Faremos aqui a reprodução em português de uma matéria publicada pelo jornal AS da Espanha, comentando a atuação de Lugano nas contratações de Dani Alves e Juanfran.
O ex-jogador uruguaio e atual diretor do clube fez o primeiro contato com ambos jogadores em maio. A amizade com Godín foi fundamental para chegar ao jogador espanhol.
O São Paulo surpreendeu o mundo ao anunciar na última quinta-feira a contratação do capitão da seleção brasileira, Daniel Alves. E no sábado, mais uma vez surpreendeu com outra contratação tão improvável para a direita, o ex-Atlético de Madrid e seleção da Espanha, Juanfran Torres.
Dois veteranos que conquistaram títulos e respeito no futebol de maior nível. E que, em vez de optar pela opção confortável de ir ao Golfo, China, Japão ou Estados Unidos, decidiram buscar um novo desafio esportivo. Em vez de petrodólares, eles foram para o Brasil para tentar ter sucesso em um gigante sul-americano.
Grande parte da “culpa” por Dani Alves e Juanfran decidirem partir para o Brasil – algo que parecia impensável há alguns meses – é de uma pessoa: Diego Lugano.
O ex-zagueiro e capitão da seleção uruguaia por mais de uma década, é atualmente diretor de relações institucionais do São Paulo, clube onde foi ídolo e venceu a Copa Libertadores e a Copa do Mundo de Clubes em 2005.
O São Paulo viveu um período difícil no primeiro semestre, quando foi eliminado da Copa Libertadores e da Copa do Brasil em um espaço de dois meses. A tensão e a pressão sobre os dirigentes, treinador e elenco foram grandes e Lugano estava convencido de que um clube como São Paulo, Tricampeão da Libertadores e do Mundo, precisava acertar a tabela.
Assim, o uruguaio voltou a colocar a braçadeira de capitão sobre o traje de dirigente, tomou um avião sem comunicar ao clube e viajou para a Europa em busca de reforços que tivessem um perfil semelhante ao dele, quando ele próprio retornou ao clube Tricolor, dez anos depois de sair para o futebol europeu.
O plano de Lugano: Dani Alves, Juanfran, Filipe e Cáceres
Sua idéia era procurar jogadores veteranos de renome, que pudessem atuar como líderes e referência no vestiário e também continuar jogando em alto nível.
Como o AS descobriu com diferentes fontes próximas das negociações, Lugano identificou pelo menos quatro possíveis reforços para o São Paulo: Dani Alves, do PSG, Juanfran e Filipe Luís, do Atlético de Madrid, e Martín Cáceres, da Lazio. E ele teve um primeiro contato com eles em maio.
Uma pessoa próxima a um dos jogadores disse que no início “parecia uma loucura” do uruguaio. Mas seu argumento acabou convencendo três dos quatro a voltar ao Brasil.
O plano de Lugano era convencê-los de que a ideia de ir ao Brasil não era “louca”. Que os clubes brasileiros estavam em um momento favorável para receber jogadores de seus níveis e que a operação econômica era viável. E no final ele estava certo.
Ele encontrou Dani Alves em Paris. Então, através de seu grande amigo uruguaio, Godín, chegou a Madrid para falar com Juanfran e Filipe Luís. E antes de retornar ao Brasil, encontrou com Cáceres em Roma.
O argumento de Lugano abriu as portas para que Alves, Juanfran e Filipe Luís decidissem ouvir as ofertas do São Paulo. Cáceres, que terminou seu contrato em julho e ainda está sem clube, decidiu que ainda não era hora de voltar para a América do Sul.
Após o contato inicial de Lugano, o diretor executivo de futebol do São Paulo, o ex-jogador Raí, que se encarregou das negociações com os jogadores, entrou em cena.
Raí estava encarregado das negociações e fechou as contratações
Alves e Filipe, na época, pediram mais tempo para terminar a temporada, disputar a Copa América e analisar outras oportunidades. E no final o lateral esquerdo acabou sendo levado pelo coração ao escolher o Flamengo.
O mais curioso foi que, dos três jogadores, o que mais se empolgou com a ideia de partir para o Brasil foi Juanfran.
O espanhol, campeão da Euro 2012 com a Espanha, viu sua ida para São Paulo como a oportunidade perfeita para continuar competindo no mais alto nível. Godín também foi um grande aliado de Lugano para o lateral comprar a ideia.
As negociações duraram várias semanas até que Raí chegou a Madrid esta semana para finalmente fechar o contrato.
O acordo com Daniel Alves inicialmente causou preocupação ao lateral espanhol. Mas o clube deixou claro que a intenção do treinador, Cuca, é usar os dois ao mesmo tempo no time titular, com Alves como meia ou à frente, como jogou parte da última temporada no PSG, e Juanfran do lado direito.
Se hoje o São Paulo pode se gabar de seus dois super reforços para a direita, deve agradecer, em grande parte, à loucura de Lugano.
