A culpa é de todos: Erros e Acertos no SPFC

Após anos de decisões erradas e uma gestão conduzida pelo mesmo grupo político há anos, que deixa muitas dúvidas a todos nós, o São Paulo vem colecionando fracassos, vexames, e derrotas também fora das quatro linhas. O outrora “clube modelo”, hoje é motivo de chacota e está notoriamente atrás dos rivais do estado.

Diante deste cenário e da escassez de títulos, é natural que toda a torcida pontue todas as ações da diretoria como 100% erradas, mas é importante cobrar as pessoas certas e atribuir a responsabilidade correta à diretoria, treinador / comissão técnica, jogadores e Leco. Afinal, todos tem sua parcela de culpa em tudo o que acontece há tempos no futebol do São Paulo e embora muitos acreditem que a política e gestão não afete o desempenho no campo, a cada dia que passa, vemos que esta é a causa principal de todos os problemas.

Alguns dos acertos e erros recentes:

Pinotti e Leco: protagonistas do filme chamado SPFC!

Acertos:

Contratações bem sucedidas
Inegavelmente, foram bem sucedidas até aqui, as contratações de jogadores como Pratto, Petros, Jucilei (por empréstimo), Cueva (embora tenha gerado um atrito e saída do então diretor, Luiz Antonio da Cunha na época) e Hernanes (mesmo sendo por empréstimo).

Departamento de Análise de Desempenho
A equipe que fez bom trabalho e deu bons resultados no Corinthians, foi contratada pelo Tricolor e indicou a Rogério Ceni, alguns jogadores que vieram a custo baixo e tem mostrado um razoável rendimento até aqui. Sim, há casos como o de Marcinho que começou atuando satisfatoriamente e depois caiu, Thomaz que ainda precisa de mais jogos e Morato que estreou bem, mas teve o azar de uma contusão séria. O fato é que um departamento como este, desde que tenha liberdade para trabalhar da forma ideal, pode trazer bons frutos ao clube.

Contratação de Maicon
Perto de sua saída, foi criticado e corretamente responsabilizado por falhas infantis. Além da postura um tanto quanto forçada de se impor como um zagueiro de cara feia, Maicon foi um acerto na época, pelo momento que vivíamos: Semifinal de uma Libertadores, Lucão como opção no banco e o zagueiro era naturalmente um ótimo reforço, pelo futebol que apresentava. O que podemos discutir, são os altos valores da transação e como isso foi conduzido, mas a contratação em si, foi aprovada por 95% da torcida e seria hipocrisia dizer hoje que foi um erro.

Redução parcial e renegociação de dívidas
Em comparação à nefasta gestão Aidar, há que se reconhecer que temos um ambiente um pouco mais estável em relação a aumento de dívidas. Logicamente, não vivemos o dia a dia do clube e não sabemos o que acontece dentro de casa, mas é uma gestão que inclusive conseguiu renegociar algumas pendências (herdadas desde os tempos de Juvenal Juvêncio) e estancar um pouco a hemorragia financeira que estupra os cofres do clube. O custo desta operação acaba sendo refletido no campo, com a venda de jogadores e baixos investimentos em contratações para os setores que precisamos.

Negociação de jogadores
Por mais que seja algo que não desejamos, a venda de jogadores é algo que os clubes brasileiros precisam fazer e dependem para sobreviver. Neste ponto ao menos, o São Paulo é reconhecido como um bom “vendedor”. É verdade que alguns jogadores saíram prematuramente (caso de David Neres, por exemplo), mas há outros que eram incógnitas, alternavam bons e maus momentos, e não poderíamos cravar que seriam grandes ídolos, mas foram negociados por valores excelentes aos cofres do clube. Por mais que possamos discutir o momento das negociações e para quais finalidades esta receita tem sido direcionada, podemos considerar que foi um reforço às finanças dos combalidos cofres do São Paulo.

Erros:

Lugano
A forma com a qual a diretoria tratou a situação de Lugano, é um completo desrespeito, ainda mais por se tratar de um ídolo, campeão de tudo. O jogador que foi contatado em 2016 com apelo da torcida (o que na época, era muito conveniente à diretoria), foi descartado como um qualquer. O tratamento com jogadores nas renovações, vem sendo bem complicado nesta gestão, pois Gilberto também demorou a ser procurado para continuar ou não no clube (depois se mostrou imaturo nas atitudes, não sendo mais escalado para jogos, de forma justa). Ainda sobre Lugano, há que se ressaltar uma parcela de responsabilidade a Rogério Ceni, que demorou a se posicionar de forma veemente se desejava contar com o jogador, o que deu à diretoria, o pretexto desejado para demorar a renovar o contrato, ao menos até dezembro.

Efetivação de Ceni como treinador
Para alguns, a oportunidade de uma renovação pedida há anos no clube que deu chances a treinadores de trabalho duvidoso como Ricardo Gomes, Adilson Batista, Ney Franco e tantos outros. Para outros, um erro crasso, já que Rogério não tem nenhuma experiência para ser treinador de uma equipe do porte do São Paulo, ainda mais em um momento conturbado, sem títulos e com bastante pressão por resultados. Alie-se a isso, um elenco enxuto, com muitos jogadores sem qualidade mínima para atuar no São Paulo, vendas de jogadores no meio de um campeonato difícil como o Brasileirão e inúmeros desfalques por contusões e erros na preparação física. Todo este pacote ganha mais peso quando pensamos nas eliminações precoces na Copa do Brasil e Paulista (Ok, para adversários grandes, mas apresentando um péssimo futebol nas partidas de ida) e especialmente na Copa Sul Americana, ao ser eliminado por um clube recém promovido à primeira divisão argentina e que jamais havia atuado fora de seu país. A falta de uma consistência tática, insistência em jogadores que não apresentavam bom nível de jogo, falta de critério na escalação de algumas peças e mudanças repentinas de esquemas táticos pouco testados para jogos de maior importância, minaram o trabalho de Ceni.

Vendas de jogadores sem reposição à altura
Assim como a venda de jogadores é um reforço importante nos cofres do clube, há o prejuízo técnico quando não acontecem reposições à altura ou, nenhuma reposição. Lembramos que Ganso era o principal articulador no meio de campo Tricolor e após ser negociado, a diretoria só trouxe alguém de ofício quando buscou Thomaz, vindo do Jorge Wilstermann da Bolívia. Cueva, por mais que atue no meio de campo, não tem como característica a armação de jogadas e tem sido sobrecarregado nesta função. Como não viveu um bom momento, o time todo sentiu e o São Paulo voltou ser um time sem capacidade de criação de jogadas, apostando nos chutões, cruzamentos e jogadas individuais.
A chegada de Hernanes, atenuou esta deficiência, e é até compreensível que o mercado não apresente boas opções disponíveis ou com valores viáveis, mas é aí que entra o planejamento de uma diretoria de futebol: Se o clube tem uma previsão ou percepção que determinado jogador vai sair, precisa ter agilidade e antecipar a busca por reforços. Algo que não estamos vendo acontecer há tempos em certos setores do elenco.

Profissionalismo / Indicação a cargos
A tão falada profissionalização com o novo estatuto ainda se mostra tímida ou, no jargão mais popular, “para inglês ver”. Criou-se um comitê de administração no clube (que no final das contas, parece pouco influenciar efetivamente) com a presença do ídolo Rai, mas também com a presença de indicações de amigos, parceiros e colegas que não necessariamente, são pessoas com sucesso destacado em suas atribuições, para justificar uma indicação. Este ponto aliás, gera dúvidas em relação ao critério usado pela diretoria na nomeação de profissionais remunerados para setores do clube que deveriam ser geridos por pessoas notoriamente capazes em seus ramos de atuação. Muitos questionam qual o critério para indicar Vinicius Pinotti como executivo para o departamento de futebol, já que é um profissional da área de administração de empresas e que fez um bom trabalho (o evento do jogo de despedida de Rogério Ceni, por exemplo) no departamento de marketing em um clube com administração que pouco permite inovar e ousar. Vale uma ressalva aqui sobre Pinotti, pois lembramos ainda que ele financiou ao clube, R$13 milhões por empréstimo a juros baixos, valor que o São Paulo utilizou para a contratação de Centurión. E nos demais cargos remunerados? O que ocorre? Como foi feita a escolha de “profissionais” que foram envolvidos até mesmo em casos policiais?

Critério para seleção de profissionais
Como funciona o RH de uma empresa? Busca-se os melhores profissionais, os mais capacitados para o cargo através de um processo de seleção e depois de muito trabalho, a contratação. Tudo baseado em competências, referências e resultados.
No São Paulo FC, isso não ocorre. Cargos são distribuídos por critérios obscuros, amizades e indicações por favores políticos. Dentro desta prática, vimos recentemente o absurdo da nomeação de um diretor para o marketing, que já respondia por acusações de práticas indevidas e depois, foi demitido por se envolver em um escândalo de desvio de verba na venda de ingressos de shows no Morumbi. Caso este que também não sabemos se está sendo apurado ou encaminhado à polícia.

Apuração de denúncias
O caso de Carlos Miguel Aidar, a comissão sobre o contrato da Under Aarmour que o clube pagaria à empresa Far East, o escândalo da venda indevida de ingressos do show do U2 pelo diretor de marketing e outros casos, são simplesmente deixados de lado no São Paulo FC. Como um grupo fechado, o clube se limita a guardar estas questões embaixo do tapete, sem a devida apuração, expulsão do quadro de associados ou qualquer outra ação punitiva. Isso dá margem a muitas interpretações para quem acompanha do lado de fora, em relação à idoneidade e lisura sobre como o clube e sua gestão trabalha internamente.

Falta de posicionamento
Famosa por aparecer até no Twitter com alguns de seus integrantes (especialmente, Leco) em momentos de vitórias, quando ocorrem derrotas e crises, a diretoria se omite e expõem alguns jogadores em determinadas situações. Usando como exemplo o caso de Rodrigo Caio no episódio do “Fair Play”, não vimos um posicionamento efetivo da diretoria para encerrar o tema, mas em outras situações menos importantes, encontramos notas oficiais e entrevistas a vários canais. É preciso “dar a cara a tapa” mesmo nos momentos ruins, até mesmo para evitar a plantação de notícias e crise que alguns jornalistas parecem adorar fazer. O único que se apresenta, vez ou outra, é Vinicius Pinotti (até mesmo por ser diretor de futebol), mas de forma protocolar.

Preparação física
Este tema já valeu até outro tópico em nosso fórum: viewtopic.php?f=5&t=42
Ressaltamos que algumas notícias no início do ano, informam que a diretoria pretendia demitir / renovar a equipe de preparação física, mas Rogério Ceni solicitou a permanência de Campeiz. O time vinha apresentando um baixo rendimento físico no segundo tempo das partidas, causando derrotas inesperadas. A partir do momento que José Mario Campeiz deixou o clube, notamos um número menor de contusões e uma melhor performance física de jogadores nos momentos finais das partidas.

São apenas alguns pontos que conseguimos lembrar aqui, mas gostaríamos de deixar o espaço livre para que todos possam debater, não apenas sobre estes detalhes, mas outros que vocês podem elencar também. Apenas relembramos e pedimos para que respeitem uns aos outros. Ninguém precisa diminuir outra opinião ou pessoa apenas por pensar diferente.

Diga o que achou! Comente!
Abraços!

Compartilhe esta notícia