Quando falamos sobre o endividamento, citamos o índice de endividamento, que estabelece uma relação entre o endividamento líquido do São Paulo e o total das receitas obtidas pelo clube ao longo de uma temporada.
Dessa forma, podemos notar que tão importante quanto o controle do endividamento é a capacidade do clube de aumentar suas receitas para que possa equilibrar suas contas e manter a saúde financeira da organização.
Neste artigo, iremos abordar como as receitas e despesas do São Paulo se comportaram ao longo dos últimos anos e quais as nossas projeções para os próximos anos, visto que o cenário do futebol brasileiro vem se modificado constantemente e em uma velocidade acima da média nos últimos anos.
RECEITAS DO FUTEBOL
Grande parte das receitas do São Paulo são originárias da operação do futebol. Em 2023, data do último balanço publicado oficialmente, o clube arrecadou um total de R$ 668 milhões. Desse total, R$ 579 milhões veio do futebol, ou seja, mais de 86%.
O que compõe a receita do futebol?
As principais receitas do futebol obtidas pelo São Paulo são: direitos de transmissão de TV, arrecadação de jogos, negociação de direitos econômicos de atletas, premiações, sócio torcedor, licenciamento da marca, dentre outras.
Como esta receita se comportou nos últimos anos?
Abaixo, consolidamos a receita do futebol obtida pelo São Paulo desde 2014, corrigida pelo IPCA do período.
Podemos notar que o clube teve, em 2017, um de seus maiores faturamentos dos últimos anos (R$ 583 milhões, em valores corrigidos). Analisando os dados em detalhes, desse total, R$ 259 milhões foi obtido em negociações de direitos econômicos de atletas, ou seja, 44%. O clube realizou vendas importantes neste ano como: David Neres, Luiz Araújo, Thiago Mendes, Maicon e Lyanco.
Como citamos em artigo anterior, considera-se essa receita como não recorrente, ou seja, não existe previsibilidade nenhuma, nem garantia que ela se repetirá no futuro. Portanto, ela é excelente quando ocorre, mas o clube não consegue fazer um planejamento orçamentário a longo prazo contando com essa receita, pois depende da “safra” de atletas de sua categoria de base.
Em 2019, por exemplo, dois anos mais tarde, o clube arrecadou “somente” R$133 milhões com as negociações de atletas, ou seja, praticamente 50% a menos do que em 2017, e sua receita com futebol caiu para R$ 415 milhões, em valores corrigidos.
O ano seguinte foi um caso a parte, pois devido às medidas adotadas no combate da pandemia da COVID-19, o clube teve uma parte de suas receitas transferidas para o ano de 2021, como por exemplo, cotas de TV e premiações (pagas no final das competições, que acabaram se encerrando no ano seguinte). Porém, parte das receitas foram frustradas, ou seja, ficaram pelo caminho, como por exemplo, bilheteria, pois boa parte dos jogos foram sem torcida.
Nos últimos 3 anos notamos uma retomada na arrecadação do clube, porém ainda muito aquém do potencial que o São Paulo tem de arrecadar, especialmente se comparado com outros clubes.
Qual a projeção das receitas para os próximos anos?
Com a renegociação dos contratos de transmissão do Campeonato Brasileiro, via LIBRA, acreditamos que as receitas com direitos de transmissão devem ter um incremento importante a partir de 2025, e o São Paulo deve ser um dos maiores beneficiários. Projeta-se que a receita com cotas de TV deve aumentar algo em torno de 20% a 30% nesse próximo ano.
Porém, acreditamos em um outro pilar para sustentar esse aumento das receitas recorrentes do clube: publicidade e patrocínios.
Quando comparamos com anos anteriores, temos notado um avanço nessa rubrica de receita, apesar da redução em 2023. Porém, sabemos que o clube ainda está muito aquém do seu potencial, ainda mais quando comparado com seus principais rivais.
Acreditamos que no balanço de 2024, que será publicado até final de abril deste ano, iremos observar um aumento desta receita decorrente do novo acordo de patrocínio master, mas os valores obtidos por Flamengo, Corinthians e Palmeiras ainda são muito superiores ao do Tricolor.
Historicamente, sabemos também que Cotia é um dos grandes, senão o maior centro de formação de atletas do país, ainda mais quando falamos em questão de estrutura física. Dessa forma, os investimentos que estão sendo feitos na base do clube desde o final do ano passado podem render grandes frutos e receitas futuras ao clube. Acreditamos que caso haja um casamento perfeito entre profissionais e investimentos financeiros no aprimoramento da estrutura e captação de atletas, as receitas com negociação de atletas podem voltar a ser um diferencial do clube nos próximos anos e auxiliar na redução do endividamento do clube.
Dessa forma, acreditamos que percentualmente, as receitas de publicidade e as receitas de direitos de TV devem aumentar no curto prazo (próximos anos). Ademais, as receitas com negociação de direitos econômicos de atletas, principalmente de Cotia, devem crescer substancialmente a médio e longo prazo com o investimento que tem sido feito nas categorias de base ao longo desses próximos anos.
O futebol do São Paulo é superavitário ou deficitário?
Se analisarmos as receitas e despesas do futebol do São Paulo, que correspondem a mais de 80% do total das receitas do clube, podemos avaliar como a operação do futebol do clube tem se comportado ao longo dos anos, ou seja, se está sendo superavitário (as receitas são superiores às despesas) ou deficitário (as despesas são superiores às receitas).
Como podemos observar, desde 2021, ou seja, primeiro ano da atual gestão, o futebol voltou a ser superavitário, a despeito do endividamento ter se mantido em patamares elevados. O problema é que nessas despesas não estão incluídas as despesas financeiras, ou seja, os juros pagos anualmente devido ao endividamento bancário do clube.
Quando adicionamos as despesas financeiras, o superávit obtido com o futebol é praticamente anulado. Em 2023, a despesa com juros ficou em quase R$ 90 milhões.
Assim como dissemos em nosso artigo sobre endividamento, o ano de 2019 foi muito danoso ao clube. O endividamento teve um acréscimo de mais de R$ 270 milhões. Podemos notar que boa parte desse acréscimo foi o déficit obtido pelas operações do futebol, que ficou em mais de R$ 120 milhões, além de mais R$ 50 milhões em despesas financeiras.
DESPESAS COM PESSOAL
Os gastos com a folha salarial dos atletas são as maiores despesas de um clube de futebol. Portanto, fizemos um levantamento como foi a evolução desta despesa nos últimos 10 anos e corrigimos pela inflação do período para efeito de comparação.
O que consideramos como despesa com pessoal?
A despesa com pessoal engloba todos os gastos que o São Paulo tem relativo aos atletas que compõem o elenco do clube, ou seja, salário, direitos de imagem, encargos trabalhistas e premiações pagas ao longo do ano aos atletas.
Optamos sempre por somar todos esses valores pois em alguns anos o clube paga premiações elevadas, por exemplo, e sem elas este montante ficaria distorcido da realidade.
Podemos observar que desde 2015 a despesa com a folha salarial do clube vem crescendo a uma taxa constante, praticamente. Porém, em 2023, devido à conquista da Copa do Brasil, o São Paulo distribuiu aos atletas e comissão técnica mais de R$ 50 milhões em premiação o que fez com que esse crescimento fosse acentuado na última temporada.
No gráfico acima, fizemos um comparativo de quanto a despesa com folha salarial representou no total das despesas com futebol do São Paulo nos últimos 10 anos. Podemos notar que até 2019 ela oscilava na casa dos 50%. Porém a partir de 2020, com o aumento nos gastos com folha salarial e diminuição de gastos em outras áreas, como por exemplo, contratação de atletas, esse percentual atingiu patamares superiores a 60% em 2021 e 2023.
O que pode mudar nos próximos anos?
Com a aprovação do Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios – FIDC, o clube passou a ter novas regras quanto à gestão do futebol, redução de gastos com folha salarial, superávit anual, dentre outras.
Devemos observar nos próximos anos uma redução dos valores pagos, porém, os efeitos da política adotada para atingimento de metas do FIDC só aparecerão a partir do balanço de 2025.
Finanças Tricolor começou em junho de 2017 com o objetivo de realizar análises detalhadas e independentes das demonstrações financeiras do São Paulo e, assim, disseminar o conhecimento sobre as finanças do clube para a maior quantidade possível de torcedores, na medida em que a saúde financeira do clube permite melhores resultados desportivos.
A equipe do Finanças Tricolor é formada por um Administrador com especialização em Finanças e um Advogado com mestrado em direito tributário que trabalham juntos na pesquisa e desenvolvimento dos estudos apresentados no perfil.
Confira nossas matérias aqui no Arquibancada Tricolor.
Receba notícias do SPFC no WhatsApp e Telegram.
Siga-nos no Instagram, no YouTube e no Twitter.
Com certeza, é bom demais ler uma coluna seja jurídica, de economia, medicina ou qualquer assunto e que o texto esteja escrito para o povo e não unicamente voltado ao público da área que a coluna é escrita – uma coluna jurídica busca dar conhecimento a estudantes e todos os profissionais do Direito e por ai vai…-
Enfim, acompanhar essa coluna é muito bom e gratificante, péssimo é tentar entender os motivosde o São Paulo “trabalhar” com um mês de salário atrasado, sendo que isso só o prejudica, tanto financeira, quanto juridicamente – aí vem a pergunta do milhão: o FDIC não tem como obrigar o clube a pagar em dia? –
Ver que São Paulo esconde informações no balanço na parte “outras remunerações” sem especificar quais e nem diz quais novas dívidas entraram para o débito aumentar tanto, além da VIOLENTA, GROTESCA, IMBECIL E TOSCA FALTA DE TRANSPARÊNCIA – porque a diretoria não aparece nunca para explicar o quê de ruim ocorre no clube e porque uma reunião de conselho precisa ser mudada por causa do jogo do time, chega a ser absurdo.
Divida total do clube: R$ 968,2 milhões – se não levar o FDIC em consideração, passa de 1 bilhão de reais e nenhuma mísera de Julio Casares, por que será? –
Deveriam votar assim mesmo e publicar o balanço – que deveria ser publicado até 31/3 -.
Olha, se pegar o balanço de 24, tem uma parte que chama margem de contribuição. Isso é a Receita menos a despesa daquela unidade, excluindo coisas de fora da operação (como juros de dívida, multa). Se pegar o Futebol Profissional e Base, a margem de contribuição é um prejuízo de aproximadamente 72 milhões de Reais. Se colocar o lucro que o estádio dá (43 milhões), ainda falta dinheiro para zerar o prejuízo. De fato, em 2023 por exemplo, o futebol deu lucro. Mas quem paga a conta da administração geral? Eles não geram receitas por si só. Alguém tem que pagar as contas. Nas empresas é a mesma coisa: Vendas gera receita e tem seu custo. RH não gera receitas. Quem paga pelo RH? Complicado analisar só o Futebol. Sem o Futebol, provavelmente não teria estádio, que ajuda a pagar boa parte dessa conta.