O mundo do futebol tem muitos segredos de bastidores. Em negociações, então, as coisas nem sempre se encaminham da melhor maneira possível. Muitas vezes, o simples vazamento de informação é suficiente para “melar” uma contratação. Em outras, contratempos ou desencontros são fatores decisivos para mudar os rumos das tratativas. Reunimos aqui um breve resumo de 5 craques que estavam apalavrados e por pouco não vestiram a camisa do São Paulo.
5 – RENATO GAÚCHO
Quando ainda era jogador do Grêmio, Renato Portallupi chegou a vestir um uniforme do São Paulo na saída de um jogo contra o São Borja, pelo Campeonato Gaúcho. Na ocasião, diziam que ele estava afrontando a diretoria e queria mostrar solidariedade ao amigo Paulo Roberto, que havia sido negociado pelo Grêmio ao time paulista contra a vontade após o Mundial de Clubes.
Contudo, não é essa a história de Renato com o São Paulo. No começo de 1997, o Fluminense tinha uma dívida milionária com Renato Gaúcho. A FPF queria promover o Paulistão e iria bancar os salários do craque para jogar no time do Morumbi. Ele chegou a posar com o uniforme do clube, foi apresentado e acabou desistindo do negócio porque o clube carioca aceitou pagar o que devia. Como todos sabem, Renato Gaúcho não resiste ao Rio de Janeiro.
4- GABIGOL
Muita gente não sabe, mas Gabriel Barbosa iniciou sua jornada futebolística no futsal do São Paulo. Seu pai, Valdemar Almeida, contou uma parte dessa história à rádio ESPN: “O Gabriel jogava futsal no São Paulo e disputava campeonatos estaduais. Certa vez, teve um jogo São Paulo x Santos, que acabou 6 a 1 para o São Paulo, e o Gabriel fez os seis gols. Esse dia, estava o Zito, e ele falou que gostaria que o meu filho fizesse um teste no Santos. Então a gente não pensou duas vezes e deu no que deu”. Em entrevista ao Podpah, o próprio jogador falou sobre a situação. Confira clicando aqui.
A história com o time profissional do São Paulo, contudo, deu-se recentemente. As negociações se deram em 2017, quando o técnico do São Paulo era Dorival Júnior – com quem ele trabalhou na época do Santos. O treinador foi quem esclareceu a situação: “Ele me pediu três nomes. Eu dei o do Everton Cebolinha, do Bruno Henrique e do Gabigol. Estávamos fechados com o Gabigol. Pode perguntar para o Gabriel. Ele, inclusive, pediu para jogar como centroavante e eu falei: ‘tá bom, não tem problema’. A gente conversou uma seis vezes. Eu saí dos Estados Unidos achando que o Gabriel estava contratado“, disse Dorival, à Gazeta Esportiva.
O Santos, porém, entrou na jogada e atravessou a negociação do São Paulo.
3- RAPHAEL VEIGA
Raphael Veiga, grande jogador do rival Palmeiras, estava acertado com o São Paulo antes de ir para o alviverde. Quem conta essa história é Alexandre Mattos, que, à época, utilizou de uma cartada para levá-lo ao time verde.
“Sabe um jogador que tirei de dentro do rival? Mas esse foi de dentro. Esse estava indo mesmo para o rival: Raphael Veiga. Estava praticamente acordado com o São Paulo. Eu o vi jogando em um Atlético-MG x Coritiba em que ele jogou para caramba. Entrei na internet, vi quem era o empresário e liguei. Ele me disse que estava muito próximo do São Paulo e que seria difícil reverter. Preguntei se já estava assinado. Na negativa, disse que ele então poderia me escutar“, relatou Mattos.
A análise de Mattos era de que Veiga ainda não estava pronto. Por isso, ao retirar o meia das mãos do São Paulo, a ideia seria dar oportunidade de ele amadurecer em outro clube e, depois, voltar para brilhar pelo Palmeiras. E a isca para poder seduzir a ida do jogador para o rival foi o avô, que sonhava em ver o atleta com a camisa do Palestra.
“Nós vamos fazer ele ser o camisa 10 do Palmeiras. Mas vamos precisar emprestá-lo para prepará-lo. É difícil achar um jogador, principalmente um camisa 10. Então isso foi pensado, igualmente ao que ocorreu com Wesley. Quando o empresário dele me viu ligando muito, deu-me uma dica: o avô dele era muito palmeirense. E dizia que o sonho era vê-lo jogando no Palmeiras. Ah, meu amigo! Aí foi dentro da criança…“, completou o empresário.
2- GABRIEL JESUS
Mais um jogador que não vestiu a camisa do Tricolor por uma intervenção do empresário Alexandre Mattos. O jogador, que atualmente atua no Manchester City, estava certo com o São Paulo, mas Alexandre aprontou das suas.
Segundo ele, a situação do rival Palmeiras naquela época bastante complicada. Como o time estava voltando da série B, havia uma bagunça generalizada, o que fazia com que a referência dos jogadores fosse outros clubes – tal qual o Tricolor.
“O difícil era ganhar em 2014. Quando eu cheguei, o Gabriel Jesus ia para o São Paulo. Era o São Paulo quem estava disputando tudo. O Palmeiras estava uma bagunça: salário atrasado, não tinha investimento, não disputava nada”, afirmou Mattos.
No período, o São Paulo tinha um time formado de estrelas: Ganso, Luís Fabiano, Kaká, Alan Kardec, Rogério Ceni, Alexandre Pato e outros. Aquela equipe se sagrou vice-campeã brasileira, na gestão de Carlos Miguel Aidar – que acabou sendo afastado por suspeitas de corrupção. O empresário detalhou qual foi a tática escolhida para conseguir seduzir Gabriel Jesus: conceder 70% do passe.
“Ali, qual foi a estratégia? Foi dar 70% do passe para o Gabriel Jesus. À época, podia, né?! Antes de 2015. E o Palmeiras ficou com 30, lembram?! Colocamos ele no profissional, renovamos o contrato e depois ele foi vendido por 33 milhões de euros, a maior venda da história do Palmeiras. Isso tudo é estratégia, confiança“, completou Alexandre Mattos.
1- ROMÁRIO
Isso mesmo. No auge de sua juventude, quando estava fazendo muitos gols pelo Vasco da Gama e antes de ir à Europa, o baixinho esteve perto de jogar pelo São Paulo. É o próprio Romário quem conta essa história.
“Eu quase fui para o São Paulo. Quando eu fui para o PSV, do Vasco, eu estava quase indo para o São Paulo. Tinha na época o Chimello, que foi quem fez esse movimento, mas aí acabou aparecendo o PSV, financeiramente melhor para mim e para o Vasco, e fui para lá”, completou.
José Eduardo Chimello é o nome citado por Romário. Ele trabalhou no São Paulo na década de 80 e foi o responsável por montar a equipe campeã brasileira de 1986.
Confira aqui o trecho do podcast com Rica Perrone em que ele fala sobre essa quase-negociação.