Éder Militão e o futebol moderno

Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Por Lucas Torres

Futebol, um esporte respirado e amado por (quase) todos os brasileiros, que movimenta rios de dinheiro e com o passar dos anos fica cada vez mais valorizado e menos apaixonado.

Praticado desde o início do século XIX por diversos clubes e escolas do Reino Unido, o esporte com bola praticado em campo retangular foi ganhando seu espaço e importância no país, até que no dia 26 de outubro de 1863 foi criado um conjunto de regras, dentre elas a mais importante, era a proibição do uso das mãos durante a partida. Dalí foram difundidos dois esportes, o rugger (rúgbi) e o soccer (futebol), data que até hoje é considerada por muitos como a da criação do futebol atual. O esporte, foi trazido para o Brasil no ano de 1895 pelo paulista Charles Miller e só foi profissionalizado no ano de 1933 quando os atletas começaram a ser pagos pelos serviços prestados aos clubes.

A chamada “escola brasileira” ficou conhecida por sua criatividade, fluidez e ofensividade, além do drible, que é parte essencial do estilo. Acredita-se que o samba é a grande influência desse estilo de futebol alegre e apaixonado que encantou o mundo na Copa de 1970, primeira transmitida a cores e para grande parte da população mundial. Com o passar dos anos esse estilo parou de “dar resultado” e a escola brasileira começou a perder sua essência, com os fracassos do mestre Telê Santana no comando da seleção em 82 e 86 e aos 24 anos de jejum de um título mundial, em 1994, Carlos Alberto Parreira implantou um futebol mais pragmático e objetivo na seleção brasileira, afastando um pouco a ousadia característica do nosso futebol o que trouxe o título, mas infelizmente trouxe uma grande influência europeia sobre o nosso futebol, muito objetivado e pouco apaixonado.

Desde então cada vez mais a “europalização” chegou ao futebol nacional, os clubes do velho continente surgiram como “imbatíveis” concorrentes tanto na parte financeira como no objetivo da maioria dos atletas, que tem como sonho vestir a camisa de Real Madrid, Barcelona e Juventus, e não mais de São Paulo, Flamengo e Corinthians, por exemplo. Isso obrigou os clubes a se tornarem empresas e os jogadores funcionários, e aquele amor a camisa de anos antes passou a um contrato a ser cumprido, casos como de Lucas Lima no Palmeiras, Guerrero no Flamengo e Alan Kardec no São Paulo só provam isso, quem paga mais, leva.

E agora justificando o título, Éder Militão, chegou a base são paulina em 2012 aos treze anos de idade, zagueiro relativamente rápido, com grande força física e talento razoável. Sempre teve as melhores oportunidades no tricolor paulista que é a maior vitrine da América para Europa e um gigante nacional. O jogador tem um “ótimo” relacionamento com a diretoria e proposta de contrato com plano de carreira, tudo para renovar certo? Errado.

Éder é o futebol moderno e já está com um pé fora do São Paulo podendo assinar um pré-contrato com os grandes europeus e ganhar o triplo do que ganharia em terras tupiniquins, o que não torna o jogador mal caráter ou ingrato, mas apenas o caracteriza como um jogador de futebol moderno, muito valorizado e pouco apaixonado.

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

* A opinião do colunista não reflete a opinião do site

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