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Amigos tricolores
Em época de pandemia, a nostalgia volta. Sem futebol, os debates em grupos de Facebook e WhatsApp se resumem a dois temas: as bombas do São Paulo com as suas contas estouradas e a nostalgia sobre a gloriosa história do nosso São Paulo. Não é raro, ver torcedores montando times com tantos craques, as seleções dos sonhos, misturando um Leônidas da década de 40, com Canhoteiro de 50, Roberto Dias de 60, Pedro Rocha de 70, Careca de 80, Zetti de 90. A única coisa que não muda é quem comanda o time, independente dos 11 que todos montam como a seleção dos sonhos: Telê Santana!
Diante a essas seleções, muitos craques ficam de fora. Não porque não foram grandes jogadores ou porque não honraram a camisa do São Paulo, mas é que para colocar apenas 11 em uma lista, é muito difícil. A história do São Paulo mostra, que para cada posição, há pelo menos uns 5 craques.
Goleiro, por exemplo
Invariavelmente, esses times começam com Zetti ou Rogério Ceni. Dois grandes goleiros, apesar deu achar, tecnicamente Zetti melhor. Alguns mais saudosos, podem eleger Waldyr Peres, assim como os mais jovens, preferem Ceni.
Mas e Gilmar? Sérgio Valetim? José Poy? King? Nos deram segurança, nos deram títulos e foram ídolos das suas gerações, mas são pouco lembrados pois tem Zetti e Rogério, como além de grandes goleiros, jogadores com mais títulos. E uso esse exemplo, pois o tema do artigo é sobre isso, pois essa semana, em um grupo, questionaram quem era Gino Orlando. Não por maldade, mas por não conhecer a sua história, o que me deu o gancho para esse artigo.
Quando conheci Gino Orlando?
Pelo o que me lembro, a primeira vez que soube dele, foi no Morumbi. Gino Orlando trabalhava no Morumbi. Em um jogo, ele estava perto das arquibancadas. Eu deveria ter uns 8 a 9 anos, estava no estádio com meu pai e meu avô. Meu pai viu Gino e foi até ele, que educadamente, nos atendeu. Meu pai então tirou da carteira uma foto dele, aos 6 anos de idade, com o uniforme do São Paulo e mostrou a Gino, que pouco entendeu, mas ao virar a foto, no verso, Gino leu a seguinte frase: “Ao pequeno Mauro, um abraço Gino Orlando”. Gino agradeceu o carinho, nos deu um abraço e fomos para o jogo. Meu pai, hoje, não anda mais com essa foto na carteira, tem medo de ser roubado, mas a guarda com carinho na sua casa. Várias vezes, o víamos ali no estádio quando íamos aos jogos.
Esse paulistano, nascido no Brás, mas com raizes italianas, morou por anos na Pompéia. Iniciou sua carreira no Palmeiras, passou pelo XV deJaú e Comercial, até chegar ao São Paulo, onde viveu a sua grande fase de goleador. Esteve na seleção em 1956 e 57, marcando 8 gols. Não disputou nenhuma Copa do Mundo. Chegou a trabalhar nas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo antes de começar no futebol. Não era brilhante, mas era efetivo.
2º maior artilheiro do São Paulo
Quando se fala de artilharia no tricolor, sempre falamos de Serginho Chulapa e seus 242 gols, e de Luis Fabiano com seus 213 gols pelo tricolor. Serginho por ser o primeiro, Luis Fabiano, o 3º, por ser o mais recente e ainda estar na memória do torcedor, mas esquecemos do 2º, que aliás, por muitos anos, era o primeiro: Gino Orlando, com 233 gols pelo tricolor! Serginho chegou ao São Paulo em 1973 e saiu em 1982, quando fez 242 gols, logo, entre 1962 ate 1982, por 20 anos, Gino foi o maior artilheiro da história do São Paulo.
Craque?
Vamos ser muito sinceros. Dos 12 maiores goleadores da história do São Paulo, quem era craque? Serginho era um centroavante muito bom, goleador, mas longe de ser craque. Gino Orlando era considerado um trombador, e também longe de ser craque. Nisso ele e Serginho se assemelham.
Luis Fabiano já era mais técnico, excelente jogador, mas não era craque! França, o 5º, com 182 era, tecnicamente, muito mais jogador que todos, quase um craque. Muller, o 7º com 160 gols, Leônidas, o 8º com 144 gols, Rogério Ceni, o 10º, com 131 gols, Raí, o 11º com 128 gols e Pedro Rocha, o 12º com 119 gols, esses sim eram craques! Teixeirinha, 4º com 188 gols e Luizinho, 6º com 173 gols, não posso opinar pois conheço muito pouco sua história.
Números no São Paulo
Com 447 partidas disputadas, sendo 250 vitórias, Gino Orlando é o 11º jogador que mais vestiu o manto tricolor. Foram 10 anos dedicados ao São Paulo que lhe renderam 2 campeonatos Paulistas pelo time, de 1953 e 1957. Foram 233 gols, com uma média de 0,52 gol por jogo. Em 1958, Gino foi o artilheiro, com 12 gols, do Torneio Rio-São Paulo, vencido pelo Vasco. Em 1962, saiu do São Paulo rumo a Portuguesa e encerrou sua carreira em 1966, no Juventus da Mooca. Em 1969, honrado a tradição de dar oportunidades aos ídolos, o São Paulo chamou Gino Orlando para ser o administrador do estádio, na época, reforço, ele era o maior artilheiro da história do São Paulo. Ficou no cargo até 2003, quando uma parada cardíaca o levou para o grande estádio dos Deuses do Futebol, ao lado de Mauro Ramos, Roberto Dias e Leônidas entre outros.
Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br
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