Por Fernando Michelutti – Papo de Arquibancada
Há 29 anos, exatamente dia 20/12/1992, o São Paulo Futebol Clube sagrava-se Bi-Campeão Paulista!
As vezes esse título fica “meio que esquecido” pelo torcedor São Paulino, devido ao peso do Mundial ganho dias antes lá no Japão contra o poderoso Barcelona…Porém isso não deveria ocorrer!
Apesar do Campeonato Paulista de 1992 ter sido o nosso 18° título do Paulistão, esse tornou-se nosso 5° Bi-Campeonato (os outros 4 foram em: 1945/1946 – 1948/1949 – 1970/1971 – 1980/1981). Isso mesmo, Bi-Campeão Paulista com todo orgulho torcedor São Paulino! Apesar de todas as babaquice dos nossos chorosos rivais, fomos os campeões em 1991, visto que no Paulistão de 1990 – como explicado brilhantemente por PVC e mais recentemente pelo professor Celso Unzelte, o São Paulo não foi rebaixado e foi o legítimo Campeão Paulista de 1991.
Esse título remonta os tempos em que o Campeonato Paulista era tratado com respeito e era muito mais importante do que é hoje em dia. Ele corria juntamente com o Brasileiro e demais torneios do ano. Daí a importância do mesmo, ainda mais se considerarmos o ano de ouro que foi 1992 para o São Paulo F.C. – um ano em que fincamos nossa bandeira em definitivo no cenário internacional, ganhando nossa primeira Copa Libertadores e nosso primeiro Mundial de Clubes.
Inclusive, ouso a dizer que o Paulista era até mais importante que alguns campeonatos nacionais, como por exemplo a própria Copa do Brasil, que ainda engatinhava e tinha apenas 3 anos de existência. Prova disso, foi que o São Paulo F. C. abdicou de jogar a competição no ano de 1992 , dando lugar ao rival Palmeiras. Há de se lembrar que estamos falando de uma época em que os campeonatos não perduravam devido a incompetência dos organizadores: Copa União em 1987 é um exemplo ou vide a lambança que a CBF fez há alguns anos atrás ao reconhecer por exemplo dois títulos brasileiros ao time da Rua Turiaçu no mesmo ano (até hoje eu sofro para entender como isso é possível…rs).
O time base que sagrou-se campeão, foi o mesmo que após derrotar os argentinos do Newell’s Old Boys, rumou a Tóquio para derrotar o lendário Barceloa F.C. de Cruyff. Era composto basicamente por:
Zetti, Vítor (Válber), Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho) e Raí; Cafu, Müller e Palhinha. Técnico: Telê Santana.
Abaixo uma imagem antes da partida final, com os nossos gloriosos guerreiros:
O São Paulo começou o torneio como favorito, não só por ser o atual Campeão, mas também por ter acabado de conquistar a Taça Libertadores da América pela primeira vez, um mês antes do início do Paulistão de 92.
Primeira Fase:
Começado o campeonato, o São Paulo deixou o país em Agosto e Setembro para disputar torneios de verão na Europa, incluindo o Troféu Teresa Herrera, na cidade da Corunha (Galiza), na Espanha, onde bateu seu rival de dezembro, o Barcelona, por 4 a 1. De volta ao Brasil, ganhou dois jogos pelo Paulistão, e então mais uma viagem à Espanha: para a disputa de outros torneios amistosos, incluindo o Troféu Ramón de Carranza, que o São Paulo também conquistou, com goleada de 4 a 0 sobre o Real Madrid.
O Tricolor perdeu o zagueiro Antônio Carlos, vendido ao Albacete, e foi atrás de Válber no Botafogo. Toninho Cerezo também foi contratado nessa época, quase como uma casualidade, segundo Telê Santana. “O Cerezo chegou um dia no clube para conversar comigo e pedir uma ajuda na sua indicação para um clube do Exterior”, contou Telê. “Aí perguntei a ele: ‘Você quer jogar futebol?’ Ele respondeu que queria e então fiz-lhe a proposta [para jogar no São Paulo].” Cerezo chegou questionado por causa de seus 37 anos de idade, mas em pouco tempo ganhou a confiança da torcida.
Dinho, foi outro contratado antes do Paulistão; Começou bem e ganhou uma vaga no meio-campo, embora tenha-a perdido na reta final para Cafu, que trocou a lateral direita para jogar mais avançado. A mudança de Cafu para o meio teve origem na ascensão de Vítor, que se manteve titular durante todo o restante da temporada.
O Tricolor então terminou a primeira fase como líder do grupo 1, a frente dos demais rivais paulistas:
Segunda Fase:
No Grupo I, o São Paulo abriu caminho com quatro vitórias seguidas, incluindo dois clássicos contra o Santos e um contra a Portuguesa, e garantiu vaga por antecipação depois do quinto jogo. No último jogo da fase, contra a Lusa, o São Paulo F. C. deu-se ao luxo de colocar apenas dois titulares em campo, Zetti e Cafu, e mesmo assim ganhou o jogo por 3 a 1. O poder do Tricolor era tão grande na época, que desses nove reservas, dois eram frequentemente convocados para a seleção brasileira: Válber e Elivélton.
A grande final foi disputada em dois jogos, ambos ganhos pelo tricolor. Abaixo os detalhes:
- O primeiro jogo: Palmeiras 2 x 4 São Paulo F.C. – com gols de Cafú e 3 gols de Raí – foi disputado em 05 de Dezembro, no Morumbi (com mando do Palmeiras) para um publico presente de 90.688 pessoas. O árbitro foi Oscar Roberto de Godói.
- O segundo jogo: São Paulo F.C. 2 x 1 Palmeiras – com gols de Müller e Toninho Cerezo – foi disputado em 20 de Dezembro, também no Morumbi (com mando do Tricolor) para um publico presente de 110.887. O árbitro foi José Aparecido de Oliveira.
Um fato interessante sobre essa final: tanto a decisão do Campeonato Paulista como a do Mundial estavam originalmente marcadas para o dia 13 de dezembro, e por isso foi necessário adiar o segundo jogo da final paulista para dia 20 de dezembro. A data do primeiro jogo, inclusive gerou polêmica, porque o São Paulo queria que ele fosse realizado no dia 4 de dezembro, uma sexta-feira, enquanto a Federação Paulista de Futebol preferia o domingo, dia 6. O imortal Telê Santana ameaçou entrar em campo com um time reserva, enquanto a Federação Paulista de Futebol ameaçava o clube com uma suspensão caso isso acontecesse. Encontrou-se um meio-termo e o jogo foi realizado no sábado, dia 5 de Dezembro de 1992.
Vale lembrar também que no grande jogo final, o Palmeiras queria carimbar a faixa do Tricolor e se aproveitar do desgaste físico do rival, felizmente Müller e Toninho Cerezo não permitiram e os são paulinos tiveram um Natal e Ano Novo farto em títulos!
Esse Bi-Campeonato veio coroar um ano mágico na história do Tricolor mais querido do mundo! Até a imprensa, muitas vezes rancorosas com grandes elencos, saudava o Tricolor sem economia, que, com os 3 títulos conquistados em 1992, somados aos outros 3 de torneios amistosos, fizeram com que o São Paulo F.C. fosse o destaque esportivo daquele ano. A glamourosa revista Placar decretou à época: “O São Paulo hoje está muito à frente dos adversários”. E estava mesmo…
Abaixo você pode ver os gols do primeiro jogo da final, com um SHOW particular de Raí, que marcou 3 gols. Vale o destaque também para a bela participação de Cafú, (que marcou o primeiro, de fora da área, deu o passe para o segundo – em uma jogada quase perdida, e sofreu o pênalti que daria origem ao quarto gol):
E aproveito também e deixo aqui o vídeo com a integra do segundo jogo da final e a festa do título:
Um abraço!
Fernando Michelutti.