Um coração de cinco pontas e três cores

Foto: Reprodução / Twitter do São Paulo

Estávamos entre os anos de 1992 e 1993, e havia um clube brasileiro que estava enfileirando títulos e mostrando um belíssimo futebol sob a batuta de um experiente treinador e com jogadores talentosíssimos, era o São Paulo Futebol Clube. Era um cenário perfeito para crianças da minha geração (nasci em 1987) escolhessem esse grande clube para torcer. Tenho dois irmãos mais velhos que fizeram essa escolha antes de mim, torciam e vibravam com gols de Raí, Müller, Palhinha, com as arrancadas de um jovem menino chamado Cafu, com as defesas salvadoras de Zetti e com as frequentes conquistas do clube. “Oh, época boa!”

Eu estava sempre com eles, mas uma criança de 4 ou 5 anos geralmente não tem uma escolha tão definitiva como essa sacramentada com tão pouca idade. Já adorava futebol, acompanhava meu irmão com seu álbum de figurinhas e até me atrevia jogar botão com ele. Mas queria algo meu, uma bola de futebol. Logicamente pedi ao meu pai (que não torce para time algum), uma bola do JEC – Joinville Esporte Clube, o clube da minha cidade e que também tenho um enorme carinho. Um tempo depois, lá veio meu pai com a minha tão desejada bola, predominantemente branca e de plástico, peguei ela nas mãos e olhei para o símbolo, apesar de também ser vermelho, preto e branco não era do Jec! Era do São Paulo. Pronto, foi o “empurrãozinho” que faltava para que enfim eu tivesse definitivamente o meu time do coração. A partir daquele dia, não lembro de passar um dia sequer sem pensar nesse clube, sem imaginar possíveis escalações, como tal jogador pôde perder aquele gol, o golaço que o nosso centroavante marcou, que nesse ano ganharemos tal título, e assim por diante. 

Hoje não considero o São Paulo apenas o time do meu coração, sua importância é maior, é como um membro da minha família, é quase um termômetro, se estiver bem, estarei bem, se estiver mal, estarei mal, no mínimo mais quieto e pensativo. Minha esposa já afirmou de que eu não gosto de futebol, eu gosto do São Paulo. Talvez a afirmação correta seria: O São Paulo me fez gostar de futebol! Meu tio diz que eu já saí da barriga da minha mãe declamando a escalação do time, devido ao meu livro da pré-escola, que nos espaços para escrever os números, eu escrevia a atual escalação do time de acordo com os números de suas camisas, o ano era 1994.

Creio que não foi devido aos meus irmãos já serem torcedores e nem meu pai ter dado a bola do clube, acredito que já nasci são-paulino, da mesma maneira que já nascemos com uma determinada cor dos olhos, o tipo e a cor dos cabelos, o tipo sanguíneo, a diferença é a fase da vida em que descobrimos que somos torcedores. Na fase boa ou na fase ruim, vencendo ou perdendo, não adianta, meu coração é e sempre será um escudo de cinco pontas, colorido por três cores: Vermelho, preto e branco. Vamos São Paulo!


Tiago de Melo. Profissional de Educação Física e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo. Apaixonado por futebol e um privilegiado por ser são-paulino desde sempre. Personal trainer presencial e online e gerenciador do blog TEM JOGO! Siga no Instagram @t.demelo e @tem_jogo

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Reprodução / Twitter do São Paulo

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