O que achei da entrevista de Casares | OPINIÃO

Na noite desta segunda-feira (11), o presidente do São Paulo, Julio Casares, participou do Roda Viva, tradicional programa de entrevistas da TV Cultura.

Não consegui assistir ao vivo, mas tive a oportunidade de ver o programa na íntegra posteriormente para formar minha opinião e resolvi compartilhar aqui.

Antes mesmo de assistir o conteúdo, eu vinha pensando que é um momento inoportuno para esta participação, às vésperas de uma final importante. Além de gerar foco e atrair atenção no momento errado, alguma declaração poderia ser extraída fora de contexto e gerar barulho evitável.

Outro ponto também que me veio em mente, era o motivo para a participação, pois sem querer desmerecer o histórico profissional respeitável de Casares como executivo, não houve recentemente uma realização considerável ou conquista notória para isso.

O conteúdo da entrevista

O programa é comandado pela jornalista Vera Magalhães, que fez algumas colocações pontuais e, embora “cornetada” pelo chat e redes sociais, preciso reforçar que é são-paulina.

No decorrer do programa, achei que até foram feitas boas perguntas, talvez com exceção a algumas fora de contexto, do jornalista Luiz Cesar Pimentel, da Revista Isto É, que foi bem quando perguntou sobre a possibilidade de “destombamento” do Morumbi para obras.

No entanto, senti que em muitas perguntas, Casares foi evasivo e não respondeu objetivamente perguntas relacionadas a distribuição e vendas de ingressos, o programa Sócio-Torcedor, dívidas e na democratização do clube, que na prática não tem participação da torcida, em boa pergunta do jornalista Luiz Teixeira do Grupo Globo.

Receitas e recursos financeiros

Em outro tema, relacionado a receita de shows, em minha opinião, soa incoerente celebrar os concertos do grupo Coldplay no Morumbi, sendo que o estádio não foi a primeira opção e só recebeu o evento após conflito de agendas com o Allianz Parque.

Entendo que um ponto em que Casares foi bem, ocorreu ao citar a Liga Brasileira de Clubes, quando questionado sobre a demora e impasse no consenso entre os dirigentes. De fato, é necessário “acelerar” esta união para que novas receitas cheguem e o futebol brasileiro, como um todo, dê um salto.

Roda Viva TV Cultura | Arquibancada Tricolor
Julio Casares participou do programa Roda Viva da TV Cultura

Dívidas e gestões anteriores

Outro ponto que me chamou atenção, foi quanto as dívidas do clube foram mencionadas. Casares, em um primeiro momento, comenta que “herdou” dívidas de outras gestões, embora tenha desempenhado importante papel em diretorias passadas.

Quando a jornalista Alinne Fanelli, da Band News, questionou se havia débitos com o elenco e qual o valor da dívida do clube, mais uma vez as respostas foram evasivas inicialmente. A postura se repetiu quando houve a pergunta em relação ao contrato com a empresa Total Acesso.

Ainda em relação a dívidas e premiações possivelmente comprometidas, o presidente respondeu que metas não alcançadas (final do Paulista, por exemplo) foram compensadas por outras receitas não previstas como bilheteria, Sócio-Torcedor e a final da Copa do Brasil.

Quando questionado sobre a contratação de Galoppo, pelo jornalista Arnaldo Ribeiro, o mandatário Tricolor comentou que não há débitos. O valor foi integralmente quitado via criptomoedas devido a logísticas operacionais sob o valor de US$ 4,3 milhões e que chegou a receber sondagens no valor de US$ 7 milhões.

Casares mencionou mais de uma vez que herdou um clube com um cenário muito ruim e que restaurou a credibilidade, porém, reforço aqui que o atual presidente e outros membros da gestão participaram de diretorias anteriores. E ainda falta mais transparência e comunicação para melhorar a credibilidade.

Reforma do Morumbi e infraestrutura defasada

Jornal argentino destaca ampliação do Morumbi
Foto: Divulgação / saopaulofc.net

Em relação à estrutura, Julio Casares comentou sobre ter hoje apenas dois jogadores no DM, a reestruturação no REFFIS (incluindo profissionais) e reformas no CCT, tudo com recursos próprios.

Mencionou a recuperação e liberação médica antecipada de Ferraresi como exemplo de progresso dessa reorganização. Porém, achei que poderiam complementar com menções a jogadores que não retornaram há tempos como Erison e Igor Vinicius, por exemplo.

Ao falar sobre uma possível reforma do Morumbi, Casares comentou que ainda não há um projeto ou qualquer estimativa de tempo ou valores, mas que é um desejo. A resposta deixou muito no ar a possibilidade real de ter algo iniciando em 2024, como mencionado recentemente em diversos canais.

Resultados esportivos

A jornalista Iara Oliveira, da Rádio Transamérica tocou em um ponto: a excessiva troca de treinadores nos últimos anos. Casares comentou que a relação com os treinadores é boa apesar das demissões, mas que em sua gestão foram 3 treinadores (Crespo, Ceni e Dorival) e que o São Paulo é um dos clubes que menos trocou de técnicos, reforçando contar com Dorival em 2024.

Sobre os resultados esportivos e se é candidato à reeleição, o atual presidente afirmou categoricamente que concorre a mais um mandato e que aprova os resultados obtidos pelo São Paulo. Citou ainda que a torcida vem lotando o Morumbi por conta da autoestima reestabelecida em sua gestão que devolveu o São Paulo como protagonista.

Vera Magalhães rebateu este ponto, citando que o São Paulo não é protagonista e sim o Palmeiras, maior vencedor recente, mas Casares reformulou sua fala dizendo que o clube voltou a ser competitivo, embora citando que o Palmeiras não está na final da Copa do Brasil.

Neste ponto, discordo de muitos perfis e páginas que preferiram criticar a jornalista, pois ela falou uma realidade e na minha visão, o argumento do presidente foi muito mais com um teor de torcedor do que dirigente.

Acesso à imprensa

Uma importante questão levantada por Luiz Teixeira, veio em relação à não abertura do São Paulo para profissionais de imprensa nos treinos. O presidente Tricolor mais uma vez foi evasivo ao meu ver, não respondendo efetivamente porque não há mais acesso à imprensa.

Base Tricolor

Um ponto pouco abordado foi relacionado à base do São Paulo. Apenas Arnaldo Ribeiro comentou brevemente o processo de escolha de treinadores, que trouxe figuras midiáticas e depois optou por uma solução caseira. Gostaria de ver questões relacionadas ao excesso de participação de empresários em Cotia, inclusive antigas “personas non gratas”.

Troca de material esportivo

Alinne Fanelli perguntou sobre a relação com a Adidas e possibilidade de troca de fornecedor. Embora não tenha confirmado, Casares foi mais objetivo a respeito de uma conversa mais sólida com outra marca que possa respeitar mais o São Paulo Futebol Clube.

Um ponto positivo da entrevista ao meu ver, foi quando Julio Casares posicionou o São Paulo como um clube para todos, independente de gênero, cor, classe social, orientação sexual e se posicionando como popular, de fato.

Porém, para isso ser efetivo, entendo que o São Paulo precisa olhar mais para o torcedor, que carrega e financia o clube. Melhorar urgentemente o programa Sócio-Torcedor, a prática de preços em jogos grandes, mais transparência e tornar as decisões internas mais democráticas.

E você, o que você achou da entrevista? Comente suas opiniões!

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

Receba notícias do SPFC no WhatsApp e Telegram.
Siga-nos no Instagram, no YouTube e no Twitter.

Compartilhe esta notícia