Rogério Ceni: “Um dia nós também vamos poder, quem sabe, ocupar o mercado estrangeiro novamente”

Reprodução: SPFCtv

O São Paulo bateu o Água Santa na tarde desta segunda-feira, por 2×1, chegando a liderança do Grupo B do Campeonato Paulista 2022. Com 14 pontos, o time de Rogério Ceni ultrapassou o São Bernardo e agora busca se manter na liderança e melhorar o desempenho frente aos outros rivais para garantir o mando de campo no mata-mata – algo de extrema importância no último ano quando a equipe voltou a comemorar o título estadual.

Após o jogo, porém, Rogério Ceni comentou sobre temas sobre o futebol brasileiro. O treinador abordou a chegada de técnicos estrangeiros no país – o São Paulo é o único entre os quatro grandes do estado com técnico brasileiro. Segundo o comandante da equipe, essa é uma situação é triste, mas, natural do futebol.

“Eu lamento, acho que tem ótimos treinadores no Brasil. Mas também cada clube faz a contratação, o mercado é livre. Um dia nós também vamos poder, quem sabe, ocupar o mercado estrangeiro novamente. Acho que é um movimento de mercado natural, a vinda dos estrangeiros”, destacou o treinador.

O comandante teve ao longo de sua carreira como jogador alguns treinadores estrangeiros. Entre eles esteve Juan Carlos Osorio, talvez o principal incentivador para que Ceni migrasse para a beira do campo.

“Claro que a gente tem amigos e ótimos treinadores que eu conheço, que poderiam exercer essa função em grandes clubes, mas infelizmente vai ser necessária essa onda de treinadores de fora virem até que o fracasso exista também e volte-se a pensar nos treinadores aqui do Brasil“, avaliou Ceni.

O treinador lembrou também que não será possível o título para todos os treinadores estrangeiros. Segundo o treinador, o Brasil vive hoje a era dos treinadores estrangeiros, porém, recentemente houve a era dos treinadores jovens e dos mais experientes, então o mercado está em constante mudança no futebol brasileiro.

“Porque com tantos treinadores assim alguns também vão fracassar, como é natural no futebol. Equipes mais fortes se sobressaem, as de poder aquisitivo não tão grande ou que não vivem momento tão bom tendem a fracassar. E aí o mercado vai voltar. Já teve a época dos técnicos jovens, teve a volta dos treinadores mais velhos, agora o mercado sendo aberto a estrangeiros. Faz parte do mercado, tem que encarar dessa maneira”, comentou o treinador.

Ceni também faz avaliação sobre a situação de violência

Além da avaliação sobre o momento do mercado de treinador no Brasil, o comandante do Tricolor também avaliou a situação do futebol brasileiro em segurança. Segundo o comandante, a situação é apenas reflexo da atual situação da sociedade brasileira.

“Reflexo do que é a sociedade no nosso país, do que é a educação no nosso país. Se tivéssemos uma classe bem unida, parava tudo. Teve no Paraná, invasão de campo, tentando bater em jogador… Não faz mais sentido, perdeu o sentido. Mas como nós não temos tanta coesão e sindicatos tão fortes, infelizmente a gente vai tocando a vida”, retratou Ceni.

Na última semana, algumas situações mostraram o momento do esporte bretão no Brasil. O ônibus do Grêmio foi apedrejado durante a ida para o Beira-Rio, visando o GreNal contra o Internacional. Na mesma semana, o Bahia sofreu um ataque em seu ônibus com explosão de bombas. Outro caso de agressão aconteceu com o Paraná, após o rebaixamento da equipe no Campeonato Paranaense.

“Aí falam ‘quando acontecer uma desgraça’, mas já aconteceu. O menino do Grêmio teve que ir para o hospital. Reflexo do que virou o país, do que o ser humano entende como vida. Infelizmente não damos sinal de melhora como seres humanos”, relembrou o treinador.

“Quando acontecer alguma coisa assim, para o futebol. E olha que tem países que eu tenho certeza que parariam com o futebol se tivessem acontecimentos como esse. Mas como não para, tudo segue, muitos clubes endividados e toca-se da maneira que for possível… Se fosse sério mesmo, acho que deveria ter parado o futebol diante desses acontecimentos. Foram coisas suficientes para parar tudo”, finalizou Ceni.

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