Grande entrevista dada por Jucilei ao Lance

Reinaldo foi titular da uma partida pelo tricolor/ Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

 

O volante Jucilei, que chegou na equipe tricolor no início da temporada passada, fez grandes atuações e foi comprado no início deste ano. O jogador assinou por quatro anos com o São Paulo e pensa até em se aposentar no clube.

Confira abaixo os principais temas abordados pelo jogador:

Você renovou por quatro anos no São Paulo. Já está procurando residência fixa?
Estou procurando casa. No ano passado, eu morava de aluguel, mas fiz quatro anos no São Paulo e resolvi comprar casa. Compensa mais do que pagar aluguel.

Em 2011, quando você estava para sair do Corinthians, estava na Seleção Brasileira e disse que queria ir para a Rússia porque ficaria milionário aos 25 anos.
Naquela época, eu tinha um bom salário no Corinthians, mas era a minha independência financeira. Tomei essa decisão porque tinha uma boa proposta na mão, com um bom salário, seria bom para mim, para o Corinthians, para o meu empresário. Então, eu tinha de sair. Fiz minha parte no Corinthians. Não me arrependo.

Seis anos depois, você voltou ao Brasil para jogar no São Paulo e pedindo para ficar…
Fui para fora para fazer o meu pezinho-de-meia. Ficando seis anos nos países em que fui (Anzhi, na Rússia, Al-Jazira, nos Emirados Árabes Unidos, e Shandong Luneng, na China), é lógico que dá para fazer o pé-de-meia. Optei pela questão financeira, foram boas oportunidades. Por que não ir? Tem de agarrar. Mesmo sendo um país difícil, é uma oportunidade.

Ainda sonha com a Seleção?
Sim. Estou com 29 anos. Nesta Copa, sei que é mais difícil. Na outra, estarei com 34. É sonho, né? O negócio é trabalhar bem que as coisas acontecem.

Você tem 29 anos e mais quatro de contrato com o São Paulo. Tem chance de ser o último clube da sua carreira?
Falo muito que quero parar com 35.

Por quê?
Quero aproveitar mais a minha família, curtir meu filho, sair um pouco dessa rotina de concentração. Se fosse só jogar, seria bom. Só chegar, se apresentar e jogar. Até treinar é bom. Mas a logística… Você viaja pelo menos um dia antes, volta só no dia seguinte do jogo. E ninguém gosta de concentrar. É isso que mata. Mas eu gosto de jogar, então…

Então tem chance de você se aposentar no São Paulo?
Sim. Tenho na mente parar com 35. Não sei se vou chegar com 34 e falar “opa, vou continuar”. Ficar longe disso aqui deve ser difícil. Você fica na rotina treino-jogo e, quando sentar no sofá, pensar “caramba”. Ficar em casa o dia todo deve ser chato e dar saudades. Mas acredito que o São Paulo pode ser o último clube, sim.

Virar técnico ou auxiliar quando sem aposentar sem chance?
Não, nada. Aí eu teria essa rotina e logística de novo. Quero outro ramo. No meio do futebol, não quero.

om esse espírito, e essa responsabilidade, imagino que permanecer no São Paulo renovando por mais quatro anos aumentou seu status como referência no grupo.
Sempre procuro ter respeito. Respeito as pessoas e me respeitam. Acredito que a renovação ajudou, sim. Mas tudo isso você consegue dentro de campo, fazendo um bom trabalho, sendo profissional, exemplo. Tudo isso se adquire aos poucos, com seu trabalho. Se eu não fizesse um bom trabalho, não teria nada disso.

Como é o Jucilei líder?
Costumo falar pouco. Na apresentação, o Raí falou que tem vários tipos de liderança. A minha é sendo profissional, exemplo dentro e fora de campo, procurando dar sempre o meu melhor pelo São Paulo. Outros falam mais. O Petros, por exemplo, fala bastante dentro do vestiário, motiva muito. São lideranças diferentes. Procuro falar pouco e jogar mais, e fazer mais meu trabalho dentro de campo. Não é que o Petros não faz, mas ele tem mais essa facilidade de falar.

E como foi para você, um líder calado, dar a preleção como capitão contra o Madureira, na semana passada?
Sai, né? Observo algumas coisas. Falei na roda que tem horas em que precisamos ser um pouco mais ousados dentro de campo. Falei mesmo para o Marcos Guilherme e o Brenner, que eram os caras da ponta. A gente pega uns adversários que vêm para cima e é difícil marcar. Por isso, quando chega do lado do campo, precisamos tentar a jogada, sofrer uma falta. Quantos pênaltis e faltas de perigo sofremos? Falta para nós mais jogada individual, ser ousado dentro de campo. Foi a observação que fiz.

O elenco agora está cheio de garotos que vieram de Cotia. Você conversa bastante com eles?
Converso com o Militão, com o Pedro, tenho boa intimidade com o Brenner, o (Paulinho) Boia. O elenco do São Paulo não tem vaidade nenhuma, muito bom de trabalhar, bom mesmo, mesclando experiência e juventude. Tem tudo para fazer um ano muito bom, mesmo com toda pressão que sentimos, inclusive no intervalo do último jogo. Sabemos que precisamos melhorar, mas acredito muito porque o elenco é muito bom. Elenco sem vaidade tem tudo para crescer.

Qual desses garotos tem mais potencial?
Diferenciado é o Brenner, que vem quebrando recordes e é um cara excepcional. Tem tudo para ganhar o mundo com o futebol dele.

Você gosta do apelido “Jucirei”?
Prefiro Jucilei mesmo (risos).

Por Victor Vasques

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