São Paulo é o resultado de um clube que se acostumou com pequenas vitórias | OPINIÃO

Foto: Staff Images / Conmebol

Quatro dias após a dolorosa eliminação contra o Palmeiras pelas quartas de final da Copa Libertadores, o São Paulo voltou a campo para enfrentar o Sport. A “batalha” valia a mesma coisa para os dois lados: um respiro na parte de baixo da tabela do Brasileirão.

A realidade é que foi uma batalha para ficar acordado. O São Paulo conseguiu o resultado, o que atualmente já é bom negócio no Campeonato Brasileiro, mas a atuação impressionou negativamente, é óbvio. Com time titularíssimo (não há mais motivo para poupar), o Tricolor abriu o placar cedo por conta da fragilidade do adversário e se resumiu a cozinhar os 85 minutos restantes da partida.

Vamos ao que interessa: Pablo fez o que devia ter feito contra o Palmeiras. A jogada do gol foi bem semelhante ao lance inacreditável perdido pelo camisa 9 no Allianz Parque. Que bom que Pablo voltou a marcar, mas não há como deixar passar o fato de que, quando requisitado em momentos importantes, o atacante simplesmente não corresponde ao valor investido. Culpa, a meu ver, da diretoria anterior que pagou um valor obsceno em um jogador de uma temporada.

Quanto às lesões, Benítez e Luciano voltaram a somar alguns minutos no time de Hernán Crespo. Por outro lado, o zagueiro Arboleda ficou de fora por conta de um desconforto na coxa direita. O técnico argentino foi duro ao falar das 33 lesões do São Paulo na temporada e afirmou que “o São Paulo precisa melhorar a nível de estrutura”.

Dito isso, comemorar um gol do camisa 9 e a volta de dois jogadores do departamento médico me parece pouco para um clube que se acostumou a comemorar títulos atrás de títulos. É pouco, mas em épocas de vacas magras, qualquer migalha é motivo de comemoração. Talvez por isso o clube se encontra na situação atual.

A partida que João Rojas e Daniel Alves fizeram ontem é algo assustador. Em maio, Julio Casares afirmou que faria tudo que estivesse dentro do orçamento do clube para que Rojas ficasse na equipe do Morumbi. A realidade é que, depois de assinar a renovação, Rojas simplesmente parou de jogar e ontem não diferente.

Já o jogador mais vitorioso do futebol, Daniel Alves não justifica o valor que recebe ou ao menos que deveria receber. O camisa 10 perdeu diversas situações ofensivas e foi um ponto fraco da defesa ao longo de toda a partida. Ao longo da partida, mesmo vencendo desde o começo, o São Paulo fez 23 cruzamentos, dois a mais que o time da casa, e errou 19 (Daniel Alves contribuiu e muito para o número alto de erros).

Se o jogador não oferece nada para o clube e a organização não tem dinheiro para honrar o contrato com o atleta, que cada um siga a sua vida. Melhor para o São Paulo e melhor para Daniel Alves. Não terá o seu principal objetivo atingido, que era se tornar um ídolo do São Paulo Futebol Clube. Não chegou nem perto disso e, caso saia, deixa mais críticos do que defensores.

Dito isso, o São Paulo parece merecer a sua realidade. É um time que venceu o Campeonato Paulista e saiu da fila de quase nove anos sem títulos? Com certeza. Precisava disso? Sem dúvida, mas um Paulistão é pouco para a história do São Paulo. Não vi sequer um torcedor defender que o time precisava passar pelo Palmeiras, mas deveria fazer frente ao adversário, certo?

Talvez não. Ao contrário do São Paulo, o Palmeiras não teve 33 lesões na temporada e tem um banco muito, mas muito superior ao do vizinho da Barra Funda. Então porque o confronto na final do Paulista foi tão equilibrado? Simples, o Tricolor estava no ápice do que podia entregar. Mesmo sem Daniel Alves e Benítez, o time estava totalmente encaixado e em sintonia.

O time foi longe na Libertadores? Acredito que sim e ainda caiu perante o atual campeão. A forma como isso aconteceu que impressionou. Para o Brasileirão, o elenco do Morumbi é acima da média, mas para momentos decisivos e complicados da temporada, todas as fragilidades são escancaradas. A falta de um atacante eficaz, um goleiro que atue em alto nível com regularidade e um meia que consiga se manter saudável ao longo da temporada.

Crespo merece e precisa ser cobrado sim pelo que time entrega porque acostumou mal o torcedor, mas não se esqueça que, se alguém é responsável pelo São Paulo ter saído da fila, esse alguém se chama Hernán Jorge Crespo.


*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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