O atacante Raniel teve uma rápida passagem pelo São Paulo. Foram 14 jogos ao longo da temporada 2019. Sem muito espaço, o jogador deixou o Tricolor e seguiu para o Santos em negociação que trouxe Vitor Bueno ao Morumbi.
O jogador, que surgiu como uma grande promessa nos tempos do Cruzeiro, teve dificuldades ao longo da carreira – tanto dentro quanto fora de campo.
Nesta sexta-feira (11), o jogador mostrou uma versão pouco conhecida pelo grande público. Em entrevista para a The Players Tribune, Raniel lembrou momentos da carreira e as dificuldades que teve dentro das quatro linhas e fora delas.
“Com 14 anos eu comecei a beber. Depois, a me drogar. E até vender drogas eu vendi. É doído demais lembrar disso, parece que estou jogando sal numa queimadura de água-viva. Eu era só uma criança e acabei cedendo àquele mundo perigoso que me cercava”, relembrou o atacante.
Além dos problemas no início da formação, como atleta profissional, Raniel também teve problemas já depois que jogava pelo Santos. O atacante sofreu com um problema familiar e quase perdeu um filho.
“Eu dei um pulo da cama com os gritos da babá. Desci as escadas correndo e vi meu filho nos braços dela, desacordado, todo molinho, e com a boca espumando. Ai, meu Deus, não desejo algo parecido nem ao meu pior inimigo”, comentou sobre o acidente. “Foram quase 40 minutos dele em parada cardíaca, sem responder, sem vida. Eu conheço bem a dor, de vários tipos e intensidades, por isso posso falar: nenhuma dor que eu tenha sentido até então ou ainda venha a sentir será igual à daquele dia. Nenhuma. Mas aí o Felipe voltou. E a única explicação que eu tenho é que Deus nos deu uma prova de que Ele existe”.
O jogador mostrou as dificuldades para quem para de beber e confessou na entrevista que o jogue com o problema do filho foi tamanho, que ele retornou ao vício do álcool.
“Era o auge da pandemia e os jogos estavam suspensos, os estádios fechados. […] Eu tive uma recaída. Eu me afundei. Bebia, bebia, bebia até cair e bebia mais um pouco deitado. Só parava depois de desmaiar. Eu queria me destruir. Eu via que a qualquer momento algo grave ia acontecer comigo. E eu desejava que acontecesse, porque aquele abismo em que eu caí depois do antidoping no Santa Cruz ficou rasinho perto desse”.
Após o problema, Raniel teve uma trombose aguda em estágio avançado, o que por pouco não acabou com sua carreira precocemente. O atleta conseguiu retornar aos gramados e marcou na pele a promessa de nunca mais beber – o jogador tem uma tatuagem com a última data em que ingeriu uma gota de álcool.
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