Quando Sierra chegou de helicóptero

Sierra

Lá pelos idos de 1994, o São Paulo era o atual bicampeão da Libertadores e Mundial de clubes, no auge, mas com uma equipe que começava uma reformulação e o nome para liderar essa fase era o de Sierra.

O time já não tinha Raí e prevendo a saída de Leonardo, a diretoria buscava um meia para armar o jogo para Telê. Eis que nas quartas de final da Libertadores, um chileno do Unión Española se destacou contra o Tricolor.

Uma partida memorável, com mais de 100 mil torcedores em uma tarde de quarta-feira, o São Paulo venceu por 4×3 e conseguiu a vaga, mas um jogador adversário brilhou. Era José Luis Sierra.

O São Paulo desembolsou US$ 1.2M para trazer o meia de 26 anos, que chegou com status de craque e foi de helicóptero para o Morumbi, o que gerou uma grande expectativa:

Adaptação difícil

“A recepção que o São Paulo me proporcionou ficará marcada para sempre na minha memória. Estávamos no aeroporto e a apresentação era longe, no Morumbi. De repente, apareceu um diretor me dizendo que íamos de helicóptero. Quando cheguei ao estádio, meus pais choraram muito. Posso dizer que minha passagem pelo São Paulo foi um grande momento na minha carreira” – afirmou Sierra em conversa com o Globoesporte.com em 2012.

O meia teve dificuldades de adaptação com o futebol brasileiro e uma lesão muscular complicou mais ainda seu desempenho. Sierra não conseguiu se firmar no time titular e acabou aceitando uma proposta para voltar ao Chile no final de 1995.

“Na época em que fui contratado, o São Paulo era bicampeão da Libertadores, bicampeão mundial de clubes, e tinha perdido uma nova decisão na América do Sul para o Velez. Era um time mundialmente conhecido, forte. Quem não queria jogar no São Paulo? Quando cheguei, a disputa por posições era muito grande. Havia muita gente boa. No começo, tive uma lesão muscular que me atrapalhou bastante. Quando voltei, entrava e saía da equipe. Depois de um ano, recebi uma proposta do Colo Colo e quis voltar porque precisava atuar para conseguir uma vaga na Copa do Mundo da França, em 1998. Não tenho absolutamente nada a reclamar do São Paulo.” – comentou o chileno.

Copa do Mundo 1998 – Camisa 10

Por mais que a passagem do jogador tenha sido ruim no São Paulo, é errado afirmar que o meia foi um mau jogador. Talentoso, cerebral e grande armador, teve sucesso na carreira.

Em uma seleção que tinha os astros Salas e Zamorano, Sierra era o camisa 10 e titular em 2 partidas na Copa do Mundo de 1998, inclusive enfrentando o Brasil, nas oitavas de final.

Chile 1998 | Arquibancada Tricolor
Camisa 10 e titular na Copa de 1998

Alguma memória no São Paulo?

Talvez, o único momento bom de Sierra que os torcedores se recordam, foi o gol da vitória em um clássico contra o Corinthians, no final de 1994:

São Paulo 2×1 Corinthians – Campeonato Brasileiro de 1994

“Aquele jogo foi especial. Lembro que fizemos 1 a 0 com o Cafu, o Corinthians empatou com o Marcelinho Carioca (na verdade, o gol foi de Pinga), e depois marquei de cabeça o gol da vitória. Pela rivalidade que existe entre as equipes, foi uma vitória muito festejada, principalmente para quem tinha pouco tempo de clube, como eu” – relembrou Sierra.

Infelizmente, Sierra foi um camisa 10 que tinha potencial, mas não rendeu o esperado no Morumbi.

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