Saudades #PraSempreChape

Peço licença ao Arquibancada Tricolor para hoje, 29 de novembro, não falar sobre o São Paulo FC, mas sim sobre a Associação Chapecoense de Futebol.

Uma rápida história: A minha ligação com a Chapecoense não é apenas futebolística. A família do meu pai mora em Concórdia, cidade vizinha de Chapecó em Santa Catarina. Conheci Chapecó pela primeira vez em 2007 (ou 2008, não me recordo) e confesso que me apaixonei pela cidade, que é considerada a capital do oeste catarinense (gosto bastante de Concórdia, porém Chapecó está mais próxima do ritmo de vida de São Paulo, com shopping, aeroporto e etc.). Naquela época eu não conheci a Chapecoense, porém quando o time surgiu na Série C, em 2012, eu comecei a acompanhar seus resultados mais de perto, por conta da cidade catarinense.

Você se lembra dos confrontos entre Chapecoense e Palmeiras pela Série B em 2013? Eu me lembro. Neste ano comprei a minha camisa do time de Chapecó, uma camisa branca, sem patrocínio e estampei o número 4, com o nome “Pravato“. O camisa 4 neste ano foi um tal de André Paulino e eu confesso que não faço ideia do motivo da escolha do número. Por acaso este é o número do guerreiro Neto! Baita escolha!

Enchi o saco dos palmeirenses durante os confrontos, ainda mais com a piadinha do Milton Neves, que Chapecó é a ‘capital mundial de abate de porcos‘! Por sinal a Chape não perdeu para o time paulista naquele campeonato, empatando aqui em São Paulo e vencendo na Arena Condá na última rodada do campeonato. Mais duas histórias curiosas: Uma semana antes deste jogo, estive de férias em Orlando e usei a camisa por lá e um porto-riquenho veio me perguntar se era a camisa do Fluminense, imaginem como foi difícil explicar que time era aquele…. Voltando dos States, desembarquei em Chapecó no dia 02/12/13, exatos dois dias depois da vitória da Chape contra o Palmeiras e com o acesso garantido para a Série A!

Mas vamos ao que interessa: Acordei mal para trabalhar naquele 29/11/2016. Dormi mal, estava muito cansado e como não havia nenhuma reunião cedo, resolvi deitar por mais alguns minutos no sofá da sala, sem acesso ainda às notícias ou aos grupos do WhatsApp. Do nada resolvi me atualizar sobre as novidades, eis que vejo algumas mensagens do grupo do trabalho:

E essa fita da chapecoense?? Avião sumiu… cada lugar falando uma coisa
Chegou uma notícia que morreu 25 pessoas e 5 sobreviventes

Tomei um susto com aquelas mensagens, mas imaginei que seria um avião de carreira com mais de 200 pessoas, ou seja, nada teria acontecido ao elenco da Chapecoense ou que tudo aquilo poderia ser uma notícia não confirmada.

Entre acessos ao Twitter e TV ligada na Globo, a minha ficha caiu: Dois minutos depois estava em prantos, com as notícias ainda não confirmadas que quase toda a delegação estava morta. Não era possível que aquilo fosse verdade, menos de 1 semana antes eu estava de pé comemorando a defesaça do Danilo, classificando o time para a final da Sulamericana! No sábado eu estava com a minha camisa branca, tendo que explicar para duas pessoas que não era a camisa do Palmeiras, mas sim da Chapecoense, que estava classificada para a final da Copa Sulamericana!

Tudo parecia um grande pesadelo. As notícias vindas do Twitter eram cada vez piores: Cléber Santana teve a sua morte confirmada e eu me lembrava de quando ele havia jogado no São Paulo, das tantas vezes que critiquei seu futebol. Porém o mesmo estava com um grande destaque em Chapecó. Como poderia ser verdade que Bruno Rangel estava morto? O grande artilheiro da Arena Condá, o maior artilheiro da Série B com 31 gols em 2013! Deva, Mário Sérgio Victorino Chermont, membros da imprensa que cresci acompanhando a cada final de semana também estavam entre os mortos.

Fui trabalhar e no caminho até a empresa a morte do herói Danilo foi confirmada. Lembro que estava no ônibus de olho no Twitter de vários jornais colombianos quando essa notícia foi divulgada. Danilo era um cara espetacular, e me lembro que falavam dele no São Paulo em setembro daquele ano. Acho que teria dado certo, pois falaram depois do acidente que ele tinha o sonho de jogar no Tricolor!

Confesso que o futebol morreu um pouco para mim depois daquele 29 de novembro. Como vocês viram acima, a Chapecoense pra mim não era mais um time, pois existia toda uma ligação que envolvia família, cidade e etc.

| Arquibancada Tricolor

7 anos após o acidente, acredito que tentei ajudar de todas as formas possíveis: Fui ao Pacaembu na semana seguinte assistir São Paulo x Santa Cruz com a minha camisa branca da Chape e fui Sócio-Contribuinte do clube por 10 meses. Este texto foi originalmente publicado quando se completou um ano do acidente e republicado hoje (29/11/23). Tudo que esteve ao meu alcance eu tentei fazer para ajudar o clube.

Para finalizar, algumas homenagens e vídeos que valem a pena ser vistos hoje, para lembrarmos das alegrias e das conquistas daquele grupo!

A espetacular defesa do Danilo contra o San Lorenzo, com a narração do Deva, que levou a Chape pra final:

A espetacular defesa do Danilo contra o San Lorenzo, com a narração do Fernando Doesse da Rádio Chapecó, e que infelizmente também estava no avião:

E a festa no vestiário depois da classificação? Merecedores demais!

Lista completa de todos que estavam no avião e que são merecedores de todas as homenagens possíveis:

Atletas:

1. Danilo
2. Gimenez
3. Bruno Rangel
4. Marcelo
5. Lucas Gomes
6. Sergio Manoel
7. Felipe Machado
8. Matheus Biteco
9. Cleber Santana
10. Alan Ruschel (sobrevivente)
11. William Thiego
12. Tiaguinho
13. Neto (sobrevivente)
14. Josimar
15. Dener
16. Gil
17. Ananias
18. Kempes
19. Follmann (sobrevivente)
20. Arthur Maia
21. Mateus Caramelo
22. Aílton Canela

Comissão técnica:

22. Caio Júnior
23. Duca
24. Pipe Grohs
25. Anderson Paixão
26. Anderson Martins
27. Dr. Marcio
28. Gobbato
29. Cocada
30. Serginho
31. Serginho
32. Adriano
33. Cleberson Silva
34. Maurinho
35. Cadu
36. Chinho di Domenico
37. Sandro Pallaoro
38. Cezinha
39. Giba

Diretoria:

40. Plínio D. de Nes Filho
41. Nilson Folle Júnior
42. Decio Burtet Filho
43. Edir de Marco
44. Ricardo Porto
45. Mauro dal Bello
46. Jandir Bordignon
47. Dávi Barela Dávi

Convidados:

48. Delfim Peixoto Filho
49. Luciano Buligon
50. Gelson Meisão

Imprensa:

51. Victorino Chermont
52. Rodrigo Gonçalves
53. Devair Paschoalon
54. Lilacio Júnior
55. Paulo Clement
56. Mario Sergio Paiva
57. Guilher Marques
58. Ari Júnior
59. Guilherme Laars
60. Giovane Klein
61. Bruno Silva
62. Djalma Neto
63. Adré Podiacki
64. Laion Espindula
65. Rafael Henzel (sobrevivente)
66. Renan Agnolin
67. Fernando Schardong
68. Edson Ebeliny
69. Gelson Galiotto
70. Douglas Dorneles
71. Jacir Biavatti

#PraSempreChape

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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