Após meses de impasse, o São Paulo e o Porto enfim chegaram a um acordo envolvendo o lateral esquerdo Wendell e dois jovens talentos da base tricolor, William Gomes e Moreira. Mas a conclusão dessa negociação levanta questionamentos: até que ponto vale a pena se sujeitar a um longo desgaste por um jogador de 31 anos, ao custo da perda de promessas de Cotia?
A novela começou no ano passado, quando o Tricolor demonstrou interesse em Wendell. Desde então, o clube português conduziu a negociação da forma que bem entendeu, ditando os rumos da conversa e, em determinado momento, cogitando até acionar a FIFA contra o São Paulo pelo caso do lateral. O desfecho foi, como esperado, favorável ao Porto.
De acordo com o comunicado publicado no site oficial do clube português, 80% dos direitos do jovem atacante William Gomes foram adquiridos por 9 milhões de euros (cerca de R$ 55 milhões), enquanto o São Paulo manteve 20%. Já o lateral Moreira foi cedido por empréstimo gratuito, com opção de compra de 50% dos direitos fixada em 2 milhões de euros (R$ 12,2 milhões).
Mais uma vez, a diretoria são-paulina demonstra falta de visão a longo prazo e reforça sua incapacidade de valorizar os talentos da base. A gestão atual acumula decisões questionáveis, e essa negociação reforça o padrão de escolhas equivocadas que prejudicam o futuro do clube.
Há quem veja vantagens no acordo, no entanto, desta vez, é difícil concordar. Moreira pode ter um histórico de lesões, assim como Igor Vinícius, mas ainda é uma promessa que poderia se desenvolver e suprir uma das carências crônicas do elenco: a lateral esquerda, já que, no início desta temporada, vinha sendo improvisado por lá ou até mesmo continuaria atuando em sua posição de ofício. Na última temporada, o São Paulo chegou a ficar sem nenhum lateral-direito disponível, situação que poderia se repetir.
Já a venda de William Gomes parece ainda mais precipitada. O atacante, pouco aproveitado pelo técnico Zubeldía, poderia ter recebido mais oportunidades para mostrar seu valor antes de ser negociado. Em vez disso, o São Paulo optou por abrir mão de mais um talento de Cotia sem sequer testar seu potencial real no elenco principal.
No fim das contas, a impressão que fica é que o Porto ditou os termos do início ao fim, enquanto a diretoria tricolor aceitou as condições impostas. E, mais uma vez, Cotia parece ter sido transformada em um balcão de negócios para clubes europeus, com a diretoria do Morumbi atuando como meros intermediários de talentos.
Os dois jogadores até poderiam ser vendidos, mas com uma valorização maior e em condições mais favoráveis para o São Paulo. Agora, resta aguardar a chegada de Wendell para avaliar se ele realmente justificava todo esse estresse e a perda de jovens promessas de Cotia. Enquanto ele não chega e não demonstra seu valor, a negociação parece um erro estratégico. Além disso, faltou uma postura mais firme da diretoria são-paulina diante do Porto, que conduziu a negociação como quis, enquanto os dirigentes do Morumbi se mostraram passivos e sem imposição.
Lorrane Lágila. Tenho 26 anos e sou jornalista. A paixão pelo São Paulo FC está em mim desde sempre, e costumo dizer que foi o clube quem escolheu minha profissão. Decidi seguir o jornalismo por amor a esse time e pela emoção de viver cada momento, acompanhando o futebol, seja de alegria ou sofrimento. Esse amor pelo São Paulo é uma verdadeira herança familiar, transmitida por meu pai, que me fez sentir esse vínculo ao assistir aos jogos ao seu lado. Porque o São Paulo é um sentimento que jamais acabará e é o que me representa.
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