“No BR, só jogo no SPFC”, o que mais disse Daniel Alves em entrevista

Foto: Getty Images

Em uma entrevista concedida hoje (04), quase uma semana depois do fatídico dia, a alguns jornalistas, Daniel Alves respondeu algumas perguntas. A maioria, é claro, buscando uma explicação sobre a eliminação do São Paulo para o Mirassol no Paulistão.

Explicação que infelizmente temos que é que o problema no São Paulo está dentro e fora de campo em um ciclo sem fim que já demorou para acabar.

Em uma tentativa de explanar isso, o camisa 10 disse:

“Também buscamos explicação. Mas São Paulo não é um time há cinco anos juntos, que sabe todas fases do jogo. Desde que Diniz chegou está construindo conceitos, que pra mim no Brasil não vejo. Acho que jornalistas deveriam ver futebol no geral. Mirassol: eles foram três vezes e fizeram três gols. Nós jogamos muito melhor do que eles. Mas isso não é motivo de debate, o debate é que não conseguimos passar adiante. Vai ter momentos frustrantes, como esse, não ter avançado nesse campeonato, porque as pessoas faltam com respeito conosco e com profissionais do outro lado. Falam que é um dos piores momentos do São Paulo porque perdeu para um catado. Não existe catado, existem dois times profissionais se enfrentando. Para nós foi impactante, porque vínhamos numa crescente e tomamos essa”.

Nesses últimos dias, surgiu um boato de que o jogador estaria envolvido em uma negociação de troca com o Flamengo, o que foi desmentido pelo dirigente do clube carioca, Marcos Braz.

O atleta foi enfático ao afirmar: “Uma coisa que gostaria de deixar muito claro, para esse debate não existir mais nunca: o único clube do Brasil que eu jogaria é o São Paulo. Tudo o que sair sobre Dani em outro clube do Brasil pode falar que é mentira. Estou aqui por um sonho, não por dinheiro”.

Há um ano no clube e sem parceiros para ajudar no pagamento de seus salários, Daniel Alves disse que tomaria outras decisões no que se refere ao marketing: “Muito difícil falar de algo que foge das minhas mãos. Não controlo o marketing do São Paulo, porque se controlasse seria algumas tomadas decisões seriam diferentes, porque tenho outra ideia de como eu faria, no meu caso e num clube desse tamanho. Mas é aquilo: tem de controlar o que está nas suas mãos e isso foge. Um dos problemas, não só do São Paulo, mas do futebol, porque minha intenção é melhorar o São Paulo, mas alçar a voz do futebol brasileiro. Meu compromisso com futebol é maior do que ser um jogador. Ninguém faz nada com as mãos atadas. O clube por estar em evidencia, crescimento e evolução, as pessoas à frente precisam ter poder de decisão”.

Ainda completou: “Tudo tem que passar pelo conselho. No futebol muita gente passa pela tomada de decisão, levadas a conselho e começa a expor algumas coisas. Isso começa a gerar uma certa dificuldade. O São Paulo não é apenas os jogadores que estão sempre expostos, é um todo. Se esse todo não estiver conectado, não vai fluir. Nós precisamos controlar a nossa área, nosso trabalho, dia a dia e nosso suor. Se conseguirmos isso, até os ruins nos clubes vão passar a ser bons. No São Paulo, a sensação é de que nem todo mundo quer a mesma coisa, então vai expor quem está à frente: treinador, presidente, diretor esportivo, jogador, eu que vim com expectativa alta. Sempre nós ficamos expostos, mas temos liberdade de convencer todo um clube que esse é o caminho geral, de todos lutarem pela mesma coisa”.

A sequência do time na temporada e a possibilidade de ganhar títulos também foi uma das questões abordadas e respondidas pelo jogador: “Acho que possibilidade existe de um monte de coisa, tem de trabalhar com a realidade. A nossa realidade é que nós lutamos por tudo o que esse clube representa. Esse clube é gigante. Se joga Libertadores, luta pra ganhar. Brasileiro e Copa do Brasil também. Não jogamos em time perdedor, olha a história do São Paulo. Nem eu, não vão me convencer, sou maior vencedor da história do futebol. Gostem ou não gostem, o maior vencedor sou eu”.

“Nós lutamos pra ser campeão de tudo, mas não prometemos nada que não podemos cumprir. Vamos batalhar no dia a dia pra conseguir. São Paulo é time grande e essa camisa é muito grande. Pessoas precisam entender isso. Tá há muito tempo, eu sei, mas não é minha responsabilidade. Agora estou aqui. Minha responsabilidade é convencer de que São Paulo não luta por nada menos que título, mas isso não pode tirar foco de chegar nas competições. Na minha vida só tem um caminho: resultado. Se não depois não conseguir, aí é depois. Mas antes tem de trabalhar pra conseguir”.

Ao final da entrevista também disse: “Mas enquanto eu formar parte, vestir esse escudo e defender essas cores eu vou ser homem pra caralho pra defender ela como se deve. Como eu entendo que se deve defender uma profissão e respeitando todos os profissionais que vêm aqui todos os dias trabalhar nessa loucura toda, mas sempre sorrindo pra ti, servindo com maior prazer. É por isso que faço as coisas, essas são as razões que me movem. O resto faz parte do show e o show não tem só verdades, tem mentiras também. Mas cada um que compre o que quiser”.

Muito bacana a entrevista do Daniel Alves, criticou diversos aspectos que mereciam ser criticados, aliviou outros e tentou explicar, infelizmente, o inexplicável.

Lamento que essa entrevista não tenha acontecido um pouco antes, já que amanhã faz uma semana desde a eliminação para o Mirassol no Morumbi. No entanto, pelo menos ela aconteceu.

Só que não adianta nada ficar apenas nas palavras, nós queremos ver na prática, pois esse discurso só se tornará realmente efetivo e vindo de um líder quando ele se materializar em taças, porque do contrário são apenas palavras lançadas ao vento, e isso o torcedor são-paulino já está mais do que cansado.


Fonte: Globo Esporte
Foto: Getty Images

Compartilhe esta notícia