O zagueiro Rodrigo Caio, completou este ano oito temporadas vestindo a camisa profissional do clube, é o jogador com mais jogos do atual elenco, são-paulino, formado em Cotia e cotado para disputar a Copa do Mundo pela seleção brasileira. Jamais se escondeu nos momentos difíceis, nunca fez corpo mole, sempre demonstrou raça, jogador que apresenta muita regularidade, e titular com todos os técnicos que passaram pelo clube. Apesar de todos esses predicados, a torcida vive pegando no pé do jogador, não gosta do estilo dele e ainda teve o caso de fair-play.
O jogador tem mais de 200 jogos com a camisa do São Paulo, em 2016, foi titular da seleção olímpica brasileira, que ganhou o primeiro ouro brasileiro no futebol. O jogador sempre foi uma promessa do clube, jogava de volante, por não “ter corpo” de zagueiro. Subiu aos profissionais em 2011, levado por Adilson Batista. Disputou 8 jogos naquele ano. Em 2012, foi mais utilizado, disputou 20 jogos e participou da campanha do título da Copa Sulamericana. Em 2013, quando o São Paulo brigava contra o rebaixamento, começou a se destacar, com ótimas atuações. Foi ganhando espaço e passou a ser utilizado como zagueiro por Paulo Autuori. Disputou 58 jogos aquele ano e fez 4 gols. Em 2014, era titular, até sofrer uma grave lesão no joelho que o afastou dos gramados por quase um ano. Rodrigo retornou em 2015 e se tornou novamente titular. Desde então, jamais perdeu tal condição no São Paulo.
Em 2016, certamente fez o seu melhor, foi, para muitos o melhor jogador do time no ano inteiro, apesar de um fraco brasileiro, foi semifinalista da Libertadores e uma das melhores defesas do brasileiro daquele ano. Ele foi vendido para o Valencia-ESP, em 2014, mas devido a divergências entre o combinado no Brasil e lá na Europa, ele recusou-se a ir para a Espanha. Poderia ter sido emprestado para o Atletico de Madrid, mas não quis brigar por espaço, sabendo que seria titular absoluto no São Paulo. Voltou ao Brasil e seguiu sua trajetória. Já se recusou a transferir para Zenit-RUS e Hamburgo-ALE, por acreditar que se esconderia.
Nesse ponto, entra outro fato de valorização do jogador, já que além de pensar na carreira e não aceitar ir para qualquer clube europeu, ele mostra o quanto valoriza o São Paulo, já que o considera mais atrativo do que clubes europeus de médio porte, para mostrar seu futebol. Ou seja, o São Paulo é mais vitrine que outras equipes europeias, algo raro de se encontrar hoje em dia. Rodrigo Caio, é um modelo de sucesso de formação para qualquer clube; um jogador que faz todas as categorias de base no clube, vira profissional, torna-se titular absoluto, chega a seleção brasileira e é totalmente comprometido com a equipe e ainda exerce alguma liderança sobre o grupo. Não conquistou títulos, é verdade, mas, isso já passa pela falta de planejamento da diretoria nos últimos anos. Mesmo com tudo isso a seu favor, a torcida sempre critica o jogador, ou por ser “jogador de condomínio” ou pelo caso de fair-play.
O rótulo de “jogador de condomínio” é uma das coisas mais absurdas que já presenciei nos tempos atuais. Ele é chamado assim, simplesmente porque “não tem cara” e “nem porte” de zagueiro, como se para ser zagueiro precisasse ter nome no aumentativo ou cara de durão. Zagueiro é muito mais do que isso. O caso de fair-play, revolta até hoje a torcida, acontece, que para o jogador, foi o correto a se fazer naquele momento, não nos cabe julgá-lo. E sim ver que em um país com tanta corrupção e tantas malandragens, alguém ainda está contra tudo isso. E pessoalmente, é melhor para o Rodrigo ser considerado como honesto, do que como desonesto.
O que importa é que em meio a tantos casos de indisciplina no futebol, tantos jogadores que passam sem mostrar carinho, tantos que saem para o exterior na primeira proposta que chega, em meio a tantos que fazem de tudo para sair, custe o que custar, até mesmo fazendo corpo mole ou saindo pelos fundos. Rodrigo Caio, segue sua linha de trabalho, respeitando o clube, sendo extremamente profissional e tratando a grandeza do São Paulo, como merece, ele é um jogador muito criticado por alguns torcedores. Que vale, que segue trabalhando, dando o seu melhor dentro de campo e nunca se escondendo ou faltando a suas responsabilidades.
Certamente, Rodrigo é um exemplo de profissional desvalorizado, não financeiramente, mas pela própria torcida, que prefere encher a boca para exaltar outros que talvez não tratem o clube como Rodrigo. Enfim, não tenho procuração para defendê-lo, esse texto é apenas uma análise fria sobre a carreira dele e a relação da torcida com o jogador, que é muito pouco valorizado.
“É um sonho estar no São Paulo. Eu já nasci torcendo por este clube. Quando eu era pequeno chorava quando perdia. Até hoje não acredito que estou aqui”, Rodrigo Caio.
Por Victor Vasques