São Paulo é contra a volta do futebol sem liberação dos órgãos de saúde

Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC

Em meio à pandemia do novo coronavírus e às pressões políticas e econômicas para retorno das competições esportivas no Brasil, o São Paulo se posicionou contra o retorno do futebol sem a liberação das autoridades de saúde.

Raí, diretor executivo de futebol, e Alexandre Pássaro, gerente executivo, falaram sobre o tema em uma entrevista ao GloboEsporte.com.

O ex-camisa 10 e atual dirigente do São Paulo, Raí, afirmou: “É bom deixar claro e reforçar que a posição do São Paulo não é voltar rápido. É voltar ao seu tempo com as orientações e gradativamente, começando obviamente o treino sem uma data certeza de quando o futebol vai retornar”.

Alexandre Pássaro se posicionou da mesma maneira: “O São Paulo é a favor do retorno do futebol, lógico, para todos nós e torcida, mas não do retorno rápido. Do retorno ao seu tempo. Do retorno no tempo em que as pessoas com certeza muito mais capacitadas do que todos nós, que estão estudando essa doença, a curva da pandemia e tudo isso nos sinalizarem de que é momento talvez não ainda para começar a jogar, mas para voltar a treinar. Essa é a posição institucional do São Paulo”.

A CBF se reuniu com as federações, onde houve uma proposta para começar a acontecer o retorno das atividades nos clubes a partir de maio.

Em paralelo a isso, a Comissão Nacional de Clubes se reuniu na última terça-feira (28) por videoconferência. O São Paulo esteve presente nesse encontro juntamente com o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos.

“O direcionamento que foi dado ontem (terça-feira), quando falamos de pressão, a CBF deixou bem claro que cada estado analise a sua realidade. Esse é o lado positivo que, quando se pensar em voltar, vai ser uma competição regional. E também quando for voltar a treinar seguir todos protocolos, testes e segurança. Acho que é uma coisa de comum acordo. O presidente da FPF também estava lá e disse que a primeira coisa vai ser a segurança e a saúde”, explicou Raí.

Ainda completou: “Houve um encaminhamento da possibilidade de volta dos treinamentos. Estamos nos preparando há muito tempo para uma volta com segurança. Conversamos com Leco (presidente do São Paulo) e a posição institucional do São Paulo é de que vamos voltar, e também ouvimos do presidente da Federação: o campeonato só vai voltar quando tiver autorização das autoridades responsáveis: prefeito, governador, secretários de saúde do estado e município. O Leco deixou claro que estamos passando por um momento complicadíssimo, de urgência, de aumento nessa curva triste de mortes. Ele está muito sensível a isso também.”

Então, como o São Paulo vai proceder?

O São Paulo adotará protocolos de saúde em seu dia a dia e já deixou os jogadores de sobreaviso para retornarem à capital paulista.

Primeiramente, todos os jogadores do elenco serão testados de maneira individual para evitar aglomerações, sempre se atentando às necessidades do estado e dos hospitais para não atrapalhar a saúde pública.

Sobre esses primeiros passos, Pássaro disse: “Tem uma diferença muito grande de retornar competições para retornar treinamentos e depois uma diferença ainda maior de começar a trazer jogadores para fazer testes. A decisão de fazer testes é quase individual de cada clube para ter controle do seu próprio jogador. O segundo passo é de voltar a treinar, e acho que tem de ser um pouco coletivo por entidades de saúde, porque vocês vão noticiar que um voltou a treinar e outro não. Isso vai dar exemplo. Até pela questão esportiva. Por exemplo, se o São Paulo começar a voltar a treinar no dia 10 e o Corinthians só começar no dia 18, é natural que quando as equipes se enfrentem o Corinthians esteja oito dias atrasado na preparação, o que não faz bem para nosso ambiente esportivo um desnível desse”.

Após esses procedimentos, o intuito é começar os treinamentos mais monitorados, diferente do que ocorreu durante as férias em que os jogadores receberam uma planilha de trabalho.

“Temos o interesse, desejo e saudade do futebol voltar, mas isso é completamente colocado em segundo plano. Tem de lembrar que o futebol é ferramenta social de várias coisas, mas inclusive de exemplo. Temos de tomar cuidado para não usar o futebol como mau exemplo para a sociedade. Claro que tem de usar o futebol como uma ferramenta talvez de interação, diversão e alívio desse momento que todos nós estamos passando, mas desde que a gente esteja seguro. Se não estivermos seguro, da mesma forma que não podemos ir a um restaurante, também não podemos ir a um campo ou treino de futebol”, completou o gerente do Tricolor.

O São Paulo não entra em campo desde o dia 14 de março, quando jogou o clássico contra o Santos no Morumbi pela Campeonato Paulista e venceu por 2×1.

Fonte: Eduardo Rodrigues, Leandro Canônico, Leonardo Lourenço e Marcelo Hazan / GloboEsporte
Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC

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