Mais uma vez o elenco escolhe com quem trabalhar? | OPINIÃO

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Após a derrota para o Fluminense no último sábado (5) pelo Campeonato Brasileiro, surgiu a história de uma discussão forte entre Patrick e outros do elenco com Rogério Ceni, por conta de uma substituição do atleta na partida.

Logicamente, a grande maioria da torcida está insatisfeita com o trabalho de Ceni no comando da equipe, mas enquanto você lê esse texto, tente pensar friamente por um momento.

Alguns jogadores que estiveram na derrocada do Brasileirão 2020, quando o São Paulo liderava e tinha boas chances de ser campeão, mas subitamente caiu de desempenho após a briga entre Diniz e Tchê Tchê, estão no elenco atual.

Da mesma forma, o elenco tem muitos remanescentes do grupo que também deixou de correr com a mesma intensidade de antes, após ficarem bravos com a metodologia dos preparadores físicos da comissão de Hernán Crespo.

Tá, mas o que tem a ver uma coisa com outra?

O treinador Rogério Ceni tem o trabalho contestado com razão por algumas insistências e teimosias, mas fora o fato de ter um elenco de qualidade mediana para trabalhar, vemos aqui mais uma vez a situação em que o elenco escolhe para quem quer trabalhar (a apuração sobre a briga foi feita também por Marcelo Baseggio da Gazeta).

Lembro sempre de um termo que Edgardo Bauza usava em entrevistas: Hierarquia. Por mais que Ceni tenha algumas convicções que não entendemos, ele é o treinador e não cabe a jogadores de qualidade mediana, contestarem suas decisões. Jogadores que deixaram a desejar em momentos importantes do ano e, convenhamos, não estão com muita moral pra isso.

O próprio Patrick, é um jogador que não aguenta atuar por 90 minutos com o mesmo rendimento e havia sido defendido por Ceni, pelas críticas à sua forma física.

Nos bastidores de tudo isso, mais uma vez, um grupo que deveria tomar a frente e o pulso de toda a situação, fica assistindo de camarote: a diretoria de futebol do São Paulo FC.

Discussões são normais e acontecem em um grupo de jogadores com treinadores. Muitas vezes isso é até benéfico para a melhoria de resultados e ambiente, mas pelo histórico recente, citados acima como o Brasileirão de 2020 e saída de Crespo, fica claro quem manda no clube.

Como ter pulso firme e cobrança, quando você deve?

Fica muito difícil você conseguir cobrar algo e mostrar pulso firme, se está devendo compromissos há tanto tempo, como é o caso da diretoria do São Paulo. A solução mais fácil e barata, passa a ser, fingir que não vê e não interferir. Depois, é só trocar o treinador.

Alguns devem se lembrar de um episódio parecido em 2001, quando o treinador Nelsinho Baptista afastou três jogadores que chamou de “laranjas podres” e que influenciavam negativamente o ambiente.

Naquela época, o São Paulo também vivia momentos conturbados na gestão, tinha Paulo Amaral como presidente e problemas na administração do elenco, como o caso do afastamento de Rogério Ceni após uma proposta do Arsenal.

O que fazer então?

Não posso ter a pretensão de dizer, daqui do lado de fora, o que devem ou não fazer, mas acredito que seria muito benéfico para o São Paulo, não renovar, negociar, emprestar, se livrar de jogadores que seriam os “cabeças” desse tipo de movimentação dentro do elenco.

Quando a diretoria apenas demite o treinador, ela “passa o recibo” que o elenco pode fazer o que quiser e pode escolher quando vai correr e quando vai deixar de se esforçar conforme for o técnico.

No Brasil, isso é muito comum, pois não existe respeito à hierarquia e como os clubes são reféns de empresários e das dívidas com jogadores, esse cenário é frequente.

Os mesmos jogadores, se estivessem em algum clube europeu, seriam prontamente afastados e aprenderiam a ser mais profissionais.

Mas profissionalismo e São Paulo Futebol Clube, são coisas que caminham em lados opostos há muito tempo.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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