Por Victor Oliveira – Via Facebook
Nada expressa mais a decadência e apequenamento do São Paulo como a reação de torcida, jogadores e diretoria frente a mais uma eliminação diante do Corinthians, no Campeonato Paulista. O clima é de derrota em final de Libertadores. Foi assim que o São Paulo encarou a semifinal do Paulistão em Itaquera: como o jogo do ano. Já para o Corinthians, um jogo importante, mas com resultado negativo ou positivo, pouco influenciaria a sequência do time na temporada.
Trata-se de uma diferença sutil mas que representa muito bem o processo de apequenamento do São Paulo Futebol Clube, nos últimos 10 anos. Picuinhas políticas e egoístas com rivais, disputa interna visando a manutenção do poder a qualquer custo, excesso de vaidade e acomodação refletiram no campo e na estrutura: o São Paulo sub-utilizou a base, não tem um conceito de futebol, troca constantemente de técnico, contrata medalhões que pouco jogam e jogadores em ascensão que pouco dão resultado, para logo depois jogarem bem em outros clubes, sua situação financeira está arruinada com o clube necessitando vender atletas a todo momento, culminando em frequentes alterações de estilo de jogo, também deixou de ser a referência em fisiologia e condicionamento físico e tem um estádio obsoleto, que necessita urgentemente de uma modernização.
No mesmo período, os rivais Corinthians e Palmeiras se movimentaram. O destaque é o alviverde, que reformou seu estádio, tornando-se o mais procurado para eventos na capital paulista; modernizou sua estrutura interna, conseguiu apaziguar bastante a política do clube, anteriormente caótica. Também contou com a sorte de ter um ricaço como Presidente, que acertou as finanças do clube e ainda acertou uma parceria milionária, que não poupa esforços e recursos na hora de ajudar o clube a contratar. O novo cenário palmeirense ainda carece de títulos internacionais (até agora só levou o Brasileirão-2016 e a Copa do Brasil-2015), mas o horizonte é muito melhor que o da década passada.
O Corinthians, por sua vez, vive grave situação financeira, por conta das parcelas de financiamento do seu estádio. Mesmo assim, mantém desde o início da década um time extremamente competitivo, que já ganhou um Mundial de Clubes, uma Libertadores, uma Recopa Sul-Americana e dois Campeonatos Paulistas. O modelo de jogo é o mesmo, desde 2009, com diversas trocas de jogadores ao longo do caminho, que não prejudicam o desempenho do time. Além disso, o clube construiu um Centro de Treinamentos de primeira linha e usa muito bem suas categorias de base.
O cenário é o extremo oposto de 2008, com o São Paulo bem atrás de seus rivais na atualidade. Não à toa, isso se reflete no desempenho tricolor nos clássicos, pífio na década vigente. O clube precisa de um planejamento financeiro para reequilibrar suas finanças, precisa desenvolver (ou resgatar) um conceito de futebol, trabalhando desde a base e utilizando mais os garotos no time principal, deixando de lado contratações caras e pouco efetivas. Além disso, precisa modernizar suas instalações. Nem que para isso, precise se desfazer do Morumbi e construir um novo estádio em outra área da cidade, como fez o Grêmio em Porto Alegre. É assim que o clube vai retomar sua grandeza, e não jogando um mata-mata contra um rival, como se fosse o jogo da vida e se defendendo em quase 100% dos 180 minutos da decisão, com pouca eficiência no ataque. Lembrou o Vasco, nos tempos de Eurico Miranda, que tratava os jogos contra o Flamengo como “finais de campeonato”. É pouco, muito pouco para um clube com uma história tão vencedora como a do São Paulo.