Arnaldo Ribeiro: “Trocar o treinador agora, pagar uma multa alta e trazer quem?”

Foto: Rummens

O empate do São Paulo com a Chapecoense por 1×1, depois de uma semana de preparo, foi visto como uma aberração no CT da Barra Funda. Os dirigentes do Tricolor receberam pressão da cúpula do São Paulo (entendesse como cúpula, membros da diretoria de Casares e oposição da situação). Os torcedores do clube, incluindo as torcidas organizadas, fizeram questão de dar respaldo ao treinador e pedir a permanência de Crespo.

A diretoria pensou durante 14 horas e definiu a permanência do treinador na manhã desta segunda-feira. O treinador está agora com uma missão: precisa de qualquer forma de uma vitória contra o Santos na próxima quinta-feira, no estádio do Morumbi. O jogo terá a volta parcial da torcida ao estádio Cícero Pompeu de Toledo.

A volta da torcida inclusive foi vista pelo jornalista Arnaldo Ribeiro como uma das respostas para a permanência do argentino: “A coisa mais fácil, a coisa mais simples que normalmente a cartolagem faz é demitir o treinador, trocar o treinador. ‘O Crespo perdeu o vestiário’. Aí vai lá, o Diniz perdeu o vestiário, o Cuca perdeu o vestiário… o Crespo tem uma questão além de ter perdido o vestiário, ele ganhou um título pelo São Paulo depois de não sei quantos anos. Ainda precisando de terapeuta, ele tem uma coisa que outros não conseguiram desde 2012, ele conseguiu tirar o time da fila”, comentou Arnaldo no programa Posse de Bola.

Crespo novamente neste domingo barrou alguns jogadores de peso do clube. Reinaldo, Bruno Alves, Pablo, Benítez não participaram do jogo. Com isso, a perspectiva de muitos torcedores é que o treinador “perdeu o elenco”. Para o jornalista, o torcedor do São Paulo entendeu que o problema geral não é o treinador, e sim uma responsabilidade coletiva entre comissão técnica, jogadores e diretoria.

“A solução mais complicada seria, com a mesma comissão técnica, tentar mexer nessa letargia geral, tentar mexer com as lideranças, tentar mexer até na própria comissão técnica, mas mantendo o comandante. É mais difícil isso, o mais fácil é jogar para a torcida trocando o treinador, mas aí que está, a torcida do São Paulo está dividida entre o treinador, os jogadores, o comando geral. Não existe um alvo fixo, como existiu na época da troca do [Fernando] Diniz, por exemplo, então é mais difícil essa situação”, comentou Arnaldo.

O São Paulo fechou um acordo de 500 mil dólares com a comissão de Crespo. Esse valor é visto como um problema em caso de demissão do treinador, já que o clube passa por problemas financeiros. Além disso, para Arnaldo, o são-paulino não está certo de que Rogério Ceni ou qualquer outro treinador dará jeito no clube.

“Trocar o treinador agora, pagar uma multa alta e trazer quem? A única alternativa, eu faço sempre a relação com a questão do Flamengo, que trocou o treinador em uma situação em que existia uma insatisfação, aí concentrada no treinador, por parte do torcedor, nitidamente, e existia uma alternativa, treinador, conectada com o que o torcedor pensava e com o que a diretoria pensava, que era o Renato. Aí a troca é mais simples, até porque, no caso do São Paulo, a alternativa é o Rogério Ceni, ex-técnico do Flamengo, que tem uma porção de coisas recentes em relação ao São Paulo”, diz Arnaldo.

Para escolher Hernán Crespo, Muricy Ramalho, Rui Costa e Carlos Belmonte fizeram uma espécie de processo seletivo. O trio fez entrevistas com treinadores e Crespo ganhou a chance por conta do esquema tático e as ideias/conhecimento de São Paulo. Para Arnaldo, uma demissão seria um atestado de que o trio da diretoria errou na contratação do treinador argentino.

O São Paulo está perdido e, digo mais, a troca do treinador é uma derrota da comissão técnica argentina sim, mas sobretudo da nova administração, do Casares, do Belmonte e do Muricy, que fizeram processo de seleção, chegaram no treinador, o treinador veio, seguiu uma cartilha que era apostar no título estadual, ganhou o título estadual e agora está ali meio perdido. Em vez de dar o suporte e tentar reverter a situação, trocar o treinador, para mim seria, mais do que o Crespo, seria uma derrota assumida do presidente do São Paulo e dos diretores do São Paulo, o Muricy incluso”, conclui Arnaldo.

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