Como assim “Nunca fugimos de campo”? Peraí, Palmeiras!

Durante o confronto dessa semana entre São Paulo e Palmeiras pela Copa do Brasil, uma parte da torcida deles colocou uma faixa, respondendo uma provocação da torcida são-paulina, porém, com uma mentira.

Na imagem você vê os dizeres: “Nunca fugimos de campo”, em alusão a um jogo de 1942, em que o São Paulo protestou contra o time alviverde e, embora não tenha saído de campo, ficou na história que o lado Tricolor teria abandonado o gramado.

Porém, como nosso compromisso é com a verdade e vimos muitos “influencers” e até canais de mídia exaltando essa história, decidimos esclarecer e lembrar que o Palmeiras já abandonou o campo sim, e contra o São Paulo.

Entenda o caso

Em 10 de março de 1935, revoltados com uma decisão do árbitro em validar um gol do São Paulo, o time rival, que na época ainda se chamava ‘Palestra Itália’ se retirou do campo, fugindo do gramado.

A revolta teve início após o gol de empate do tricolor feito por Luizinho aos 20 minutos do segundo tempo, “ademais, os ‘periquitos’, não aceitando a decisão justa ou não, que confirmou a legitimidade do ponto de empate, deixaram a impressão de que temiam ser derrotados, e, consequentemente deram uma demonstração implícita de inferioridade”,  relatou o jornal O Estado de São Paulo, do dia 12/03/1935.

palmeiras abandono 1 | Arquibancada Tricolor
Trecho de matéria do jornal O Estado de São Paulo, de 12 de março de 1935

O jornal Folha da Manhã, também relatou na época, o episódio vergonhoso acontecido no “campo do Palestra”, no mesmo dia, em 12 de março de 1935.

Abandono | Arquibancada Tricolor
Como assim "Nunca fugimos de campo"? Peraí, Palmeiras! 4

Mais detalhes em pesquisas

Em trecho retirado de artigo do site spfcpedia, há mais informações também:

São Paulo e Palestra Itália novamente se enfrentaram no Parque Antárctica, agora em uma partida amistosa, no dia 10 de março de 1935. Em situação muito mais harmoniosa, ao menos nas arquibancadas, o jogo transcorria normalmente. Aos 28 minutos, Gabardo abriu o marcador para os palestrinos. Três minutos depois, Mendes ampliou. Ainda na etapa inicial, Luizinho descontou, aos 38 minutos.

Na segunda etapa, o Tricolor foi ataque e teve um gol anulado incorretamente, como também um pênalti não marcado pelo árbitro Manuel Nunes, o Neco – ex-jogador do Corinthians. “O S. Paulo acatou bem a sua decisão, anulando erradamente um ponto de Luizinho e não assinalando como penal a rasteira de Tuffy em Vega”, relata o jornal Correio Paulistano (12 de março).

Foi então que, aos 17 minutos da parte final, ocorreu o lance capital que definiu o confronto. O ponta são-paulino Junqueirinha disparou pela esquerda até a linha de fundo, deixando para trás o marcador Tunga, e cruzou a bola para área onde encontrou Luizinho, que só teve o trabalho de tocar de cabeça para o fundo do gol. 2 a 2.

Os adversários paralisaram então a partida, reclamando que Junqueirinha havia deixado escapar a bola para além da linha de fundo. “Segundo as pessoas que se achavam atrás do arco vazado, a bola já tinha ultrapassado o risco de fundo quando o avante do São Paulo marcou o ponto” (Folha da Manhã, 12 de março).

Pois é. Nada como buscar informações e evitar que mais uma mentira, vire verdade se contada mil vezes.

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