O “Mundo Invertido” do Morumbi

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Uma das febres do momento, o seriado Stranger Things da Netflix, conta a história de um fenômeno paranormal em uma cidade rural, na qual os personagens encontram uma outra dimensão de nosso mundo, o “Mundo Invertido”, sombrio e dominado por forças malígnas.

Pois bem, me aproveito do momento de sucesso deste seriado e tento fazer aqui, de forma pretenciosa, uma rápida analogia entre sua sinopse e o que vem acontecendo com o São Paulo FC nos últimos anos.

Há 10 anos, o Tricolor Paulista era o time a ser batido. Modelo de gestão, campeão mundial pela terceira vez, conquistando o Bi-Penta Brasileiro, com cofres cheios, sendo o destino de desejo de todos os jogadores do país.

Eis que o “Mundo Invertido” passou a exercer sua força malígina pelos lados do Morumbi, quando o então presidente Juvenal Juvêncio, confiante em seu ego e no momento imbatível do clube, achou que somente ele sabia como gerir este gigante. Errou.

Demitiu profissionais, achou que a estrutura era suficiente, passou por cima de quem era igualmente responsável pelo sucesso, formou alianças para se manter no poder por mais um mandato, calou opositores de várias maneiras, lavou roupa suja pela imprensa, tornou-se soberano no comando. Apelido este, que foi adotado como símbolo daquela era de enorme êxito, mas que se mostrou como o sinônimo de um período soberbo e de maus resultados.

Anos se passaram, os torcedores viram toda a vantagem que o clube tinha sobre os rivais, desaparecer. Títulos a mais, o orgulho de ser o único com casa própria (embora o SCCP deva até a alma, eles tem uma casa e não precisam mais alugar o Morumbi há alguns anos), tabus quebrados, derrotas vexatórias em clássicos, eliminações constantes para times grandes e mesmo os pequenos.

Falando apenas do desempenho Tricolor no Brasileirão, competição que sempre nos orgulhamos de ir muito bem, vejam como foram os últimos 5 anos:

– 2013: 9º lugar. deixou o Z4 apenas na 25ª rodada, mas só respirou aliviado, depois da 29ª.
– 2014: Vice-Campeão. Uma boa campanha, apesar de vacilar na corrida pelo título, com derrotas inesperadas e difíceis de aceitar.
– 2015: 4º lugar. Boa campanha, na medida do possível, brigando sempre pela vaga na LIbertadores.
– 2016: 10º lugar. passou 20 rodadas do Brasileirão no bloco inferior da tabela (abaixo do 11º lugar).
– 2017: definitivamente, o pior pesadelo, entrando no Z4 na 11ª rodada e saindo de vez apenas na 28ª.

Nos últimos 5 anos, o São Paulo brigou contra o rebaixamento em 3 edições. Vergonhoso para o clube que era sempre exaltado como modelo aos demais.

O que esperar em 2018?

Após nos livrarmos do rebaixamento em 2017 (sim, ainda faltam alguns pontos, mas moralmente, o time parece conseguir almejar algo melhor nas últimas rodadas), o que podemos esperar de 2018?

Como evitar que o filme dos últimos anos, se repita com eliminações no mata-mata do Paulista, após fazer boa campanha na primeira fase, ser eliminado na Copa do Brasil, brigar para não cair de novo no Brasileirão e não sofrer tanto em clássicos?

Talvez não desmontando o elenco no meio das disputas. Quem sabe, se formar uma base tática sólida para o time ir apenas trocando algumas peças durante o ano e não precisando fazer uma nova pré-temporada em Junho. Investindo em jogadores que possam trazer alguma qualidade e não apenas para atender favores ou demandas de empresários. Mas principalmente, não se eximindo da responsabilidade e parcela de culpa que cada um tem (diretoria).

Não podemos esquecer de cobrar melhorias e de criticar erros.
Não é a boa sequência de vitórias ou até mesmo uma vaga na LIbertadores que podem nos fazer esquecer de todos os erros.

Diferente do seriado, aqui na vida real, não podemos depender de uma ajuda paranormal para resolver nossos problemas.

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