O comandante do São Paulo, Luiz Zubeldía, em entrevista ao “Abre Aspas“, do GE, comentou, dentre outras coisas, sobre o que pensa sobre a saúde mental dos jogadores, o psicológico de cada atleta, e o papel das redes sociais no mundo do futebol.
Comentando sobre a necessidade, mas também a problemática de ter profissionais dentro do clube que cuidem disso, diz: “é muito difícil. O ideal seria ter profissionais imersos nisso aqui, sob o aspecto mental, mas também é difícil conseguir profissionais indicados, porque às vezes terminam prejudicando a rotina interna. Por isso não há muitos profissionais trabalhando com isso no futebol. O futebol está aberto a novas pessoas, mas às vezes elas terminam rompendo uma dinâmica“.
Zubeldía complementa dizendo que “o futebol tem certos códigos que precisamos cumpri-los“. E opina que hoje o jogador é visto apenas como um produto, “e esquecemos da parte humana“. O comandante do São Paulo explica que em torno do jogador há sempre muitas pessoas, muitos interesses, e isso parte de todos os lados, “não só dos profissionais“, ainda mais num mercado como o brasileiro que, em sua opinião, “está entre os cinco melhores do mundo, ou seis“.
Respondendo sobre como vê esse entorno de influências impactar os jogadores, cita um exemplo usando William Gomes, jovem atleta do São Paulo, dizendo: “hoje, o William Gomes, com apenas um punhado de partidas, as pessoas pedem ‘William, William, William…’. Mas não o viram jogar, não sabem se bate melhor com a esquerda ou a direita. E já é ultra conhecido no mundo do São Paulo. O que vai acontecer quando o William for mal em cinco, quatro partidas? Qual vai ser a conduta dos nossos torcedores? O que vai acontecer quando o William ou qualquer outro jovem tiver que conviver com jogar, não jogar? A fama supera a realidade. Lucas tem fama, Calleri tem fama. São jogadores que já fizeram muito. Mas sobre um menino, é um problema“.
Então é lançada a pergunta sobre o que fazer para solucionar esse problema? Zubeldía é enfático ao falar sobre o papel das redes sociais nesse processo, e brinca: “se eu tivesse um encontro com Deus e ele me perguntasse: ‘Luis, o que você quer?’. Meu sonho é que se possa regular as redes sociais“, dizendo que a diminuição dessas influências tecnológicas poderia não deixar mais o joagdor “exposto a tantas situações“. Acredita que isso “termina afetando a todos” e que “quanto mais jovem, menos preparado está para assumir essa situação“. Ainda complementa dizendo que alguém pode usar as redes para criticar a ele ou outro jogador, xingá-lo, e que apenas 5 pessoas fazem isso, enquanto a grande maioria não pensa dessa forma, mas “essas cinco são a verdade e tẽm a influência, porque o ruim é mais legal“. E relembra que antigamente isso não aconteceria, pois alguém só poderia fazer uma crítica se fizesse parte de uma rádio ou jornal, o que fazia com que se filtrasse e reduzisse mais esse tipo de comentário.
Por fim, diz que o conselho aos jogadores referentes às redes é: “não consuma“. Mas lamenta que outras pessoas do entorno do jogador acabam consumindo essas informações e, dessa forma, os atletas também ficam sabendo. E arremata com sinceridade: “eu chego na segunda-feira aqui, depois da partida, olho a cara de 40 jogadores e já sei como está a situação de cada um. Eu já sei. Leio muito as caras, as posturas. Estudei muito sobre isso. Li muito sobre isso. Afeta. Os interesses externos afetam muito a nós“.
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