TRIbuna do Braga – A verdadeira estreia

Foto: Rummens

A TRIbuna do Braga é escrita pelo Rodrigo Braga em todas às sextas.

As derrotas no Paulista servem de alerta, muito menos pelo resultado (sinceramente pouco importam nesse momento), e sim pela forma como ocorreram. Acuado no clássico contra o Santos, e com poucas, repetitivas e ineficientes alternativas diante do Guarani, o São Paulo de André Jardine não me passa confiança de que esteja pronto para os confrontos da Pré-Libertadores. Quarta-feira, em Córdoba, eu não me arrisco a projetar qual São Paulo estará em campo. É temerário, já que esses jogos vão definir a temporada.

Qualidade esse time tem, não há dúvidas. Falta o encaixe que precisaria vir em pouco tempo pela enrascada que o clube se meteu ao perder a vaga no G-4 no Brasileirão passado. E, ao que tudo indica, não veio ainda. Excessos de cruzamentos, laterais um tanto desorientados, jovens promessas que ainda não atingiram a confiança necessária. Apesar de tudo isso, eu confio que esse time possa superar tudo isso e trazer um bom resultado da Argentina na semana que vem. Mas a pré-temporada do Tricolor até a verdadeira estreia em 2019 me deixou bastante preocupado.

Cotia é solução?

Sanear as finanças do clube é importante, ok. Mas deve ser prioridade a ponto de influenciar na qualidade do time dentro de campo? Polêmica desses novos tempos do futebol, em que os torcedores comentam, protestam e até vibram (!?) com as movimentações financeiras dos seus clubes.

O São Paulo viveu um ano extremo nesse sentido em 2017, quando praticamente vendeu o time inteiro no primeiro semestre e recontratou outro. Todo mundo sabe bem os reflexos disso, a mudança brusca custou o trabalho do ídolo Rogério Ceni como treinador e nos fez lutar na parte de baixo da tabela naquele Brasileirão. Ao que parece, a lambança serviu de lição, mas agora a tática é outra e também gera debates acalorados.

O Tricolor tem optado por não mexer na espinha dorsal do time principal, o que parece bom. Mas para alcançar as tais metas de vendas para o orçamento do clube, tem vendido as jovens promessas de Cotia, muitas delas antes mesmo de vestir a camisa do time principal. Tuta e Gabriel Novaes, destaques do time campeão da Copinha, já foram, e outros podem ir pelo mesmo caminho. Vale a pena? São talentos formados em Cotia que vão gerar retorno financeiro, mas em contrapartida deixam de devolver o investimento feito neles pelo clube na forma de qualificar o elenco principal.

Como torcedor, quero um time forte sempre. Se for de jogadores formados na base, melhor ainda. Mas tenho consciência de que hoje em dia um clube que não lida de maneira responsável com as suas finanças está fadado a naufragar. Espero que a parte da diretoria ligada ao futebol, experiente que é, esteja fazendo esta separação entre aqueles que podem agregar qualidade ao time principal, e aqueles que podem ser considerados apenas “bons ativos financeiros”. Se for assim, de maneira responsável, creio que aproveitar as safras de Cotia para “arrumar a casa” pode ser um bom caminho para os próximos anos do clube.

Efeito colateral

O São Paulo tem recebido um bom dinheiro em transações de jogadores formados no clube. O último foi o lateral Emerson (Seleção Sub-20), vendido pelo Atlético-MG ao Barcelona. Muita gente nem fazia ideia que o garoto tinha passado pelo Tricolor, mas foi revelado lá, permanecendo dos 11 aos 15 anos no clube. Só este fato deve render aos cofres são paulinos mais R$ 500 mil, mediante a cláusula de solidariedade da Fifa, que privilegia clubes formadores nas transações. A expectativa é de que só as transações de David Neres e Éder Militão, que se não se confirmaram nesta janela europeia certamente virão nas próximas, rendam ainda mais grana que em tese não estava no orçamento tricolor.

Pensando alto…

Analisando o atual cenário, a camisa do Tricolor poderia ser mais valorizada sob o ponto de vista de valores de patrocínios, vocês não acham?

Rodrigo Braga. Tenho 40 anos, sou um paulista, paulistano e são-paulino radicado em Santa Catarina, onde há mais de 20 anos atuo como jornalista. Fui editor de esporte e participei de coberturas de Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos e outros eventos internacionais. Sou louco por futebol, mas, principalmente, sou louco pelo São Paulo Futebol Clube.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rummens

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