O dia 13 de dezembro de 1992 marcou o início de uma era na história do São Paulo Futebol Clube e para o futebol brasileiro. Diante do forte time do Barcelona, o Tricolor se sagrou campeão mundial pela primeira vez, abrindo o caminho do nosso país para mais conquistas.
Pela primeira vez em sua história participando de um mundial de clubes, o torcedor são-paulino ainda estava para entender a dimensão de uma eventual conquista contra um time de padrão totalmente diferente de todos os que o São Paulo já havia enfrentado até então. Jogadores como Koeman, Guardiola, Laudrup e Stoichkov, além do técnico Johann Cruyff, elevavam o Barcelona a um nível estratosférico. Isso porque ainda faltou mencionar Andoni Zubizarreta, Ferrer, Guillermo Amor, entre outros que completavam o elenco estrelado do time catalão.
O estrelato de Raí
Até aquela partida, Raí já era considerado um dos ídolos da torcida são-paulina. Tendo grande participação no Tri-Brasileiro em 1991 e na conquista inédita da Libertadores de 1992, o nosso camisa 10 era o principal jogador do time, mesmo com vários gigantes ao seu lado.
A partida diante do Barcelona foi categórica na consolidação da idolatria de Raí no São Paulo. Como você verá a seguir (apesar de, com certeza, já conhecer de cor e salteado), Raí foi de suma importância nesta conquista do Mundial Interclubes 1992.
O desenrolar de um jogo histórico
Jogar diante de um time fortíssimo e famoso como o Barcelona era algo tido como inédito para muitos jogadores e até para muitos torcedores. Na ocasião, iniciava-se a saga da busca por mundiais na América do Sul, já que era algo pouco almejado na época. Os campeonatos estaduais eram tidos como os principais campeonatos para muitos clubes grandes, logo, Libertadores e Mundial começaram a serem vistos de outra forma justamente após esta partida entre São Paulo e Barcelona.
Foi um jogo difícil. Um jogo em que qualquer erro tinha um preço muito alto. O Barcelona contava com o búlgaro Hristo Stoichkov em uma fase estrondosa. Foi dele, inclusive, o gol que inaugurou o placar, deixando Zetti com os pés colados no chão, sem reação.
O empate Tricolor veio após uma jogada de craque desempenhada por Muller. O camisa 7 invadiu a área pela esquerda, deu um drible desconcertante em um defensor do Barcelona e cruzou para Raí completar de barriga para o gol.
Com o placar em 1 a 1, São Paulo e Barcelona encerraram o primeiro tempo de um jogo muito bem jogado e de alto nível. Vale lembrar que, pouco antes do apito que encerraria o primeiro tempo, Ronaldo Luís chegou a salvar o Tricolor em cima da linha do gol de Zetti, após o nosso goleiro ter sido superado por um atacante do time catalão.
Aos 34 minutos do segundo tempo aconteceu o lance que mudaria para sempre as carreiras de Raí, Telê Santana e todos do elenco tricolor: falta na entrada da área, Raí rolou para Cafu que ajeitou para o chute colocado do camisa 10. Caixa! A jogada que sempre era ensaiada nos treinamentos e que nunca dava certo, resolveu funcionar quando era mais do que necessária. Fim de jogo e São Paulo Campeão Mundial de 1992!
Ficha Técnica
13.12.1992
Tokyo (Japão)
Estádio Nacional de Tóquio
Fútbol Club BARCELONA 1 X 2 SÃO PAULO Futebol Clube
FCB: Zubizarreta; Ferrer, Ronald Koeman, Guardiola e Eusébio; Bakero (Goicoechea, 6’/2), Amor, Stoichkov e Michael Laudrup; Richard Witschge e Beguiristain (Nadal, 34’/2). Técnico: Johan Cruyff.
Gol: Stoichkov, 12’/1.
SPFC: Zetti; Vítor, Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho, 38’/2), Raí (capitão) e Cafu; Palhinha e Müller. Técnico: Telê Santana.
Gols: Raí, 27’/1; Raí, 34’/2.
Árbitro: Juan Carlos Loustau (Argentina)
Assistente 1: Park Hae Yong (Coréia do Sul)
Assistente 2: Shinichiro Obata (Japão)
Renda: US$ 2.500.000,00
Público: 60.000 pagantes
Melhores Momentos
Partida na Íntegra
Curiosidades
- Antes de embarcar para Tóquio, o São Paulo venceu o Palmeiras por 4 a 2 na partida de ida da final do Campeonato Paulista daquele ano. Na volta do Mundial, outra vitória, desta vez por 2 a 1 e nova taça conquistada, uma semana após o título mundial.
- Após a conquista Tricolor, o técnico Johan Cruyff proferiu a célebre frase: “se for para ser atropelado, que seja por uma Ferrari”.
- Do time campeão da Libertadores em junho, Telê realizou 5 mudanças: Vitor assumiu a posição de Cafu na lateral, já que o lateral-direito assumiu a posição de Elivélton na frente. Adilson, volante na final da Libertadores assumiu a vaga de Antônio Carlos na zaga. Ronaldo Luís assumiu a posição de Iván na lateral-esquerda. E por fim, Toninho Cerezo assumiu a vaga deixada por Adílson no meio, fazendo a dupla de volantes ao lado de Pintado.
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