A mídia esportiva ligada ao São Paulo está em polvorosa com a possibilidade do retorno do meia Oscar, que atuava no Shanghai Port, da China. Aos 33 anos, o atleta, que iniciou a carreira no Tricolor aos 13, tem em seu currículo passagens por apenas quatro clubes: Internacional, Chelsea e os dois alhures citados. Além disso, o jogador chegou a disputar a Copa do Mundo pela Seleção em 2014, sendo o autor do gol de honra do Brasil no famigerado jogo contra os alemães.
Existe uma nítida cizânia nos adeptos do time do MorumBis com relação à chegada de Oscar. Alguns consideram a contratação relevante, na medida em que outros carregam a mágoa da saída conturbada do jogador – algo que marcou muito a história recente do clube.
É que Oscar dos Santos Emboaba Júnior demandou o sua própria agremiação formadora nos idos de 2009. E isso gerou uma série de contendas judiciais, que culminou com a sua polêmica transferência para o Sport Club Internacional. O enredo dessa jornada se iniciou por uma situação deveras curiosa – e, no mínimo, interessante -, que salienta bem a personalidade do saudoso Juvenal Juvêncio, então presidente do Tricolor.
Ainda adolescente, Oscar foi emancipado e assinou, aos 16, um contrato de cinco anos com o São Paulo – em vínculo que, em teoria, se estenderia até 2012. A medida, que urgia pelo possível assédio de outros clubes diante do que se tinha como uma “joia” do Tricolor, foi a saída pensada encontrada pelo folclórico Juvenal, que o teria levado à Espanha e aguardado o seu aniversário para concretizar a negociação. Todavia, isso se mostrou um “tiro no pé”, já que tal empreitada foi um dos pontos fulcrais para todo o imbróglio. No final de 2009, mais precisamente em dezembro daquela temporada, o meia foi ao Judiciário e pleiteou uma rescisão contratual, com o apontamento de que havia sido coagido no pacto estabelecido. No início de 2010, já estava pré-acertado no Inter.
Nas palavras de Oscar, em reprodução feita pelo Jornal do Brasil, o São Paulo teria se aproveitado da sua pouca idade em atitude prejudicial à sua carreira, já que os benefícios oriundos da assinatura prematura seriam apenas de proveito do clube. Juvenal, por sua vez, credenciava a “fuga” à estafe do meia, uma vez acreditar ser o jovem uma vítima de influências extracampo. A saída de Oscar, por sinal, desencadeou outras, como a do lateral Diogo e a parcial fuga do meia Lucas Piazon. Casemiro, outro jovem da época, recusou seguir o mesmo caminho, trocou de agente e permaneceu no clube – algo que não foi suficiente para a consideração da torcida quando da sua saída. Mas isso é assunto para outra matéria.
A cronologia: aos 16 anos, Oscar assinou seu contrato, após ser emancipado, em um período de viagens do São Paulo à Espanha. Aos 18, acionou o clube na Justiça do Trabalho por coação, atraso de salários e de FGTS. Em 2010, foi ao Internacional, mas ficou mais de seis meses sem poder atuar, até conseguir se liberar na Justiça e acionar por cinco anos com o clube gaúcho. Naquele mesmo ano, o Inter eliminou o São Paulo nas semifinais da Copa Libertadores, algo que incrementou ainda mais a rivalidade e aumentou a aversão do torcedor pela situação.
“(…) a obrigatoriedade da prestação de serviços a determinado empregador nos remete aos tempos de escravidão e servidão”, dizia passagem da decisão do Tribunal Superior do Trabalho, na análise do Habeas Corpus que determinava que um jogador deveria ter a liberdade de trabalhar sem sujeição pessoal. Em 2018, o TST alterou seu posicionamento, ao entender que o remédio constitucional do Habeas Corpus só poderia mesmo ser utilizado para pessoas em condição de encarceramento – e, não, para jogadores, como aconteceu com Oscar e Gustavo Scarpa, a posteriori.
Em 2012, São Paulo, Oscar e Inter selaram um acordo, em que o time do Morumbi recebeu R$ 15 milhões de ressarcimento, ao passo que o meia estaria livre de um duplo-vínculo empregatício que poderia prejudicar a sua carreira. Curiosamente, o meia passou quase uma década na China, longe dos holofotes e distante da alta performance em grandes centros que poderia mantê-lo em evidência por mais tempo na Seleção, por exemplo.
Agora, com o fim da temporada de 2024, Oscar e São Paulo mantêm conversas para um novo capítulo dessa história. Apenas o tempo dirá se será a tríade típica de um romance, com encontro, desencontro e reencontro, terá final feliz para ambos. E também para a torcida tricolor, que é a que mais importa.
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Matheus, na verdade, me pergunto o motivo da diretoria – que vive dizendo não ter participado da gestão Leco, mas teve não só na citada, como em várias anteriores e está ciente de que Oscar forçou saída do SPFC -.
Como você deve ter escrito a coluna antes da conversa do André Plihal com Oscar, te falo que Oscar descartou a volta por “questões familiares” e não pensa em voltar ao país no momento.
O São Paulo, claro, lamentou afinal contava com o jogador – mesmo diante do.episódio da polêmíca citada e “esquecido” pelo clube, pela polivalência do jogador no meio-de-campo porque Lucas começa jogada pelo meio e quebra pelas pontas e mesmo sendo segundo atacante, Zubeldía insiste em escalar Luciano no meio e às vezes ele cai pelos lados ou pelas pontas e tem Ferreirinha também que vem da esquerda e corta em direção ao meio, para servir Calleri.
A essas horas querem contratar, contratar, contratar.. Basta olhar para baixo e verão muitas opções de “reforços” para posições carentes e claro, voltar a usar Rodriguinho, que está esquecido no profissional.