Dizer que o futebol brasileiro é hipócrita, é chover no molhado. Gostaria de citar outros termos, mas infelizmente não posso, mas o que esperar de um país que gerou os seguintes nomes: João Havelange, Ricardo Teixeira, Eduardo José Farah, Marco Polo Del Nero, Mustafá Contursi, Juvenal Juvêncio, Eurico Miranda, Alberto Dualib, Nabi Abi Chedid, José Maria Marin, Rogério Caboclo, Leco, Samir Abdul-Hak, Carlos Miguel Aidar e tantos outros.
Desde o começo da pandemia em março de 2020, temos visto um show de “descomando” por parte dos mandatários do futebol brasileiro. E a culpa não é apenas da CBF e das Federações, mas sim dos clubes, que seguem como reféns destas entidades (muitas vezes por comodidade).
O futebol brasileiro não fez uma única concessão para finalizar a temporada 2020. Vimos o calendário adentrar os meses de janeiro, fevereiro e março de 2021 e ter a nova temporada começando 3 dias após o fim do Brasileirão 2020 (em outros estados, já havia começado muito tempo antes). Vimos times jogando de segunda, quarta e sexta para poder cumprir seus jogos.
E o quê os nossos brilhantes dirigentes propuseram para o calendário 2021? Manter o calendário original, aquele elefante branco que deveria ser disputado em 12 meses, mas agora em apenas 10 meses. Por qual motivo? (Eu sei, mas não vou responder…)
A Champions League da última temporada teve seu mata-mata reduzido para apenas um jogo, a NBA diminuiu a sua temporada regular em 10 jogos para cada equipe, já pensando que muitos jogos poderiam ser postergados por casos de Covid e fizeram isso para que os próximos calendários não fossem impactados como este foi (20/21).
O que poderia ser feito no Brasil? Muita coisa, uma lista rápida:
- Estaduais menores ou em formato de Copa;
- Copa do Brasil com apenas 1 jogo até o final;
- Brasileirão com apenas 1 turno.
Qualquer tentativa seria bem-vinda, afinal, estamos em guerra neste momento, a única coisa que não poderia ser feita, era negar o que está acontecendo e foi o que os nossos brilhantes mandatários fizeram.
A bola da vez foi a brilhante ideia de levar o Campeonato Paulista para o Rio de Janeiro! E gostaria de “parabenizar” o São Paulo de Júlio Casares, que votou a favor da FPF ir até a justiça para a manutenção do campeonato! Essa diretoria a cada dia que passa, só mostra como eu estava certo lá atrás!
Ontem, terça-feira (23/03), nós tivemos mais de 3.200 brasileiros mortos, 3.200 famílias impactadas, mas pelo visto, a Federação está bem consciente disso, conforme o tweet abaixo:
Aos 22:30 minutos do primeiro tempo, o jogo entre Mirassol x Corinthians será paralisado para outro minuto de silêncio
A Federação Paulista quer usar a ação para (ACREDITE SE QUISER) conscientizar sobre a gravidade da pandemia
— HTE Sports (@HTE__Sports) March 24, 2021Eu entendo que a FPF tem seu protocolo (que em alguns casos tem sido falho, como nos exemplos de Marília e Corinthians), mas será possível que a Federação não tem um pingo de compaixão? Será possível que não poderíamos ficar duas semanas sem jogos para dar o exemplo?
Assim como ocorre na política, também temos a falta de verdadeiros líderes no esporte. Esse é o futebol brasileiro, aquele que muitos pensaram que mudaria após o 7 a 1. É uma pena que a Alemanha tenha tirado o pé naquele dia.
Por fim, me despeço lamentando os mais de 298 mil mortos no Brasil (até 23/03) e espero de coração que isso acabe o quanto antes. E só acabará com a vacinação da população. Cobre seu político, nós assinamos um cheque em branco quando votamos nas urnas, agora precisamos receber isso de volta.
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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