assumir. Mas tantas e tão fortes foram as colocações dele de que estava pronto que eu me convenci, e fiz aquilo que acho que ninguém evitaria fazer, que era trazê-lo. Trouxemos, demos todas as condições, prestigiamos o projeto. Dei tudo e um pouco mais. Dei tudo e ainda dei o Pratto, que todo mundo queria. Infelizmente não deu certo.

Por que você acha que não deu certo? Pela inexperiência dele?

Provavelmente. Ele não se ajustou à dinâmica da nova situação. Como jogador ele era o Mito, uma figura grande, com muitas conquistas, mas era uma situação muito diferente da de pegar um grupo e formar um time. Uma, duas, três eliminações… E zona de rebaixamento, porque foi com ele que fomos para a zona de rebaixamento. E como é duro de sair!

Muita gente diz o seguinte: ‘O Leco contratou o Rogério para que ele o ajudasse a ganhar a eleição’. O que diz sobre isso?

Tenham certeza de que isso não é verdade. Eu já tinha um ano e meio de mandato, já tinha uma referência, tinha me credenciado para isso. Já tinham visto o que eu tinha feito e do que era capaz. Poderia acontecer é o contrário, com três desclassificações ele poderia me fazer perder a eleição.

Ninguém sabia que no contrato do Rogério existia aquela multa de R$ 5 milhões caso o time tivesse um determinado aproveitamento no momento em que ele fosse demitido até que você revelou isso numa entrevista. Você se arrependeu de dizer aquilo, já que poucos dias depois o Rogério caiu e você foi muito criticado por causa da questão da multa?

Ninguém sabia externamente, mas no clube sabiam. A minha gestão é toda transparente, está tudo visível, contrariando até o padrão do futebol. Nos últimos anos aqui no São Paulo não tinha a tal multa no contrato dos treinadores, mas em outros tempos era comum. O Mário Sérgio ficou dois meses no São Paulo e recebeu uma multa maior do que essa do Rogério. A multa foi negociada com dois diretores meus, e eu aceitei. O Rogério tinha medo de que, se eu perdesse a eleição, ele fosse mandado embora. Mais do que tudo, ele tinha medo de macular a sua imagem, do Mito, do grande Rogério. Coisa que acabou se modificando com essa gestão dele como técnico de futebol, porque o torcedor é emotivo e quer ganhar, no futebol nada é pior do que perder. Com os maus resultados aquela figura mítica foi de uma certa forma se embaçando, e me disseram, embora eu não tenha ido atrás de confirmar isso, que 70% dos são-paulinos achavam que ele não estava dando certo. Lamentei muito, mas me convenci de que precisava fazer o que foi feito.

Leco se decepcionou com trabalho de Ceni – foto: site spfc

Foi difícil dizer para o Rogério que ele estava demitido?

Não foi difícil, foi muito rápido, aconteceu em cinco minutos. Eu estava no Rio no jogo com o Flamengo, e já vinha acumulando observações e avaliações. No Rio eu estava no vestiário depois do jogo, depois no ônibus, aeroporto, onde ficamos uma hora e pouco para embarcar, avião… Cheguei à conclusão de que deveria demiti-lo quando cheguei em casa, às 23h30. E aí o que fiz? Marquei no dia seguinte uma conversa com o Pinotti para dizer a ele o que eu tinha pensado. Sei que a deliberação é minha e que eu não preciso dar satisfação, mas eu queria ver se ele argumentava de maneira diferente e me convencia do contrário. E ele concordou comigo. Chamamos o Rogério e ele não levou cinco minutos para chegar ao Morumbi, porque mora ali do lado e estava em casa. Quando ele chegou, em menos de cinco minutos tudo acabou. Ele perguntou se alguém mais sabia, e eu disse que só ele, o Pinotti e eu.

Você voltou a falar com o Rogério depois disso? Ficou um estremecimento entre vocês?

Falei com ele um tempo depois, mas foi muito pouco. É inegável que ficou um estremecimento, infelizmente. Ele não se conforma até hoje. O mais duro na demissão foi chegar à conclusão de que era preciso demiti-lo.

O Hernanes é o grande acerto das contratações feitas neste ano? Como surgiu a ideia de contratá-lo?

Hernanes foi um grande acerto, ele é extraordinário. O desejo era antigo, e cresceu quando ele não estava sendo aproveitado na Juventus. Ele estava na iminência de ser emprestado para um time na Itália, e aí começamos a conversar. Aí ele foi vendido para a China, o que foi uma ducha de água fria. Pensamos assim: ‘Ele vai ganhar um dinheirão lá, acabou. Não temos mais como trazê-lo’. Ficamos monitorando, e quando soubemos que ele queria sair acertamos tudo em um dia.

Leco, você disse há pouco que está otimista para ver o time escapar do rebaixamento. O que o leva a ter essa convicção?

A qualidade do time e o emocional que percebo, o clima. Uma nova vibração. Noto a evolução que vem ocorrendo e acho que vai se consolidar. Minha preocupação quando tomei a decisão com o Rogério foi fazer a coisa com tempo para reagirmos, não adiantava deixar para fazer faltando poucas rodadas, porque aí seria muito difícil nos salvarmos. E acho que está dando tempo. Perdemos um jogo para o Palmeiras em que podíamos ter feito 2 a 0 ou 3 a 2, e tomamos o terceiro gol depois de um lance infeliz do Marcos Guilherme. E tomamos os quatro gols pelo mesmo lado (usa o celular como se fosse um campo e indica com o dedo a lateral direita). Mas agora o nosso treinador está corrigindo isso. O momento mais crítico já passou, a tendência é promissora. Faltam 14 jogos, 42 pontos, se fizermos 19 ou 20 a estatística diz que o time escapa. E não é difícil fazer 20 pontos em 42.

O elenco vai mudar muito no ano que vem? Muita gente vai sair?

O Jucilei… Gostaria muito de ficar com ele, mas é muito difícil. Não é fácil negociar com os chineses. Trouxemos o Petros, que é nosso. O Marcos Guilherme veio numa condição excepcional até o fim do ano que vem, com prioridade para o contratarmos. O Hernanes até o meio do ano que vem… Já dá um respiro.

Dorival precisa de ajustar a defesa e fazer Cueva jogar bem no São Paulo  – foto: saopaulofc.net

Mas a ideia é investir o dinheiro das vendas em reforços ou olhar para a base?

Vamos olhar muito para a base, posso garantir. E o Dorival já demonstrou que quer fazer isso. E na base temos uma contínua formação de boa qualidade. Temos esse menino Brenner na Seleção sub-17, temos um meia superbom no sub-17, um lateral-esquerdo. E preste atenção: o Shaylon é muito bom jogador.

Mas promove e o jogador e já tem de vender. Isso resolve, Leco?

Não tenho de vender, não vendi todos.

Mas saíram vários: David Neres, Luiz Araújo, Lyanco, Augusto Galván…

O Galván já estava perdido e conseguimos um milhão de euros. Ele ia embora de graça, aí recebemos uma luz e fizemos uma jogada que deu certo. Notificamos o Real Madrid ameaçando ir à Fifa por assédio, e eles nos procuraram para propor um acordo. Achei que iam oferecer uns 100 mil ou 200 mil euros, e vieram com um milhão. O Luisão, que foi pro Porto, fez parte do acerto pelo Maicon, porque devíamos para eles. Mas tanto nesse caso como no do Inácio, que também está no Porto, temos 50% em uma futura negociação. E ainda vamos ganhar dinheiro, porque o Porto é especialista em comprar por pouco e vender por muito.

Qual o balanço que você faz da segunda passagem do Lugano pelo clube?

Valeu a pena, menos pela performance dele em campo e mais porque é uma presença importante no grupo. Ele puxa a energia para cima.

O contrato dele acaba agora no fim do ano. Há algum plano para que ele continue ligado ao clube de algum modo?

Não se cogitou nada por enquanto. Nem sei se o tal jogo de despedida vai acontecer, porque ele quer continuar jogando. Ele teve proposta de um clube argentino, mas disse que para a Argentina ele não vai.

Leco, como está a questão com a Under Armour? O contrato vai ser rescindido?

A Under Armour fez um contrato excepcional com o São Paulo. O dela com o Fluminense é de simples fornecimento de camisa. O nosso inclui royalties, tivemos R$ 10 milhões de adiantamento e mais R$ 5 milhões de luvas. Como os resultados não foram os desejados e o custo deles ficou muito alto, eles nos propuseram fazer algumas revisões no contrato. Não houve acordo quanto a isso, e chegou-se à conclusão de que seria melhor a rescisão, que foi ajustada com o pagamento por parte deles da multa integral. Mas como eles ainda desejam o São Paulo, o que de fundamental nós obtivemos foi a liberdade para prospectar o mercado em busca de um novo fornecedor. Eles ficam até o fim do ano, e têm a possibilidade de continuar conosco se até o final de outubro cobrirem uma eventual oferta que tivermos e pagarem mais 10%. Pode ser que saiam, pode ser que fiquem. Hoje a ideia é que saiam, com pagamento de multa. Mas o São Paulo poderá continuar usando a camisa deles até o meio do ano que vem, e eles poderão continuar vendendo nossas camisas também até o meio do ano que vem.

O Rodrigo Caio fica ou sai ano que vem?

Na última janela houve proposta do Zenit pelo valor da multa, mas acabou não se concretizando. Para sair vai depender de ter uma boa proposta, e isso claro dependerá da sua performance. Acho que ele sofreu um certo abalo emocional pelo fato de o negócio com o Zenit não ter dado certo, e andou falhando em uns jogos de maneira incomum para ele. E não sei se isso pesou para ele não ter sido chamado na última convocação do Tite.

E o Cueva?

Ele já falou que quer sair, que quer ficar, declarou amor ao clube… O Cueva, como o ser humano em geral, é carente e precisa de colo e acolhimento. Mas às vezes também funciona alguma ação que o incomode, e certamente ele se incomodou com a reserva. Nos dois últimos jogos ele entrou e mostrou algo como ‘sou eu aqui’. É um grande jogador, tecnicamente acima da média. Não tenho medo de perdê-lo, mas pode ser que chegue uma proposta e ele diga: ‘Me vende ou não jogo mais’. Ele é bem capaz disso, assim como muitos outros no mundo do futebol. O Ganso sentou comigo e falou: ‘Presidente, me libera, é o meu sonho. Se não me liberar, daqui a um ano e meio vou embora e o clube não pega um tostão’. Liberei e coloquei R$ 20 milhões no clube, um dinheiro necessário. E sabe por quê? Porque a gestão anterior constantemente atrasava três meses de salário, quando ia vencer o terceiro acertava as contas. E depois ficava mais três meses sem pagar. Hoje está tudo em dia. Botei ordem na casa, fiz o que é correto. Não pagar um funcionário em dia dá problema, mesmo que seja um desses caras que ganham 80 vezes mais do que deveriam ganhar. O bicho para eles é quase nada perto do salário que ganham, mas experimente ficar sem pagar o bicho…

Leco, neste momento você está mais angustiado ou mais tranquilo?

Eu me angustio nas derrotas, porque nada é pior do que perder um jogo de futebol. Vocês todos sabem, perder um jogo é a pior coisa para a gente. Ganhar, ainda mais na situação em que estamos, traz um alívio extraordinário. E ouso dizer que tudo está indicando que vamos ganhar do Corinthians. A energia que sinto me diz isso.

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