A diretoria do São Paulo tem a grande oportunidade de passar um importante recado à torcida, mostrar que não há compromisso com erros e que o ano do clube importa mais do que egos. Afinal, os responsáveis por assumir a responsabilidade no final da última temporada e bancar Luis Zubeldía foram Júlio Casares, Carlos Belmonte e cia. Naquele momento já era difícil citar cinco partidas que o São Paulo tivesse vencido e convencido sob o comando do argentino.
A reta final do último Campeonato Brasileiro já dava mostras de um São Paulo que aos poucos se afastava das suas principais virtudes. Parte da torcida, mesmo que de maneira tímida, já sugeria uma troca no comando para que o novo treinador pudesse ter uma pré-temporada inteira. Mas a diretoria resolveu apostar na continuidade do trabalho e permitiu que Zubeldía iniciasse 2025 no comando.
Numa decisão que rompeu com a identidade que começou a ser criada em 2020, com times que priorizavam a posse, o jogo ofensivo, aproximado e com comissões técnicas que sabiam extrair o melhor das características dos jogadores. Zubeldía não conseguiu implementar nem aquilo que foi sua principal virtude em toda carreira; times compactos, que defendiam bem e eram reativos.
É um São Paulo espaçado e que pouco consegue mostrar taticamente. Seja com titulares ou reservas, não é claro como o treinador arma e quais são suas ideias. Muitos se apoiam em partidas contra Corinthians e Mirassol para falar sobre bom futebol apresentado, mas pouco é levado em conta que a parte técnica dos jogadores sobrepuseram os aspectos táticos colocados pelo treinador. Lucas, Calleri, Oscar e Luciano brilharam individualmente. Num dia em que a maioria do elenco corre errado, resultados como contra a Inter de Limeira e Velo Clube acontecem.
Será um atestado de desrespeito ao torcedor manter no comando aquele que tem grande responsabilidade pelos tropeços contra um time de quarta divisão e outro que fez nesta semana a primeira viagem de avião da sua história. Foge do mínimo aceitável e envergonha a torcida. Jogar mal e perder de times que figuram no cenário principal do futebol brasileiro chateia o torcedor, mas equipara os elencos e dão uma ou outra esperança de melhora. Contra clubes – quase – amadores é um sacrilégio.
Os últimos cinco técnicos do São Paulo deixaram legados claros. Diniz colaborou para o desenvolvimento de uma identidade, Crespo nos tirou da fila, Rogério nos fez disputar finais novamente e deixou a base que mais tarde foi campeã com Dorival. Esse último, por sua vez, além do título inédito da Copa do Brasil, potencializou jogadores como Beraldo e Alisson. Carpini em pouquíssimo tempo quebrou tabu na Arena Corinthians e foi campeão contra o Palmeiras na final da Supercopa. O que é possível dizer que o Zubeldía deixa de muito positivo após 10 meses? Não desenvolve atletas da base, não melhora os experientes e não deixa uma perspectiva de evolução no desempenho tático.
Mesmo que vença o Palmeiras no Allianz com atuações individuais, é um time que não mostra possibilidade de evolução coletiva. Não há ideia a ser desenvolvida. Se vencer e o argentino permanecer, a diretoria apenas adiará mais uma vez a decisão que deveria ter sido tomada em dezembro. Uma tragédia anunciada, coberta por falsa convicção à defesa de trabalhos longevos.
Paolo Ricardo, 26 anos, Relações Públicas e paulistano.
Apaixonado incondicional pela instituição São Paulo Futebol Clube.
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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Paulo Ricardo, homônimo do ex-vocalista e líder do RPM e pra tristeza nossa, o outro é torcedor do time das 3 cores do Rio hahaha – (quase) coincidências à parte, concordo plenamente com você em relação ao São Paulo de 2020 para cá, fazendo um leve adendo: além dos feitos citados (claro, as perdas do depois disso – de chegar e falhar em momentos decisivos – já foram amplamente debatidas e geraram as demissões dos técnicos, tanto que Diniz e Carpini não as engolem até hoje.
O problema vem da forma utilizada para contratar Crespo e Zubeldía – sendo que ambos tinham acabado de ser campeões da Sul-Americana e pior, ainda, Zubeldía enfrentou o São Paulo nas quartas -.
Não sei se lembra que depois de fazermos a melhor campanha no paulista, ganharmos o campeonato (que era o mesmo tempo de jejum da Libertadores, mas Casares preferiu dar “status de Copa do Mundo” a essa competição), começamos a escorregar no Brasileiro, estávamos passando de fase na Copa do Brasil e na Libertadores, mas “diretoria” já questionava os métodos da preparação física que fazia os jogadores correrem demais…
Com Zubeldía ano passado começamos muito bem, é verdade, mas como lembrou, o fim, foi um desastre: vários jogos ruins – percebe-se que ele não gosta de jogadores jovens, como ele mesmo propaga que é um “grande revelador de jovens” e vive só de endeusar velhos e muitas vezes fracos e ruins, caso de Jandrei, que assim como Sabino, digo que são atletas que nem teriam vindo ao São Paulo –
“Diretoria” avalizou contratação, apoia continuidade – o que também acho um erro – e sei que há anos, transparência nunca foi o forte desse clube, senão em vários fracassos ou em situações que diretor de futebol ou presidente garantiam contratação de jogador ruim e ele realmente fosse pior do que pensavam, seriam os primeiros a sair.