Em meio a um calendário turbulento com a pandemia, o São Paulo faz sua estreia na Libertadores após ter realizado 4 jogos em 7 dias pelo Paulistão e pega um adversário que participou de uma noite com duas partidas do Tricolor.
O São Paulo de Telê Santana foi uma equipe extremamente vencedora e por isso mesmo, acumulava participações em torneios diversos pelo mundo. Em 1993, por exemplo, o clube fez 97 jogos na temporada, com menos de 2 dias de descanso entre as partidas.
Uma noite muito louca
No ano de 1994, o São Paulo já consagrado como Bicampeão do Mundo, disputava no segundo semestre a Copa Conmebol e o Brasileirão e o calendário reservou uma situação inusitada no dia 16 de novembro: 2 jogos na mesma noite, pelos dois campeonatos.
Naqueles tempos, era muito difícil conseguir reagendar as partidas, pois o calendário era muito apertado (qualquer semelhança com os tempos atuais, não é mera coincidência) e o São Paulo teve que aceitar a maratona.
Pela Copa Conmebol, às 20 horas, o São Paulo enfrentaria o Sporting Cristal, nosso adversário da estreia da Libertadores de 2021 e às 22 horas, teria o Grêmio pelo Campeonato Brasileiro.
“Estávamos disputando a Copa Conmebol e o Brasileirão, e calhou de ter jogos no mesmo dia. Um começava às 8h da noite, o outro, às 22h. Eu era titular do Expressinho e costumava entrar nos jogos do time principal.” – comentou Juninho.
Telê, indignado, não tinha escolha e precisaria relacionar jogadores do time principal e jogadores da forte base Tricolor, chamada de “Expressinho” para as duas partidas. Um dos destaques era o meia atacante Juninho Paulista, na época com 20 anos, que participou dos dois jogos.
Nada parecia parar o São Paulo, nem mesmo o cansaço. O Tricolor venceu as duas partidas por 3×1, com Juninho marcando um dos gols na vitória sobre os peruanos.
“Quando terminou o primeiro jogo, o Telê já tinha dado a preleção do segundo. Entrei no vestiário, tomei um banho, coloquei o outro uniforme e subi de novo para o campo.” – disse Juninho em entrevista ao Estadão.
O São Paulo atuou na Copa Conmebol com o “Expressinho”, sob o comando de Muricy Ramalho e sagrou-se campeão, batendo também as equipes principais de Grêmio, Corinthians e do Peñarol na final.
Relembre como foi aquela noite:
Quarta 16 Novembro 1994 – Copa Conmebol – Quartas de Final – Jogo de Ida
São Paulo 3×1 Sporting Cristal
Gols: Palacios 37 min, Juninho Paulista 64 min, Caio 69 min e Denílson 74 min
São Paulo: Rogério Ceni; Vitor, Nelson (Juninho), Bordon e Murilo; Mona, Pereira, Vaguinho e Denílson; Catê e Toninho. Técnico: Muricy Ramalho.
Sporting Cristal: Balerio; Castro, Earl, Jorge Soto e Prado; Garay, Solano, Palácios e Julinho (Rivera); Maestri e Magallanes. Técnico: Juan Carlos Oblitas.
Quarta 16 Novembro 1994 – Campeonato Brasileiro – 2ª Fase – Grupo E – 2º Turno – 4ª Rodada
São Paulo 3×1 Grêmio
Gols: Axel 30 min, Leônidas 61 min, Ailton 75 min e 81 min
São Paulo: Zetti, Pavão, Gilmar, Junior Baiano (Nem) e Ronaldo Luiz; Doriva, Axel, Sierra e Cafu; Ailton e Euller (Juninho Paulista). Técnico: Telê Santana
Grêmio: Danrlei, Ayupe, Grotto, Luciano e Arilson; Pingo, Jamir, Wallace e Leônidas (Jacques); Luis Carlos (Carlinhos) e Fabinho. Técnico: Luiz Felipe Scolari.
