Nos últimos anos, o time do São Paulo é permeado de atletas formados no próprio clube. Exemplos não faltam: Antony, Sara, Liziero, Nestor, Militão, Casemiro, enfim, a cada ano surge um talento diferente do CCT de Cotia – uma referência na formação de jogadores no Brasil. Entretanto, muitos desses atletas, ainda em formação, sofrem bastante com pesadas críticas sobre suas atuações no período de adaptação ao time de cima. E é justamente isso que o coordenador da base Pedro Smania aborda na entrevista ao Globo Esporte.
Críticas infundadas
Antes de deixar o Morumbi para virar uma estrela internacional, o garoto Antony era taxado de “pé de pantufa” por uma parte da torcida tricolor. Para eles, o jogador não rendia o quanto esperavam no profissional e perdia muitos gols. Hoje no Ajax, Antony tem o reconhecimento no meio futebolístico como um dos grandes talentos da nova geração. E até mesmo aqueles que torciam o nariz reverberam o quanto o atleta está jogando bola. Sinal de que as infundadas críticas nada mais eram do que uma falta de paciência com uma joia bruta saída de Cotia.
Essas críticas incomodam Pedro Smania. Por essa razão, no bate-papo, ele abordou a questão e saiu em defesa das crias de Cotia, alertando que jogar mal ou se adaptar antes de crescer no time faz parte da profissão.
“Lidar da melhor maneira possível com as críticas (e até ofensas) é um dos trabalhos principais no dia a dia de Cotia. A parte psicológica requer bastante atenção, alinhada com familiares, estafe e pessoas próximas de cada atleta, individualmente. Errar, jogar mal, passar por período ruim, faz parte em todas as profissões“, disse Pedro.
O coordenador da base defendeu ainda a qualidade dos atletas que saem de Cotia, afirmando que aqueles que sobem, que conseguem vingar no time profissional, são de alto nível – atingindo um patamar internacional.
“O que acontece é que o futebol hoje é o psicólogo mais barato que o povo brasileiro possui, é ali onde ele extravasa, xinga e deposita suas mazelas nos jogadores de futebol. Isso reflete nas falas da torcida, nas reações, em ações de invadir CTs exigindo condição A, B ou C do atleta em campo. Os atletas da base que sobem são de alto nível, nível internacional, atletas que têm valor internacional“, prosseguiu Smania.
Objetivos para o futuro
Para além de defender os garotos, Pedro Smania ainda traçou o que seriam alguns objetivos de Cotia para os próximos anos. Enxergando as virtudes do centro de formação são-paulino, o coordenador foi enfático ao afirmar que o Tricolor é um grande polo nascedouro de bons jogadores.
“Temos planejamento de aumentar nossa área de captação do clube. Isso falando em RH inclusive, e a diretoria está em busca disso. É um ano em que precisamos reforçar nossas deficiências. Não devemos nada a ninguém. Estamos na frente, muito na frente nacionalmente falando. Temos um espaço exclusivamente para base, isso não me recordo de algum clube que possua um centro de formação só para a base. Não há nada que tire o São Paulo do posto de grande formador de atletas“, finalizou o coordenador da base.
