Leônidas da Silva e a mudança de patamar do São Paulo

Neste dia 24 de maio, porém, há 76 anos, Leônidas da Silva, um dos maiores jogadores da história do futebol fazia sua estreia com a camisa do São Paulo, sob desconfiança e justamente em um clássico, no Pacaembu.

Leônidas era o maior jogador do país, mas estava sem jogar há oito meses e, segundo as críticas de alguns jornalistas da época e torcedores rivais, era um “bonde” (algo como uma “furada” nos dias atuais). A transferência do Flamengo para o São Paulo custou 200 contos de réis – o maior montante já pago em uma negociação de jogador de futebol até então, e por muito tempo, no Brasil.

A contratação havia sido anunciada no dia 1º de abril, o que gerou muitas piadas em alusão ao dia da mentira e apesar do ídolo ter sido o principal jogador da Copa do Mundo de 1938, dificilmente teria condições de repetir sua magia atuando em campos paulistas.

Mesmo com todo esse cenário, havia uma grande expectativa para a chegada do Diamante Negro em São Paulo e mesmo aqueles que criticaram, foram até a estação do Brás para ver o desembarque do atleta na capital. Uma multidão de 10 mil pessoas parou a região e carregou o atleta nos ombros até a sede do Tricolor, que ficava no centro da cidade.

001 5 | Arquibancada Tricolor

A estreia, contra o Corinthians

Alguns dias depois da chegada, e com a avaliação e aval da diretoria do São Paulo, foi marcada enfim, a data de estreia de Leônidas: 24 de maio de 1942, no ‘majestoso’ São Paulo x Corinthians, no Pacaembu.

A expectativa era tão grande, que o jogo marcou o recorde de público do estádio, que dura até hoje e jamais será alcançado, com 72.018 torcedores pagantes e muitos outros que entraram sem o devido controle. Um repórter de A Gazeta descreveu o que via dentro e fora do Pacaembu da seguinte forma: “para se ter ideia da loucura, o público que estava no morro das avenidas dava para encher o Parque São Jorge“.

A partida teve o placar empatado em 3 a 3, com o rival empatando somente no final, quando o Tricolor tinha um jogador a menos. Waldemar de Brito (futuro descobridor de Pelé) se contundiu e não eram permitidas substituições à época. Leônidas não marcou, mas foi o responsável pelo primeiro e terceiro gols do Tricolor.

Uma nova era para o São Paulo e para o futebol estava começando ali.

Desde sempre, havia uma parcela da imprensa que publicava material que servia apenas para limpeza em banheiros, e logo um jornal sensacionalista da época postou no dia seguinte em sua capa: “São Paulo compra bonde de 200 contos” – como se o clube tivesse comprado um jogador velho e ultrapassado.

De acordo com este texto do site oficial do São Paulo, Leônidas nunca engoliu essa provocação e provou, seja ao marcar o primeiro gol de bicicleta em São Paulo em outro clássico, contra o Palmeiras, seja ao se tornar pedra fundamental do time que se tornou imbatível na década de 1940.

O Rolo Compressor dos anos 40

O clube que nasceu vitorioso em 1930 e teve o maior jogador da história do Brasil até aquela época, Arthur Friedenreich, ainda era visto pelos rivais como um “caçula” que não estava no nível de Palestra e Corinthians, mas a chegada de Leônidas, fez com que o Tricolor se consolidasse como um gigante.

Certa vez, em uma reunião na Federação Paulista, dirigentes de Corinthians e Palmeiras estavam discutindo quem seria o campeão daquele ano e tirando no cara e coroa. Quando um dirigente do São Paulo perguntou sobre o Tricolor, os dois riram e disseram que o time só seria campeão se a moeda caísse de pé. E caiu.

O mais novo dos grandes clubes é hoje o mais vitorioso do país, com o maior número de títulos internacionais e devemos tudo isso aos heróis que construíram nossa história, mas principalmente ao Diamante Negro.

Com Leônidas, o São Paulo conquistou os títulos paulistas de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949, encerrando qualquer debate até então.

O craque, se tornou um dos maiores ídolos de nossa história, foi cotado ainda para participar da Copa do Mundo de 1950, já no final de sua carreira como atleta, virou marca de chocolate e ainda foi treinador do Tricolor.

003 | Arquibancada Tricolor

Muito obrigado, Diamante Negro!

Compartilhe esta notícia