Qual é o valor real da dívida do São Paulo atualmente? | ENTENDA

Foto: canal oficial do Youtube do São Paulo FC

Os áudios vazados de Muricy Ramalho explodiram como uma bomba no Morumbi. Em meio à grava crise financeira, o anúncio particular, feito a um amigo, de que deixaria o clube ao lado de Rogério Ceni acendeu um alerta sobre os grandes problemas que o time do Morumbi enfrenta. A situação, contudo, foi amenizada em razão de uma reunião que definiu a permanência de ambos – Ceni e Muricy – para 2022. Nessa toada, o questionamento sobre o real valor da dívida do São Paulo é inevitável.

ESTIMATIVA PARA 2021

Em dezembro de 2020, o Conselho Deliberativo do São Paulo, em reunião remota ainda por causa do ápice da pandemia, aprovou uma proposta orçamentária que previa a arrecadação de R$460,7 milhões e despesas de R$448,2 milhões para 2021. Desses valores, R$176 milhões seriam angariados com a venda de atletas do time. Nessa previsão, o superávit do ano seria de R$12,5 milhões, propiciando uma amortização considerável da dívida tricolor.

Com isso, previa-se uma redução do endividamento em R$ 91,4 milhões, com possibilidade de um caixa líquido de R$160 milhões. É de bom alvitre frisar que as questões atinentes à pandemia foram impactantes na receita do clube. Para se ter uma noção precisa, a previsão de receita para 2020 girava em torno de R$541,3 milhões e acabou sendo um pouco mais da metade disso. A previsão era de superávit de quase R$70 milhões, mas ocorreu, em realidade, um déficit de quase R$140 milhões.

O REAL VALOR DA DÍVIDA DO SÃO PAULO

Pois bem. Logo após assumir o mandato no clube, o presidente Julio Casares, em entrevista coletiva, estimou a dívida do São Paulo em R$580 milhões. Desde aquela época, o mandatário já estipulava conversas com pessoas do mundo empresarial para tentar diminuir o montante. “A dívida que você perguntou, mas posso chamar de compromisso, ela está entre R$ 570 milhões e R$ 580 milhões. Esperamos que ela diminua. Temos conversas importantes com pessoas do mundo empresarial. O São Paulo vai prospectar parceiros, captar negócio“, afirmou Casares, à época. Nesse discurso, no início de janeiro, o dirigente reafirmou a expectativa de arrecadação de R$460,7 milhões e superávit líquido de R$12,5 milhões.

Contudo, no balancete divulgado pelo próprio São Paulo no final de novembro, o clube apresentou um aumento da dívida em R$70 milhões. E o valor real da dívida, que foi apontada como de R$580 milhões, estava já um patamar acima: R$ 605 milhões. Os números, publicados no site oficial do clube, demonstram que essa dívida durante o ano saltou para consideráveis R$675 milhões. É imperioso salientar que, no início da gestão, o próprio presidente Júlio Casares elogiou o orçamento aprovado, que denominou de “realista”. Contudo, as metas “realistas” não foram alcançadas, uma vez que o aumento está associado a questões salariais, custos evitáveis e outros acordos.

RELATÓRIO FISCAL E PÉS NO CHÃO

Diferentemente da temporada anterior, em que a queda da receita em R$200 milhões foi uma decorrência direta da pandemia do Coronavírus, neste ano pode-se inferir que o acréscimo não se deu por fatores externos – mas tão somente por opções da gestão. Nessa toada, o Conselho Fiscal do próprio clube emitiu um alerta, por intermédio de um relatório, apontando que o São Paulo deveria ter cautela ao fazer novas contratações. Basta recordar que apenas com a rescisão de Daniel Alves, mesmo com uma economia estimada em R$27 milhões, o time se comprometeu em uma dívida estimada entre R$15 milhões a R$18 milhões. Isso por apenas um único atleta que, na teoria, chegaria para atrair novos investimentos e valorizaria a marca do clube.

Em razão da situação calamitosa, os membros que assinaram o relatório recomendaram que a instituição, em meio à urgência, aumentasse a venda de jogadores na próxima janela de transferência. Com isso, o São Paulo teria um 2022 de pés no chão, apenas aproveitando oportunidades de mercado. Não à toa, houve bastante preocupação com a divulgação dos áudios de Muricy. Contudo, na reunião entoada que selou a permanência, Julio Casares, entre outros acertos, afirmou que estará em contato com investidores para contornar a delicada situação por que passa o Tricolor.

Uma das razões para que o time não alcançasse sua meta foi a baixa em negociação de jogadores. Na previsão do Conselho, o time arrecadaria R$ 176 milhões em negociações; todavia, até o presente momento, o acúmulo foi de apenas R$75,8 milhões. A previsão, para equacionar essa discrepância, seria a venda de mais dois ou três jogadores do elenco – que, com as peças que tem hoje, fez a pior campanha do time na história do Campeonato Brasileiro. Afora isso, por não conseguir a classificação para a Copa Libertadores, o time deixará de arrecadar uma considerável quantia em 2022. A premiação da competição Sul-Americana ajudaria sobremaneira nas contas do clube.

DIAS MELHORES

Com as declarações de Muricy Ramalho de que as coisas tenderiam a mudar com a chegada de possíveis investidores, o torcedor são-paulino cultiva a esperança de deias melhores. Contudo, as incertezas sobre a concretização das negociações, em conjunto com o real valor da dívida do São Paulo e as últimas quebras de expectativas financeiras colocam um dos maiores e mais vencedores clubes do país em uma situação dificilmente imaginada em um passado recente. Resta aguardar para acompanhar o que será do Tricolor na próxima temporada.

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