Raça Tricolor – LIBERTADORES: uma paixão em três cores e dois idiomas!!

Foto: Divulgação

A coluna Raça Tricolor é publicada aos sábados e escrita pelo Gustavo Torquato, e conterá muita paixão sobre o Tricolor Paulista. Confira o índice da coluna aqui.

Fala torcida tricolor, tudo beleza?!! De que parte do BR você é? Bom, eu sou do Ceará e assim como todo apaixonado por futebol e pelo mais querido do Brasil, também fico com crise de abstinência quando a temporada por aqui se encerra. Ficamos de olho nas contratações e na expectativa de a bola voltar a rolar pelos gramados do Brasil e principalmente pelo tapete do Sacrossanto Morumbi, mesmo que acompanhando de longe. Galera, essa temporada de 2019 é mais que especial, ano de retorno do Tricolor mais conhecido do mundo à Libertadores da América, ou melhor, a Liberta contará novamente com o clube brasileiro que melhor sabe jogar, sentir e transmitir o simbolismo que o torneio tem.

Nada melhor do que começar a coluna com um texto sobre a história do São Paulo na principal competição do continente, afinal essa será a 19ª participação do Tricolor na Libertadores e com um currículo de causar inveja em qualquer outro time, não só do Brasil, mas também pelos lados dos vizinhos hermanos. Afinal, já sabemos que El Morumbi te Mata, e qualquer time que nos enfrenta na libertadores treme diante do Morumba lotado e pulsando em uma sinergia inexplicável. Soy loco por Tri América, ou seria por Tetra América?!!!

A história

A história da Libertadores começa a ser contada em 2 de agosto de 1959, quando após reunião, a Confederação Sulamericana de Futebol resolveu, por maioria de votos, a criação da Copa dos Campeões (assim foi chamada). Logo depois de sessão realizada em congresso entre 27 e 30 de agosto de 1959, presidido por Fermín Sorhueta (Uruguai), foi decidido que a competição se chamaria “Libertadores da América”. O torneio foi batizado com esse nome como uma homenagem aos grandes líderes dos movimentos de independência das nações da América do SulJosé ArtigasSimón BolívarJosé de San MartínJosé Bonifácio de Andrada e SilvaD. Pedro I do BrasilAntonio José de Sucre e Bernardo O’Higgins.

A edição inaugural da Libertadores ocorreu no distante ano de 1960, de lá pra cá o maior torneio da América do Sul já consagrou 25 equipes de 7 países diferentes. Em 2019 a competição chegará a edição de nº 60, com uma novidade que promete causar impacto, final única a ser realizada na cidade de Santiago no Chile. Hacia Santiago!!

O Tricolor na Liberta

A primeira participação do São Paulo em Libertadores ocorreu lá no ano de 1972 e a classificação para o torneio veio através do vice-campeonato brasileiro de 1971 (essa foi a primeira edição do brasileirão, não é verdade?). O torneio tinha formato diferente do qual conhecemos hoje, era disputado por apenas vinte equipes de dez países diferentes, geralmente apenas os campeões/vice-campeões de cada país obtinham classificação para o torneio. A campanha do São Paulo terminou após eliminação nas semifinais da competição, que viria a ter o Independiente da Argentina como vencedor. A partir dali começaria uma história vitoriosa para o Tricolor na Copa Libertadores, mas que só culminaria em título no ano de 1992.

Antes disso, porém, conquistamos um vice-campeonato em 1974, perdendo a final para o tradicional Independiente-ARG e amargamos posições absolutamente discrepantes com a história do clube, em 1978 (14º), 1982 (11º) e 1987 (17º), com eliminações precoces ainda na fase de grupos.

Entretanto, em 1992 a América seria libertada por aquele que se tornou o maior campeão do continente em terras brasileiras. A classificação veio após a campanha do tricampeonato brasileiro de 1991. Os dois representantes brasileiros foram São Paulo e Criciúma, que também ficaram no mesmo grupo na primeira fase do torneio. Após campanha que lhe rendeu o segundo lugar na chave, o São Paulo enfrentou nas oitavas de final o Nacional do Uruguai, nas quartas eliminou o Criciúma, em seguida passou pela Barcelona de Guayaquil, para finalmente sagrar-se campeão em final emocionante contra os argentinos do Newell’s Old Boys, após disputa de pênaltis (3×2), no estádio do Morumbi. O time do São Paulo era formado basicamente por  ZettiCafuAntônio, CarlosRonaldão e Ivan, AdilsonPintadoRaí e Palhinha, Müller (Macedo) e Elivélton. O comando era do eterno mestre Telê Santana.

Em 1993, dobradinha, bicampeonato da Libertadores e ano em que essa pessoa que vos escreve nasceu. Nada melhor do que vir ao mundo bicampeão da América, não é verdade? Lembro com saudosismo das memórias repassadas pelo meu pai daquele time incrível que retornaria ao Japão para conquistar novamente o mundo.

Naquela competição, o Tricolor entrou na fase de oitavas de final, graças ao título conquistado no ano anterior. O São Paulo reencontrou o Newell´s naquela fase e após eliminá-lo, passou pelo Flamengo (tradição é tradição né pai?). Nas semis sobrou para o Cerro Porteño-PAR e a final foi uma festa, 5×3 no agregado diante da Universidad Católica do Chile e bicampeonato faturado, também pelas mãos e mente do genial Telê.

Em 1994, talvez a primeira grande frustração no torneio, a base do time bicampeão perderia sua hegemonia em terras sul-americanas para os argentinos do Vélez Sarsfield, em pleno Morumbi, após disputa de pênaltis (5×3). Antes disso, como de rotina havíamos passado por Palmeiras, depois Unión Espanola – CHI e Olimpia- PAR.

O retorno

Depois de um jejum de participações, retornamos ao torneio mais apaixonante do planeta em 2004, graças ao terceiro lugar no Brasileirão do ano anterior. Nesse formato já havia mais participantes, 36 divididos em 9 grupos com quatro times cada um. Após uma primeira fase impecável (cinco vitórias e apenas uma derrota), eliminamos o Rosário Central da Argentina nos pênaltis, em uma partida memorável dele, o maior mito da história do futebol, Rogério Ceni. Desse jogo eu lembro com um saudosismo gigante. Depois da virada histórica no tempo normal (gols do incrível Grafa, o Grafite) e empate no agregado, com direito a pênalti perdido pelo Fabuloso nos 90 minutos disputados no Morumba e muita emoção, vencemos na disputa de pênaltis (5×4). O protagonista não poderia ser outro, RC1, que além de converter sua cobrança, defendeu duas batidas. Que tempo meus amigos! Sem dúvidas uma das maiores partidas da história do São Paulo. O simbolismo da Raça Tricolor, tão conhecida em jogos de Libertadores!! Que retornemos a ela em 2019! Nas quartas atropelamos o Deportivo Táchira da Venezuela e nas semis uma eliminação melancólica no último lance de jogo, contra o desconhecido Once Caldas, que viria a ser campeão derrubando outro gigante, o Boca Juniors-ARG. Um gosto amargo para aquele time que parecia pronto para reconquistar a América.

O Tri!

Em 2005, a glória! Após o primeiro lugar na fase de grupos, eliminamos o Palmeiras na fase oitavas de final, o que já se tornara rotina pelos lados da Barra Funda. E após passarmos por Tigres e River Plate (olha eles de novo no nosso caminho em 2019), goleamos (4×0) o Atlético Paranaense na finalíssima, em jogo épico no MorumTRI.

As eliminações brasileiras

No ano de 2006 o time vinha do inédito, ainda exclusivo aqui por essas bandas, tricampeonato mundial, a expectativa era enorme. Após avançar na competição, o clube viveria outra noite memorável, daquelas para marcar a história do Cícero Pompeu de Toledo, quartas de final contra o Estudiantes da Argentina e vitória na disputa de pênaltis (4×3), depois de empate no confronto agregado (1×1), com direito a defesa do M1TO. Porém, aquela campanha terminaria com o digno vice-campeonato e a certeza de que o nosso time era melhor, apesar do resultado final. Nos anos de 2007, 2008 e 2009, participações discretas e campanhas ruins diante da grandeza do São Paulo, eliminações em fases de oitivas e quartas de final, para Grêmio, Fluminense e Cruzeiro. Em 2010, apesar do ajuste do time no meio da competição, eliminação nas semifinais pelo critério injusto do gol qualificado fora de casa, uma pena para o time que tinha Hernanes no auge do seu futebol (ele está de volta para ganhar a Libertadores que ficou no caminho), o saudoso Fernandão, que arrumou o nosso ataque, além de “Dagolberto” e Ricardo Oliveira! Era um timaço meus amigos!!

Em 2015, outra eliminação nas oitavas, para o Cruzeiro. Em 2016, na polêmica semifinal contra o Atlético Nacional da Colômbia, o sonho do tetra foi novamente adiado. Após dois LONGOS anos, avisa lá que estamos de volta e a Libertadores terá o prazer de nossa companhia pela décima nona oportunidade. Em terras tupiniquins, ninguém esteve mais vezes nessa condição. E apesar do caminho difícil, dessa vez o tetra vem ou alguém duvida que quanto mais complicado é, mais forte o São Paulo chega na Libertadores?

Nessa relação que ultrapassa décadas, marcada por noites históricas, algumas decepcionantes, porém a maioria com encontros memoráveis, Libertadores e São Paulo Futebol Clube mantêm uma ligação completamente viciante, de modo que um não pode viver sem o outro, a Libertadores não faz sentido sem o SPFC e o clube alimenta muito de sua história graças a intimidade que tem com o torneio.

Vem Libertadores!!!

E para você amigo tricolor, o que representa a Libertadores? Aquele aperto no peito nas vésperas de jogos, o frio na barriga como se fosse você a entrar em campo, o arrepio causado pela vibração da torcida, a entrega e a raça que esperamos ver em campo, a certeza de que aqueles 90 minutos de partida serão os mais importantes da sua vida como torcedor. Libertadores para mim é tudo isso e mais um montão de sensações inexplicáveis e impossíveis de traduzir em palavras. É diferente! E nós sabemos como é diferente!! A bandeira erguida desde cedo, esperando ansiosamente para o inicio da próxima batalha, seja no sofá de casa, junto com os amigos ou na arquibancada, o lugar em que o torcedor tricolor sempre se encontra, para apoiar em cada segundo de jogo e resgatar a voz que vem do fundo do peito, aquele grito guardado e que mal pode esperar para explodir. Como te amo libertadores!! Como te amo tricolor!!

Gustavo Torquato

Gustavo Torquato. Advogado, fanático por futebol e são-paulino desde sempre. Minha relação com futebol começou nos primeiros meses de vida, quando meu pai, radialista esportivo, me presenteou com a camisa do São Paulo Futebol Clube. Um objeto guardado com amor e saudosismo e que sobrevive há 26 anos, assim como meu amor pelo Tricolor.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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