Presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo concedeu entrevista exclusiva ao Arquibancada Tricolor e analisou questões financeiras e políticas do clube
Diante de um cenário financeiro delicado, com uma dívida que se aproxima de R$ 1 bilhão, o São Paulo precisa adotar estratégias sólidas para enfrentar a sua realidade econômica.
Nesse contexto, Olten Ayres de Abreu Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube, concedeu entrevista exclusiva ao Arquibancada Tricolor e analisou os pontos-chaves do balanço financeiro de 2024, contextualizando a situação dentro do cenário mais amplo do futebol brasileiro.
“A questão financeira eu vejo de maneira preocupante, mas em decorrência da situação do futebol brasileiro. Temos coirmãos em situação semelhante. Essa dívida vem desde muito tempo se acumulando. O futebol brasileiro caminha pra uma situação onde as despesas tornam as receitas inviáveis pra que sustentem a própria situação das equipes. O balanço reflete essa situação financeira. O balanço é uma fotografia dessa situação que atinge o futebol brasileiro, despesas que não são cobertas pelas receitas dos clubes. Isso acaba gerando déficits importantes”, afirmou.
Olten também defendeu medidas como o uso do FIDC (Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios) para aliviar o peso das dívidas por aumentar a capacidade de alavancagem financeira.
“O Conselho aprovou o FIDC, é um instrumento melhora a situação da divida. Faz uma substituição de dívidas caras por dívidas mais baratas. Quando você vê os custos das garantias do FIDC versus os custos que as demais instituições financeiras pedem, o FIDC melhora a situação financeira do clube e aumenta a capacidade de alavancagem financeira”.
Também explicou como entende que os conselheiros podem colaborar no processo de reconstrução do clube em relação às finanças: “Nós deveremos estabelecer uma comissão que vai fazer uma analise desse balanço e apresentar sugestões a atual diretoria”.
Já no que se refere à questão política, o presidente se diz favorável a uma oposição fiscalizadora e que ressalta que manifestações desta ala são importantes para um funcionamento saudável do clube.
“Eu sou um entusiasta da Oposição e da Situação. O jogo democrático depende de opiniões divergentes. As melhores soluções se encontram nascidas de divergências. É fato que a Oposição se manifestou em alguns pontos em relação a gestão, o que é normal, e é fato também que as manifestações são importantes pro bom andamento do clube, pra que tenha uma visão mais ampla do que se entende por administração, forma de gastar, forma de investir, é importante ter essas manifestações”.
Veja mais respostas de Olten Ayres de Abreu Júnior:
O presidente Júlio Casares prega muito a importância de não se antecipar o processo político para a sucessão da presidência do São Paulo, que ainda está distante. Mas queria entender como você enxerga o cenário político do clube nesse momento e se de alguma forma está nos seus planos a ideia de se alçar a presidente do São Paulo?
“Eu não enxergo a situação política porque ela não existe. Essa corrida ao futuro cargo de presidente eu não a vejo com clareza, na verdade não a vejo acontecer nesse momento. Não enxergo algo que não existe. Não posso alçar uma posição de algo que não está em disputa. Precisamos reunir forças pra nos fortalecer na atual situação, e só depois pensar em política”.
De forma pública, o São Paulo hoje conversa com um sócio-investidor, o Evangelos Marinakis, por uma parceria de investimento em Cotia. Queria entender o que já foi apresentado ao Conselho sobre o assunto Marinakis.
“Marinakis não existe nada oficial, nada apresentado oficialmente ao Conselho. Não tenho conhecimento de base para discussão, o Conselho não recebeu nenhuma informação oficial. Tudo que sabemos é o que se lê nos jornais. Não posso emitir opiniao de algo que não sei concretamente”.
No gancho do Marinakis, a SAF é tida por muitos como uma solução para o futuro do são Paulo. Você como presidente do Conselho Deliberativo, o que pensa desse assunto?
“Quanto à questão da SAF, queria desmistificar a palavra SAF. A questão é ter maior profissionalismo, e pode ou não ser um caminho. Mas os clubes de futebol tem que se profissionalizar totalmente. Uma das maneiras enxergadas é através da SAF, ou no modelo clube-empresa, ou mesmo no modelo de clube associativo, como é o Barcelona e o Real Madrid, com a diluição de poder que torne o clube profissional. O modelo politico não é importante, o importante é que tenhamos governança e uma administração 100% profissional. Acho que esse é o caminho não só para o São Paulo, mas para o futebol brasileiro como um todo. Futebol é um grande negócio e não pode mais ser administrado de forma amadora”.
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